Até que ponto...

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Em Eryn Lasgalen...

Na Sala de Cura, Morwen se recostava no banco não muito confortável ao lado do leito de seu pai Molostroi, ainda adormecido. Estava tudo bastante calmo no reino, pois o Rei Thranduil havia partido fazia um dia para o Monte Gundabad resgatar o Príncipe Legolas, e era claro que ela participaria dessa expedição. Primeiro porque sua função era ficar parada vigiando os corredores e estar disponível para atender às necessidades do Rei. E segundo porque ela não deixaria seu pai sozinho naquele estado, depois de tantos anos separados. Mesmo assim, estava fora de seu posto, e não havia ninguém para substituí-la, no momento, porém, Morwen não via motivo para trabalhar com o Rei ausente.

Morwen estava quase caindo no sono, quando ouviu uma tossida, e despertou de imediato. Era seu pai. Tossiu mais uma vez, e ela já se levantou pronta para pegar a jarra de água que estava numa mesa do outro lado da cama. Despejou delicadamente sobre seus lábios ressecados, e esperou ele acordar. E quando Molostroi, enfim, abriu os olhos, Morwen sentiu seu coração acelerar de emoção, o alívio voltando a acalentá-la:

- Ata! (Pai! na língua quenya) - Sussurrou, sentindo os olhos umedecerem. - Sou eu, sua filha! Morwen. Estou aqui com você.

- Wen? É você mesmo? - Murmurou Molostroi, abrindo os olhos devagar, a claridade o incomodando por um instante.

- Sou eu, sim! Está tudo bem, você voltou para a Floresta - encostou sua testa sobre a dele, agredecendo a Eru por ter trazido o seu pai de volta.

- Minha filha! Quanto tempo se passou?

- Setecentos e vinte mil e trezentos e noventa e um dias.

- Como o tempo voa. Sei que deve ter sido muito difícil para você viver sem mim por todos esses anos, mas eu sabia que você daria conta - Morwen abaixou a cabeça, sentindo-se envergonhada.

- Ata, eu juro que tentei, mas... não fui boa o bastante para orgulhar o seu nome. Não me tornei chefe da guarda, não faço mais rondas e, agora, não passo de uma simples guarda real que obedece cegamente às ordens do Rei.

 - Acredite, minha filha, eu sei. E não acho justo que o seu rebaixamento deva ficar impune!

- Como assim você sabe? - Franziu as sobrancelhas confusa. E Molostroi, então, pensou que aquele era o momento de lhe contar sobre o que aconteceu durante todos aqueles anos com ele.

- Morwen, preciso te contar uma coisa, e não pode contar para ninguém. Isto deve ser um segredo somente nosso!

- Nem mesmo ao Rei? Ele veio aqui interrogá-lo há quatro dias.

- Principalmente o Rei. E acredito que ficará feliz que não precisará mais obedecer às suas ordens por muito mais tempo - afirmou, lançando-lhe um sorriso malicioso.

- Sério? - Morwen sorriu com aquela ideia, pensando em todas as injustiças que a acometeram. Faria todos aqueles que a fizeram sofrer pagarem pelo que fizeram a ela. Um por um. - Pode confiar em mim, ata.

§§§

Quatro dias depois...

A viagem prosseguiu tranquilamente, tranquila até demais. Thranduil seguia na dianteira do grupo de forma elegante, porém com os ouvidos e os olhos sempre atentos a tudo que ocorria. Alguns batedores haviam sido enviados à frente, para vasculharem se havia algum perigo no caminho. A segurança, naquelas circunstâncias, era essencial.

Legolas não fez questão de alcançar o pai para terem uma conversa séria sobre o que aconteceu no Monte Gundabad, conhecia-o o suficiente para saber que aquele não era o momento. E também não trocou mais palavras com Pitya. Não havia muito sobre o que conversar, afinal eles se conheceram havia algumas horas, no mínimo, e o pouco que conversaram o fez ficar ainda mais apavorado sobre o que ele realmente era.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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As Asas do Poder - O Diamante da Morte - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora