Ninjago AU - Eu (Não) Posso Ouvir Você (Greenflame)

⚘ CAPÍTULO XII - Hostil ⚘

 O céu ainda não estava escuro, mas não havia lua ou estrelas no céu. Um dia que começara com um belo nascer do sol e teve uma tarde limpa de nuvens terminou com nuvens chuvosas cobrindo qualquer sinal da existência de um céu. De longe, podia-se sentir o cheiro de terra molhada.

Um carro parou na frente da casa dos Smith, um Mercedes conversível verde floresta com faróis brilhantes. Nya desceu do banco do carona, seu cabelo voando com a brisa outonal. Ela deu um sorriso e um aceno de cabeça para Lloyd, que acenou para ela enquanto ela andava pelo quintal da frente de casa, logo em seguida indo embora, mas não antes de perceber Kai sentado na porta de entrada com os dedos entrelaçados e a cabeça baixa.

Nya parou na frente do irmão, que não levantou a cabeça. Seu pé estava chacoalhando freneticamente enquanto esfregava seus dedos e mãos.

— Merda, merda, merda, merda, merda... — Ele sussurrava, passando a mãos por seus cabelos espetados, os bagunçando mais uma vez.

— É, que merda — Nya brigou, fazendo o irmão levantar a cabeça, levemente surpreso.

Os olhos dele foram para a rua, buscando alguma coisa.

— O Lloyd me trouxe, cuzão.

— Ei!

— É! Cuzão! Isso que você é! Você sabe que eu não posso ficar na rua sozinha quando escurece, muito menos na cidade! — gritou, apertando a alça de sua mochila com tanta força que os nós de sua mão embranqueceram. Ela respirou fundo. — Mas eu não vou contar pra mamãe e o papai, porque você nunca fez isso e não acho que me largaria lá de propósito. O que aconteceu?

O rosto de Kai se contorceu em uma carranca raivosa.

— Nada — disse ele, entredentes, se levantando. Ele tirou do bolso a chave de casa,

— Ah, aconteceu sim — Nya assentiu com a cabeça, cruzando os braços e inclinando o quadril. — O que aconteceu?

— Nya, isso não é da sua conta — esbravejou, tão distraído com o que acontecera no karaokê que mal conseguia colocar a chave na tranca. Ele ainda conseguia ouvir os sons dos saltos de Skylor se dissipando.

Ela te odeia. Todo mundo te odeia.

— Merda de chave — ele resmungou.

— É você que tá estressado — Nya revirou os olhos.

— Cala a boca...

— Não, não calo, não. Alguma coisa aconteceu, mas você não quer contar nem pra mim, porque você tem tanto medo de expressar qualquer coisa que não seja zombar da minha cara que prefere ficar fazendo cara feia é quase quebrando a droga da chave de casa porque tá...

Finalmente, a chave entrou.

— CALA A BOCA! — ele gritou, a voz ainda rouca, virando-se para ela. Nya pulou no lugar, encolhendo os ombros e franzindo o cenho. — Cacete, como você é intrometida, que saco! O que aconteceu não é da sua conta, mas você é tão fissurada em saber da vida dos outros porque a sua é um porre e tal obcecada em ser mais esperta só porque pulou dois anos do fundamental que me irrita, me coloca no limite e acha ruim quando eu fico bravo! Você não entende de tudo! Para de achar que vai compreender o que eu to passando! Você não entende, então não tenta entender, mas parece impossível pra você, porque você é uma intrometida desocupada tão sem amigos quanto eu!

Assim que terminou de falar, ele percebeu os olhos âmbar dela marejados, brilhando sobre a luz da entrada de casa. Imediatamente, foi coberto pela culpa, murchando os ombros. Suas mãos começaram a tremer.