Capitulo 6 : O peso da decisão ⚖

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⚔    Eleanor Sinclair   ⚔


Na manhã seguinte, fui despertada abruptamente pelos gritos de Cecília, que ecoavam pelo corredor até o meu quarto. Meus olhos mal haviam se ajustado à luz do dia quando ela irrompeu pela porta, arrastando-me para fora da cama.

— Eleanor, finalmente! – ela exclamou, a impaciência clara em sua voz. — Meus pés estão doendo horrivelmente! Você vai ter que fazer uma massagem neles agora!

Eu mal tive tempo de reagir antes que ela me puxasse para o quarto dela. Lá, vi Charlotte sentada confortavelmente em uma cadeira, uma expressão de desdém em seu rosto.

Cecília se jogou na cama, estendendo os pés para mim.

— Vamos, Eleanor, rápido! – ordenou ela, e eu me ajoelhei, começando a massagear seus pés doloridos.

Enquanto eu trabalhava, Charlotte começou a falar, sua voz carregada de fofoca e ressentimento.

— Você quer saber sobre a festa de Richard ontem a noite? – Disse Charlotte, virando-se para Cecília. – Havia uma garota lá, muito bonita, num vestido azul claro deslumbrante. E você não vai acreditar: ela até dançou com Richard.

Meu coração pulou um batimento ao ouvir isso. Lembrei-me da noite anterior, de como dancei com Richard, antes de tudo desmoronar.

— Quem ela pensa que é? – continuou Charlotte, a voz carregada de veneno. — Se eu a encontrar novamente, vou garantir que ela nunca mais se aproxime de Richard. 

Cecília riu, um som cruel que me fez estremecer.

— Não se preocupe filha. Se essa garota ousar aparecer novamente, espantaremos ela de uma vez por todas.

Eu continuei a massagear os pés de Cecília, tentando manter meu rosto neutro apesar da tempestade de emoções que se formava dentro de mim. A última coisa que eu precisava era chamar a atenção delas para mim nesse momento.

Depois de um tempo, Cecília finalmente se cansou da massagem e me dispensou com um gesto desdenhoso. 

Saí do quarto de Cecília com um alívio que mal pude esconder. As palavras de Charlotte ainda ecoavam na minha mente, misturadas com lembranças confusas da noite anterior. Assim que fechei a porta atrás de mim, meu telefone tocou, arrancando-me dos meus pensamentos.

— Alô? – atendi, tentando controlar a ansiedade em minha voz.

— Eleanor, sou eu, Beatrice. Preciso falar com você. Pode vir até minha casa agora? É urgente.

— Claro, estou a caminho.

O percurso até a casa de Beatrice foi uma névoa de pensamentos confusos e preocupações. Quando cheguei, fui recebida por uma empregada que me conduziu diretamente à sala de estar. Lá estava Beatrice, sentada com uma expressão séria no rosto. Ao seu lado, para minha surpresa, estava Richard.

— Eleanor, por favor, sente-se – disse Beatrice, apontando para uma poltrona em frente a eles.

Sentei-me, sentindo meu coração bater descompassado. Richard parecia tenso, mas seus olhos fixaram-se nos meus com uma intensidade que me fez corar.

— Eleanor, eu preciso ser direto com você – começou Richard, sua voz firme, mas com uma ponta de vulnerabilidade. — Há assuntos urgentes que preciso resolver no meu clã de vampiros. Para garantir a segurança da minha posição e evitar conflitos, preciso me casar até o próximo mês.

Fiquei sem palavras, meu olhar alternando entre Richard e Beatrice. Beatrice inclinou-se para frente, a mão dela pousando suavemente sobre a minha.

— Eleanor, sabemos que isso é repentino, mas a situação é mais grave do que parece. Richard precisa de uma noiva para manter a paz e controlar os problemas do submundo. E ele quer que você seja essa noiva.

Meu coração parecia uma batida descompassada de tambores em meu peito. Beatrice continuou, tentando me convencer.

— Sei que é uma grande decisão, mas pense nas vantagens. Você estará segura, protegida, e poderá ajudá-lo a resolver esses problemas. Além disso, Richard confia em você e acredita que é a única que pode ajudá-lo nesse momento.

Richard inclinou-se, sua voz baixando para um tom mais suave.

— Eleanor, sei que é muito para pedir. Mas, por favor, considere. É apenas até resolvermos esses assuntos. Depois disso, se desejar, pode seguir sua vida como antes.

Fiquei em silêncio, absorvendo todas as informações. Minha mente estava um turbilhão, e meu coração, uma confusão de emoções conflitantes. Aceitar significaria entrar em um mundo perigoso e desconhecido, mas também significaria ajudar Richard e fugir das garras de minha madrasta Cecília.

Finalmente, olhei para Richard e Beatrice, tomando uma decisão.

— Preciso de um tempo para pensar – disse, a voz firme. – Mas prometo que darei uma resposta em breve.

Ambos assentiram, compreendendo a gravidade da minha decisão. Levantei-me, sentindo o peso da responsabilidade nas minhas costas, e saí da casa de Beatrice, sabendo que, qualquer que fosse minha escolha, meu destino estava prestes a mudar para sempre.

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