As Arin-Ninqui

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Antes de se retirar, Mormeril trocou um último olhar com Legolas, um olhar brincalhão e maquiavélico, e Legolas pensou se tinha sido uma boa ideia ter pedido para se encontrar com a Arcanja. Pelo menos, salvou o seu pescoço por mais um tempo, mas provavelmente não o suficiente para pensar num plano de fuga, não num muito bom. E, enfim, Mormeril se afastou com Arghob, deixando-o mais uma vez sozinho.

E enquanto se afastava da cela, Mormeril ordenou ao Arghob em tom baixo:

- Prepare ela. Legolas terá uma surpresinha - finalizou risonha.

- Eu ainda acho essa uma péssima ideia - respondeu ele contrariado.

- Não pedi sua opinião, e não negue uma ordem minha perto de um prisioneiro novamente.

- E você vai simplesmente deixar os dois sozinhos lá embaixo com a outra Arin-Ninquë?

- É claro que não. Vou ficar de olho neles, estou curiosa para saber o que Pitya tem a dizer para Legolas. Só tem uma coisa que me deixa confusa - franziu o cenho pensativa.

- E o que é?

- Como a Pitya pode ter enviado uma mensagem para Legolas, considerando que ela está fora de si, há mais de um século? Ela é inútil sem mim, e a outra é completamente imprestável sem o poder de Pitya sobre ela.

- Acha que a marca de Legolas tem alguma coisa haver com isso?

- Não, não a marca da proteção. Ela ainda está adormecida, o que facilita tudo para mim - suspirou convicta. - Não..., isso é uma coisa maior do que Legolas. Maior do que o poder das marcas. Alguma coisa está interferindo nos meus planos, só não sei dizer o que.

- Ou quem - supôs Arghob.

- Sim - validou Mormeril. - Não tenho tempo para pensar nisso agora, preciso me preparar para o ritual.

§§§

Thranduil estava em seu gabinete, analisando os mapas da região do Monte Gundabad, espalhados pela mesa. O plano de avanço era simples, partiriam a cavalo um contingente de quinhentos soldados, montariam acampamento há algumas milhas de Gundabad, perto do afluente do Rio Anduin. Avançariam em dois flancos, cercando a montanha e esperariam qualquer sinal de Legolas para atacar ou ir ao seu resgate. Partiriam no dia seguinte.

Estava tudo acertado, porém Thranduil não conseguia entender: por que deveriam deixar Legolas por conta própria? Havia alguma coisa que Gandalf e Elrond sabiam, mas que omitiam. Faltava alguma coisa naquela história toda, mas o quê?

De repente, uma batida na porta o distraiu de seus questionamentos:

- Entre - permitiu Thranduil. E a imagem de Taenaran apareceu, pedindo licença. - Diga-me, Taenaran, a que devo por sua interrupção?

- Um velho amigo não pode visitar o senhor pela simples vontade de visitá-lo? - Perguntou de volta o elfo de cabelos prateados e olhos cinzentos. Thranduil soltou um suspiro cansado, não estava com cabeça para os trocadilhos de Taenaran. - Parece estar exausto, meu senhor. Devo voltar numa outra hora?

- Talvez, mas sei que não vai fazer isso.

- Tem razão, não pretendo, mas se ordenar que eu saia, não terei como negar - Taenaran se aproximou e viu do que se tratava os papéis sobre a mesa. - Diga-me você, Thranduil, o que o preocupa tanto?

- Não sou obrigado a responder suas perguntas.

- De fato, mas não acho que a obrigação o faria me responder, caso houvesse uma. Mas, sim, porque compadecemos de preocupações semelhantes, julgo eu - Thranduil abaixou a cabeça contrariado. - Legolas..., Mormeril..., a marca da proteção..., a estratégia de ataque apoiada na reunião de ontem? - E, então, Thranduil levantou o olhar, e Taenaran descobriu o que atormentava o seu rei.

As Asas do Poder - O Diamante da Morte - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora