- Não se agarrem a algo tão insignificante como a esperança, ela não os levará a nada, a menos que queiram ficar cegos para a cruel e terrível realidade!
- Quer saber de uma coisa, Mormeril? - Pronunciou, de repente, Legolas. - Você fala demais.
Legolas sentia seu coração disparar, poderia ser temor pelo que iria acontecer, mas também poderia ser raiva, raiva por ter se submetido àquilo, por quase morrer tentando salvar as meninas. Mormeril tinha razão, ele mal as conhecia. No entanto, ele não estava ali só porque a imagem de seu pai o enviou para lá, não mais. Agora, Legolas sentia um novo propósito para estar ali: proteger Pitya e Yára de qualquer mal, principalmente, Pitya talvez.
Uma força incondicional de remexeu dentro de si, e foi quando aconteceu.
As tochas acesas tremeluziram, e fogo se alastrou ao redor de Mormeril, cobrindo seu corpo fumacento com as brasas fumegantes. Todos ouviram, então, ela gritar aflita, contorcendo-se de dor. O corpo de Mormeril foi endurecendo, parecendo virar carvão preto. Até que, simplesmente, ela se desmanchou, virando pó e fazendo um montinho no chão de cinzas.
Por alguns instantes, Legolas ficou tão chocado, que não se mexeu. Ficou se perguntando se fora ele mesmo que havia feito aquilo, porque, de fato, ele sentiu uma vontade tremenda de mandar a Mormeril embora. Virou-se para Pitya, e ela encarava a situação com os olhos levemente arregalados, as sobrancelhas arqueadas e os lábios entreabertos. Não parecia estar assustada:
- Você me surpreendeu! Não achei que fosse conseguir - respondeu ela, olhando de volta para o outro lado do corredor. Os orcs ainda estavam ali, porém extremamente confusos se atacavam ou se fugiam. - Ah, que falta de sorte. Você achou aquilo impressionante? - Perguntou para Legolas, olhando por cima do ombro. - É porque não viu nada ainda do que é capaz.
Então, ela se voltou para os orcs, focando seu olhar para cada um deles. Sua mente vagueava pelos seus organismos, procurando o ponto exato para paralisá-los. Seus olhos, assim, deixaram a cor castanha natural e assumiram o dourado reluzente da marca de poder, e os orcs logo reconheceram aquele olhar. Apavorados, tentaram fugir, porém já era tarde demais. Pitya os paralisou e todos caíram uns em cima dos outros.
Agora, Legolas estava ainda mais apavorado. Aquela não parecia ser a mesma garota assustada e trêmula que viu naquela prisão escura, parecia ser uma pessoa assustadoramente valente e terrivelmente poderosa. Não sabia bem o porquê, mas, embora estivesse satisfeito por saber que, mesmo sem armas, ela poderia se defender sozinha, não gostou muito daquela encenação, temeu que ela estivesse se arriscando demais, seja lá o que ela tivesse feito com os orcs.
Pensado e feito: não demorou muito, e Legolas viu o corpo de Pitya pender para o lado, porém a pegou bem a tempo de não deixá-la cair no chão, segurando-a com os dois braços bem firmes:
- Você está bem!?
- Só um pouco tonta - respondeu Pitya, vendo o rosto de Legolas triplicar. Fechou os olhos com força, concentrando-se para não desmaiar, o que acontecia com frequência.
- Fala comigo, Pitya - tentou Legolas, esperando que ela reagisse à sua fala, enquanto o coração de Legolas batia acelerado. - Arcanja!
Pitya, porém, não conseguia responder, pois estava sentindo algo nublar sua mente, tudo ficou mais lento e seus sentidos não correspondiam mais. Era a sua marca agindo, ela sabia, a marca do desvio.
§§§
"Estavam cercados, num largo campo desmatado, em meio à poeira, as nuvens escuras cobrindo o Sol, porém uma pequena fresta iluminava o local. De um lado um exército prateado, brilhando à luz do amanhecer, e do outro um exército negro, coberto pelas trevas:
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As Asas do Poder - O Diamante da Morte - Vol. 2
FanfictionCONTINUAÇÃO DE "AS ASAS DO PODER - INFÂNCIA PERDIDA - VOL. 1" Os hobbits do Condado Frodo e Sam conseguem chegar à Montanha da Perdição e lá destroem o Um Anel, pondo fim ao reinado de Sauron, o Senhor do Escuro. E Aragorn, herdeiro do trono de Gond...