Dezessete

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Estou deitada em minha cama, o teto do meu pequeno apartamento é a única coisa que consigo focar

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Estou deitada em minha cama, o teto do meu pequeno apartamento é a única coisa que consigo focar. O silêncio ao meu redor é quase ensurdecedor, contrastando violentamente com a cacofonia de emoções dentro de mim.

Depois daquela apresentação no La Lune, achei que tudo seria mais fácil. Eu seguiria em frente, ganharia meu dinheiro, pagaria a dívida de meu pai e nunca mais cruzaria o caminho de Christopher Wayne.

Mas a vida nunca é tão simples, não é?

Fecho os olhos e a imagem dele, sentado naquela mesa com um charuto, surge vívida em minha mente. O olhar fixo, azul como um mar tempestuoso, observando cada movimento meu no palco. Eu deveria ter percebido que ele estava ali para algo mais do que apenas apreciar uma dança.

Quando me aproximei da mesa, e ele segurou meu pulso, senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Mas não era apenas o toque dele. Era o conflito que emanava dele, a tensão quase palpável. Suas palavras ainda ressoam em minha mente, como uma música dissonante que se recusa a ser esquecida.

Ele estava irritado, posso ver isso agora. Mas não era apenas raiva; havia algo mais.

Desapontamento? Ciúme? Eu não sei ao certo, mas sua frustração era inegável. E ele não fez esforço algum para esconder.

— O que você está fazendo aqui, Robyn? — ele perguntou, a voz baixa e controlada, mas com uma borda afiada como uma lâmina. — Você merece mais do que isso.

Reviro-me na cama, tentando afastar a lembrança da intensidade de sua presença. Eu deveria ter sido mais dura com ele. Afinal, ele não tem direito de me julgar.

Não depois de tudo que aconteceu. Mas em vez disso, deixei que ele visse minha vulnerabilidade. E isso me irrita profundamente.

Levanto-me da cama e vou até a cozinha, pegando um copo de água. O apartamento é pequeno, mas é meu refúgio.

Cada canto, cada objeto tem uma história, uma lembrança de uma vida que parece tão distante agora. Mas mesmo aqui, no meu espaço seguro, não consigo afastar a sensação de que tudo está desmoronando.

As palavras de Christopher voltam a ecoar em minha mente.

"Você merece mais do que isso."

Quem ele pensa que é para decidir o que eu mereço? Ele não entende. Ele nunca entenderá o que é lutar todos os dias para sobreviver, para pagar pelos erros de outra pessoa.

Mas por que, então, suas palavras me afetam tanto? Por que não consigo simplesmente ignorá-lo e seguir em frente?

Olho para o relógio na parede. Já é tarde, mas sei que não conseguirei dormir. Volto para a sala e me sento no sofá, abraçando uma almofada.

Tento me concentrar em algo, qualquer coisa que não seja Christopher. Mas a verdade é que ele está em minha mente, enraizado como uma erva daninha que se recusa a ser arrancada.

FAMÍLIA WAYNE | FINALIZADA Onde histórias criam vida. Descubra agora