Jantar

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Ao entrar na sala de jantar iluminada e adornada com decorações natalinas, cada detalhe parecia cuidadosamente selecionado. Talheres, taças, pratos e até os guardanapos seguem o tema vermelho e verde, compondo um ambiente que, à primeira vista, transbordava alegria. Mas para mim, aquele lugar era o próprio inferno disfarçado de festa. Meu olhar varreu a mesa cheia de rostos sorridentes, pessoas envolvidas em conversas íntimas e descontraídas, como se nada além de um espírito festivo habitasse aquele espaço. Por dentro, minha alma gritava por liberdade; cada fibra do meu ser ansiava ver Dennis mais uma vez, e minha mente era inundada pelos pensamentos incontroláveis ​​de Matthew. A sensação de desespero e solidão pesava tanto que nem percebi a presença de Leonid.

— Vai passar a noite inteira em pé? — Sua voz interrompeu meu desânimo enquanto ele segurava minha mão e a beijava com isso, mantendo o olhar firme no meu. — Venha querida vou te apresentar a minha família!

Ele segurou firme o meu pulso e andamos em direção a uma senhora elegantemente vestida, dedos adornados por anéis cintilantes e um colar de pérolas chamavam a atenção. Seu cabelo loiro, quase platinado, lembrava o de Leonid. Ele se inclinou, beijou o rosto da mulher com carinho e murmurou algo em russo antes de se voltar para mim.

— Querida, esta é minha tia Petra, irmã da minha mãe — Ele emoldurou seu rosto com um sorriso que contrastava com a tensão que se enroscava em meu peito...

A senhora me lançou um olhar de indiferença, arqueando uma sobrancelha e esboçando um sorriso duvidoso antes de falar:

— Olá, querida, como você está? — suavizou a voz com um tom quase solicitado.

— Olá, senhora, estou bem. Obrigado por perguntar! — Respondi, mantendo o contato visual por alguns segundos antes de desviar o olhar.

— Magnífico, ela fala inglês. Que descoberta surpreendente! — Ela soltou uma risada curta e voltou a focar na taça em sua mão.

Leonid murmurou algo ao ouvido dela, e o sorriso dela se desfez, dando lugar a um semblante assustado.

— Vamos, meu amor, há pessoas mais educadas para você conhecer... — disse ele, guiando-me para longe.

 E assim conheci todos os homens e mulheres sentados à mesa, como se fôssemos um casal de longa data e aquilo fosse minha primeira festa em família, um evento especial. Cada nome citado a mim, cada sorriso imposto e cada aperto de mão repugnante aumentavam minha náusea. Sentia os olhares provocativos e o ar pesado entre os convidados, como uma sombra que me cercava e apertava.

Por último Leonid me levou até o senhor na cabeceira da grande mesa — o mesmo senhor que estava naquela maldita festa. Bem vestido com um terno cinza e um charuto em uma das mãos enquanto conversava animadamente com um de seus irmãos. À medida que nos aproximávamos, Leonid hesitou por um breve instante antes de prosseguimos, ele apertou meu pulso com força quando finalmente paramos diante do homem de olhar penetrante.

— Pai! Essa é minha futura noiva! — sua voz falhou.

O homem, a quem Leonid chamou de pai, saiu da cadeira e fixou os olhos em mim antes de estender as mãos. Meu coração batia descompassado, e todos os meus nervos se retesaram sob o peso da aura opressiva que ele emanava. Leonid permitiu que ele segurasse minha mão, e o homem me encarou intensamente por dez longos segundos sem dizer uma palavra. Quando finalmente ele se pronunciou, meus olhos já estavam pesados ​​pela tensão.

— Querida, você é belíssima, um verdadeiro achado, uma raridade que a torna única. Quero que se sinta bem-vinda à família e que, a partir deste momento, me veja como seu pai, pois já a considero como uma filha — ele apertou minha mão com firmeza. — Mas lembre-se: os pais também punem os filhos quando necessário. Portanto, minha pequena flor, não se desvie do caminho e comporte-se como a esposa do meu primogênito. Ele herdará tudo, incluindo os negócios da família. Sei que este não é o lugar onde gostaria de estar, mas não há nada que possa fazer quanto a isso. Então, por favor, ame meu filho como ele a ama, pois ele renunciou aos próprios desejos por você.

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