O retorno de Mormeril

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Legolas sentiu seus olhos lacrimejarem e um misto de sentimentos fez seu coração acelerar. Ali estava ela. Rácine. A pessoa mais próxima de uma mãe que Legolas teve. Desde que se lembrava, fora ela quem o cuidara na medida do possível: ajudava-o com as lições, dizia-lhe palavras de conforto e incentivo e, às vezes, fazia coisas que normalmente mães ou pais fariam, como ajudá-lo a se vestir, acompanhá-lo nas refeições, dar-lhe banho e colocá-lo para dormir. E nos momentos mais difíceis da sua vida, ela esteve ao seu lado, ao contrário do pai.

Legolas, claramente, tinha muita consideração pela elfa, da mesma forma como ela lhe tinha apreço, porém quando ele cresceu e passou a rondar pela Floresta, não conseguiam se ver com tanta frequência, além disso Rácine participava de muitas reuniões e, de vez em quando, precisava resolver problemas relacionados à administração pessoalmente em outros reinos ligados ao comércio com o do Thranduil. E no dia em que Legolas visitou o seu pai com Gimli, o anão, após a Guerra do Um Anel, ele procurou pela Rácine, porém ela não estava lá, estava com Tauriel, sua filha, em Erebor auxiliando na reconstrução da Montanha e da Cidade de Vale. E, agora, finalmente, eles se viam pela primeira vez depois da destruição de Sauron.

Sabendo disso, Rácine não conteve um sorriso encantador:

- Legolas - chamou-o. - Até que enfim nos reencontramos!

- Tia Cici! - Legolas não se conteve e a abraçou. Rácine se assustou levemente com a aproximação abrupta e incomum entre os elfos, porém sorriu e o abraçou de volta.

- Uh! Vejo que aprendeu alguns costumes com os homens!

- A senhora não faz ideia! - Riu pelo comentário ainda abraçado a ela.

- Na verdade, eu faço, sim. Os anões também têm esse costume estranho de se abraçarem toda vez que se encontram. E seus abraços são ainda mais longos e apertados quando ficam muito tempo sem se ver, ou quando sofrem um ataque recente de orcs e descobrem que alguém próximo ainda está vivo!! O que é compreensível, é claro, mas ainda estranho.

- Sempre observadora, Rácine!

- E você continua sendo aquela mesma criança que encontrei perambulando pelo reino: astuta, mas bastante amorosa! E um pouquinho carente, confesso - Legolas riu e se afastou para encará-la.

- Tudo bem, já entendi que você não mudou nada, tia Cici! Vai fazer eu passar vergonha na frente dos meus amigos!

- Acredite, querido, não sou eu que faço você passar vergonha, você faz isso sozinho! - Respondeu ela, apontando-lhe o dedo indicador como quem quer ensinar uma lição, e se afastou seguindo em direção aos Senhores de Gondor, que já estavam reunidos com os pequenos príncipes.

Legolas bufou desacreditado ante ao seu último comentário, virou-se para eles e observou Rácine cumprimentá-los:

- Desculpem-me, Majestades! Fui levar as crianças para um passeio lá nos jardins e perdi a hora - pediu desculpas com um riso descontraído.

- Aceitei as suas desculpas quando não me fez descer todos os lances de escada outra vez - comentou Aragorn com um largo sorriso.

- Ah, eu não faria isso com o senhor! E peço perdão, senhora, caso eu a tenha deixado preocupada com as crianças - mordeu o lábio inferior nervosamente ela.

- Não se preocupe, não deixou. Afinal, eu sabia que elas estavam em boas mãos! - Respondeu Arwen com um brilho nos olhos.

Legolas, então, aproximou-se cautelosamente e se juntou ao grupo. Nesse momento, Eldarion se agarrou nas pernas de Aragorn, escondendo o rosto de vergonha. Mas Haleth, contrariamente, com suas bochechas grandes e rosadas e perninhas rechonchudas e curtinhas, soltou-se de Arwen e caminhou feito um patinho na sua direção e esticou os bracinhos, pedindo-lhe colo. Legolas olhou para a bebê e não soube o que fazer, olhou de volta para a Rácine e viu que ela estava segurando uma risada de forma nada discreta. Vendo-se numa situação constrangedora, pegou a menininha no colo por baixo dos braços e a deitou contra seu peito, balançando um pouquinho. O quadro era hilário, pois Legolas não tinha o menor jeito com crianças, e logo Rácine não conseguiu segurar o riso:

As Asas do Poder - O Diamante da Morte - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora