Cinquenta e Dois

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Quando acordei naquela manhã, o sol já começava a invadir o quarto pelas enormes janelas que davam para a vista do mar

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Quando acordei naquela manhã, o sol já começava a invadir o quarto pelas enormes janelas que davam para a vista do mar. O som das ondas quebrando na costa se misturava à respiração suave de Robyn, que ainda dormia em meus braços.

Geralmente, esse contato de pele com a pele, o perfume doce de seus cabelos e o calor de seu corpo me traziam uma sensação de paz. Mas naquela manhã, nada parecia capaz de dissipar a tensão que se aninhava em meu peito. O peso do que estava por vir — o acordo com Santi e a iminente necessidade de me entregar à justiça — me assombravam.

Olhei para Robyn enquanto ela dormia. Seus traços serenos, os cachos espalhados pelo travesseiro, e a forma como sua mão descansava sobre meu peito, como se estivesse buscando por mim até mesmo no sono. Cada detalhe dela amplificava minha angústia por saber que logo eu teria que deixá-la.

Queria que esse momento durasse para sempre. Queria ignorar o futuro e me perder nesses dias que passamos nessa ilha, longe de tudo. Longe das sombras de Toronto e da Cúpula. Mas a realidade sempre encontra seu caminho, invadindo até os momentos mais perfeitos.

Ali, com seu cheiro doce impregnando o ar e sua pele macia contra a minha, não consegui ignorar a ironia do destino. Até poucos meses atrás, eu jamais imaginaria abrir mão de ser presidente da Cúpula para proteger outra pessoa. Mas por Robyn, valia a pena.

Estava imerso em meus pensamentos quando o toque sutil do meu telefone quebrou o silêncio. Era Dean. Sabia o que ele queria: detalhar o plano para a minha entrega e discutir as medidas para proteger Robyn. Suspirei, sabendo que esse momento tranquilo estava prestes a terminar.

Com cuidado, deslizei o braço debaixo de Robyn, tentando não acordá-la, e me levantei da cama. Me afastei para atender a ligação, enquanto minha mente tentava encontrar uma saída para a inevitável despedida que se aproximava.

— Como vai, Dean? — murmurei ao atender, sabendo que aquela chamada estava para acabar com qualquer vestígio de paz que ainda restava.

Do outro lado da linha, Dean suspirou, sua voz mantendo a calma usual, mas com um tom subjacente de tensão.

Tudo foi resolvido. O acordo com Santi está em andamento. Ele manteve a palavra. — houve uma breve pausa, e eu podia ouvir o som de papéis sendo folheados. — Quando você voltar para Toronto, Santi visitará o Embrassy com o mandado de prisão. Tudo estará pronto. Só falta você, Don.

Passei a mão pelo rosto, sentindo o peso de cada palavra. As questões práticas já estavam resolvidas. A única coisa que restava era a despedida, e essa era a parte mais difícil.

Olhei para a cama, onde Robyn ainda dormia, completamente alheia ao que estava para acontecer.

— E a proteção dela? — perguntei, meu tom saindo mais áspero do que eu pretendia. Dean sabia exatamente a quem eu me referia.

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