Temor

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Caros leitores, neste capítulo há alguns gatilhos que podem ser mais intensos do que vocês estão acostumados. Como sempre, leiam com cautela.

Seus olhos castanhos sérios focaram-se nos meus, com a mão sobre a minha boca, fazia o sinal de silêncio com a outra, o calafrio que percorreu minha espinha era aterrorizante, não sabia o que ele faria, com o peito sendo esmagado pelo medo, tentava respirar. Sua voz quase como um sussurro focou em meu ser.

— Sei que você lembrou de mim. Irei tirar a mão da sua boca, mas não grite! — Demetro retirou a mão de modo lento, ainda bem próximo ao meu rosto puxou uma cadeira e sentou diante de mim — Você não pode contar para o Matthew. Esqueça aquilo, não tem nada a ver com o que planejamos...

—Você é amiguinho dele! — o nervosismo que cortava minha voz era intenso — Foda-se não quero que fique com o Dennis — Olhei ao redor, procurando uma saída — Onde está o senhor Harris?

— Foi até a cidade. Deve estar pra voltar; não entende que contar só vai deixá-lo triste!

— Por qual motivo você faz aquilo? Como consegue dormir a noite? — tentava ao máximo controlar a respiração, que ficava cada vez mais ofegante.

— Achou ruim? Pelo que bem me lembro, você gostou muito mais do que o Max! — com um tom provocativo, olhava-me da cabeça aos pés.

— Quem é Max?

 — O rapaz de olhos claros. Vai mesmo contar ao seu bondoso e gentil Matthew o que estava acontecendo? Vai dizer a ele como era tratada naquele porão? — Demetro relaxou a postura na cadeira e colocou o pé sobre minha perna, desdenhando da situação.

— Acha que tenho medo de você?!

— Sei que não tem, — respondeu calmamente — mas você não gosta do velho? Quer mesmo o ver sofrer, eu não farei mal algum para o Dennis, ele ficará seguro comigo... precisa parar de tentar encontrar algum problema em mim.

 — Por que quer tanto ficar com o Dennis, seu pervertido nojento? Ele não vai com você! Você estuprou aquele rapaz! Agora, mais do que nunca, eu não vou deixar! — tentei me levantar da cadeira, mas Demetro me empurrou de volta com o pé, forçando-me a permanecer no lugar.

— Você tá louca? Estava chapada naquele dia, eu não fiz nada com ninguém, tudo o que fizemos naquele quarto foi consensual!

— Consensual? Pra quem? Pra vocês? Eu fui estuprada assim como nas outras noites! Seu filho da puta imundo! — deixei toda a raiva fluir nas últimas palavras, sem me conter.

— Gemia, por que então? Por favor, não entendo nem por qual razão fugiu; ele a tratava melhor do que todas as outras, você não sabe o que aquelas garotas passaram antes de serem mortas, acha que sofreu? Eu o vi foder com uma enquanto pingava ácido nela, tem noção da dor que ela passou? Você não sofreu nada! Ele mobiliou a porra daquele porão pra você, as outras tinham apenas um colchão, viviam nuas. Mesmo assim você fugiu, porque sofria muito... — sua postura arrogante me incomodava, o som da ironia em sua voz me dava náuseas.

— Sabe o que me choca, é você saber de tudo isso e nunca ter denunciado ele, ser da porra da marinha e foder junto com ele, garotas que eram obrigadas a fazer isso! Você é do mesmo tipo de pária imunda e desumana que ele... seu verme, MALDITO! Tira a porra desse pé de cima de mim... — gritei, deixando o ódio transbordar.

Levantei outra vez, ele também se levantou no mesmo instante. Sua aura sombria resplandeceu em seu rosto, o olhar carregado de fúria. Tentei me afastar, mas Demetro segurou minhas bochechas com força, trazendo seu rosto tão perto do meu que quase senti o toque de seus lábios. Sua respiração pesada, infecções de raiva, fez meu coração estremecer.

Amor e DorOnde histórias criam vida. Descubra agora