Festa

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Nota: Caros leitores, peço desculpas pelo que leram neste capítulo. Assim como vocês, sou apenas uma espectadora; a história é conduzida pelos personagens. Eu apenas atendo aos seus desejos. Por favor, caso não tenham gostado, não me critiquem.


Todos os dias sentia-me uma completa inútil, não conseguia sair daquele local esmo e sem vida, mesmo o porão sendo minimamente mobiliado e tivesse a companhia de Sergey. Os dias passavam de maneira vagarosa, os segundos se arrastavam quase parando, prender a respiração naquele lugar por dez segundo se tornava uma eternidade. Nada na vida me preparou para passar por aquela noite, mesmo que você diga que viu vários filmes de terro ou vários documentários sobre assassinatos, nada vai preparara você para algo concreto.

Estava naquele maldito lugar há quase três meses, quando em uma noite como todas as outras, Leonid apareceu mais cedo do que o habitual. Não eram nem 18h quando ele entrou pela porta de aço carregando um enorme saco de roupas sociais. Sergey vinha logo atrás, segurando algumas caixas. Leonid colocou a sacola sobre a cama, e eu estava em pé ao lado dela, apenas observando tudo. Lancei um olhar rápido para a porta aberta e para a escada livre; pelo menos não parecia haver ninguém por perto. Meus olhos demoraram muito tempo olhando aquela possível rota de fuga, perdida em pensamentos sobre como poderia escapar. Senti então sua mão sobre meu queixo, virando meu rosto de forma firme e rápida.

- Gostou? - ele perguntou, olhando para mim aguardando uma resposta.

- Qual é a ocasião? - Observando o vestido verde com detalhes em brilho sobre a cama. - É lindo, mas para qual ocasião é?

- Temos uma festa para ir - disse ele, ainda segurando meu queixo enquanto me beijava. Odiava amar aqueles beijos, seu perfume impregnava até minha alma. - Quero que fique magnífica, porque já é linda por si só.

Segurei-o pelo braço e o puxei de volta para mim. Precisava jogar o mesmo jogo que ele.

- Diga-me, se você me ama tanto, por que não posso me arrumar lá em cima?

- Porque você não me ama nem me obedece!

- Como assim?

Ele elevou a mão até meu rosto, acariciando por alguns segundos antes de beijar meu pescoço e então apertá-lo, olhando profundamente em meus olhos. Senti um lado do meu rosto queimar após o estalo de sua mão contra minha pele.

- Cale essa boca, não quero machucar você hoje. Precisa estar perfeita!

Abaixei a cabeça engolindo seco, queria poder tirar a vida daquele filho da puta, não o olhei mais, ele saiu, sentei ao lado do vestido e das caixas, abri cada uma para averiguar seu conteúdo. A maior delas continha um par de saltos altos YSL, enquanto as menores eram joias da Tiffany. Ele realmente era o sonho de toda mulher, se não fosse pelo fato de ser um narcisista egocêntrico, fadado a ser um psicopata pelo resto da vida. Enquanto eu ainda olhava para as caixas, ouvi a porta se abrir novamente e vi entrar uma menina franzina, de cabeça baixa e cabelos loiros e longos, que se aproximou sem dizer uma palavra.

- Quem é você? - Perguntei, mas ela continuou calada.

- Você trabalha para eles? Ou também foi raptada? Me diz pelo menos seu nome? - Insisti, percebendo que ela mal respirava.

- Agora entendi o que ele quis dizer com "eu ainda olho nos olhos dele"! Você tem um nome? - Tentei novamente, mas a garota parecia ter os lábios selados, sem emitir uma só sílaba. Levei um susto ao ouvir a voz rouca de um homem parado na porta, olhando fixamente para mim.

- Desista, ela não vai falar! Essa daí já foi domada há muito tempo. Agora cale a boca e não demorem para se arrumarem. Volto para pegar vocês em duas horas!

Amor e DorOnde histórias criam vida. Descubra agora