Trinta e Seis

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15 dias

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15 dias. 360 horas.

Podia parecer pouco para algumas pessoas, mas para mim, parecia uma eternidade torturante. Todos os minutos daquelas horas e daqueles dias eram aterrorizantes, porque a sensação de paranóia era tudo o que sentia.

Tudo o que imaginava era que a polícia bateria naquela porta a qualquer momento e eu passaria o resto da minha vida atrás das grades. Eu tinha medo até mesmo de me aproximar das janelas enormes daquele apartamento, como se pudesse ser vista.

Eu era uma confusão de sentimentos ambulante, porque uma parte minha era grata por estar naquele lugar, segura e longe de tudo, mas a outra parte se sentia sufocada por toda aquela construção e obras de arte elegantes e caríssimas.

Eu não me lembrava quantas vezes já havia desejado nunca ter feito parte daquele jogo, nunca ter me encontrado com Christopher ou tomado a dívida de meu pai para mim. Mas também havia perdido as contas de quantas vezes me peguei pensando em todas as conversas que compartilhamos naqueles dias, ou todas as vezes que desejei que ele me beijasse enquanto estava verificando meus hematomas ou estava próximo de mim e seus olhos azuis se encontravam com os meus, em meio ao silêncio que nos cercava quase sempre.

Cada vez que a ponta de seus dedos longos tocavam minha pele parecia que faíscas a incendiavam, com seu perfume amadeirado dominando meu olfato e sua proximidade nublando meus sentidos.

Acontece que meu lado racional me lembrava de que ele tinha um casamento marcado com outra mulher e que ele havia me levado para aquele apartamento apenas porque eu poderia complicar sua situação, se estivesse lá fora. Não tinha a ver com o que seja lá aconteceu entre nós.

Ainda sim, eu me pegava lembrando do som rouco e do arrepio que sua risada sempre provocava em mim, ou a forma como ele sempre diminuía seus olhos ao gargalhar e colocava a mão sobre seu peitoral e jogava a cabeça para trás.

Durante aqueles dias pude conhecer Christopher de uma forma que nunca imaginei. Era fascinante vê-lo longe daquela postura de Don da Família Wayne.

Mas, ao mesmo tempo, era perigoso.

Eu sabia que estava me envolvendo demais. Não podia deixar que isso acontecesse, afinal, Christopher Wayne não era apenas um homem qualquer. Ele era o Don de uma das maiores e mais poderosas famílias do crime, e, além disso, estava comprometido.

Então, por que eu ainda me permitia sentir algo? Por que, toda vez que ele entrava na sala, meu coração acelerava como se estivesse prestes a explodir?

Esses pensamentos rodavam na minha cabeça enquanto eu encarava a janela enorme do apartamento, observando as luzes de Toronto piscarem à distância. Lá fora, o mundo seguia seu curso, mas dentro de mim, tudo parecia uma bagunça.

Eu estava ali, em dívida, presa a uma situação da qual não sabia como sair.

Eu deveria odiá-lo, deveria querer distância. Mas a verdade era que, nos últimos dias, essa ideia parecia cada vez mais difícil. Cada conversa, cada olhar que trocávamos, cada vez que ele demonstrava cuidado... estava me envolvendo de uma maneira que eu não previa. E isso me assustava.

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