6 - Mogli (Parte 1)

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Sim.

De fato existe um humano, um filhote de homem, na Selva.

Nem sempre ele esteve lá, mas assim como sua chegada foi inesperada, também se tornara mais tarde de suma importância.

Alguns poderiam dizer que, durante as últimas três décadas, havia uma barreira metafórica que marcava o 'antes' e o 'depois' de sua chegada.

Ele era pequeno. Frágil. Quase sem pelo nenhum, exceto em sua cabeça, onde se encontrava um ninho concentrado de fios ondulados escuros macios ao toque. Sue pele escura parecia refletir a luz do fogo que iluminava as noites selvagens ao ar livre. Olhos grandes e curiosos também eram escuros e quanto mais envelhecia, mais ficava nítido que estavam preenchidos com inteligência também.

Pelo menos é isto que sabem fora da matilha. Quando a história começou a ser contada. O que não contaram não lhes dizia respeito, era familiar e privado entre laços íntimos familiares.

Akeela não era mau. Mas Mogli não viu sua bondade até alguns anos mais tarde, quando o menino já conseguira correr sozinho, chamar por sua mãe e irmãos. Quando ele já tinha sua cota de remendos pelo corpo em sua infância, uma criança azarada, de fato. Assim como aprender a escalar, habilidade esta que seus irmãos mais velhos acharam estranho e atípico de se ter.

Os irmãos ainda se lembram de quando eram mais novos e ainda estavam aprendendo a explorar a Selva sozinhos. Antes da prova de caça, antes dos treinamentos com Baloo se intensificarem, antes de sua aceitação. Houve uma vez em especial em que os irmãos estavam vagando pela Selva, um momento em que seus pais permitiram sua exploração logo após o almoço, e Mogli, muito mais frágil naquela época, nada mais era do que um filhote estranho que os atrasava.

"Ele tem seus próprios instintos. Este deve ser um deles." Dissera sua irmã na época. Uma criança que em sua forma quadrúpede, tinha pelos brancos como os de sua mãe, mas ainda algumas mechas escuras que remetiam ao seu pai. Seu nome era Maya.

"Escalar lugares altos?" Um de seus irmãos, Sill, falou. Ele tinha pelos pretos, mas pontos brancos que lembravam a chuva. "Então seus instintos vieram errado."

"Por quê diz isso?" Perguntou Gray, o outro irmão, o lobo cinza. Seu pelo parecia prata banhada pela luz da lua.

"Não lembra das aulas do Senhor Bagheera? Se tem trepadeiras, está morta!" Apontou o jovem lobo. Ele estava certo sobre as palavras de seu instrutor, Gray se lembrava muito bem. Então, o que queria dizer...

"Oh, não! Mogli!" E como se esperasse apenas uma deixa, o corpo humano do menino despencou quando o galho em que ele estava se apoiando cedeu. "Mogli! Você está bem?"

Não era a primeira vez que seu irmão se machucava a ponto de quebrar um osso e talvez por causa disso ele tenha adquirido alguns truques. Se não para cair da maneira 'certa' ou então uma considerável resistência à dor.

Neste caso, poderiam ser os dois.

"Uhh... bem."

"Parece que ele vai desmaiar." Maya falou.

"Acho que ele vai vomitar." Gray falou com preocupação, já se transformando em sua forma humana para segurar o corpo menor de seu irmãozinho.

"Ele bateu a cabeça?" Perguntou Sill. Ambos os irmãos, tanto Maya quanto Sill, ainda em sua forma lupina.

Gray virou a cabeça de seu irmão com cuidado. Ele estava mole e resmungava, havia sido uma queda alta, do jeito que ele era frágil era um milagre que apenas um osso de sua perna tivesse quebrado (como os três lobos conseguiram ouvir o momento exato do ocorrido). Mas agora que Gray conseguira ver, havia sangue saindo de uma ferida na parte de trás de sua cabeça.

Pixie Hollow - Vidia e o Talento RaroOnde histórias criam vida. Descubra agora