Sisters / Winrina

25. Além da Confusão

Minjeong estava sentada no fundo da sala, o caderno aberto à sua frente como um cenário imóvel. As palavras e fórmulas que havia rabiscado mais cedo pareciam borrões desconexos agora, completamente irrelevantes diante do turbilhão de pensamentos que consumia sua mente. Ela suspirou, apertando a caneta entre os dedos como se o gesto pudesse trazer algum tipo de clareza, mas tudo o que conseguiu foi sentir o incômodo do plástico frio contra a pele.

O som das cadeiras sendo arrastadas pelo chão ecoou pela sala, trazendo-a de volta à realidade com um leve sobressalto. A aula havia terminado, e os colegas de classe já se espalhavam, uns apressados em sair, outros rindo e trocando planos para o resto do dia. Ela piscou, confusa, tentando lembrar-se de como o tempo havia passado tão rápido.

— Minjeong, você vem? — A voz de Ningning cortou seus devaneios, suave, mas firme o suficiente para puxá-la de volta. A amiga inclinou-se sobre a mesa e tocou seu ombro, sacudindo-o de leve, com um olhar preocupado.

Minjeong ergueu os olhos, piscando algumas vezes como quem desperta de um sonho.

 — Oi? — murmurou, sem ter certeza se ouvira corretamente.

A chinesa manteve o toque por mais um segundo antes de se afastar, observando enquanto Minjeong, agora visivelmente atrapalhada, começava a recolher seus materiais às pressas.

Os movimentos dela eram rápidos e desajeitados, como se o peso invisível que sentia no peito estivesse se transformando em um nó apertado. Tentava ignorar aquilo, mas a sensação permanecia, densa e incômoda, como uma nuvem escura pairando sobre si.

— Eu falei para a gente ir lá em casa hoje. O que você acha? Yizhuo e Chaery já aceitaram. — Yuna disse com seu sorriso característico, aquele que parecia carregar um entusiasmo contagiante, enquanto ajeitava o estojo com cuidado quase exagerado.

Minjeong, que até então estava distraída tentando fechar o zíper da mochila, congelou por um breve momento. A proposta parecia agradável, um almoço tranquilo entre amigas, risadas fáceis, a leveza que há dias ela não sentia. Mas, por algum motivo, a ideia de estar cercada por outras pessoas fazia um desconforto silencioso crescer em seu peito.

— Ah... Eu tenho uns compromissos hoje. Talvez depois eu apareça. — murmurou, levantando os olhos para Yuna e forçando um sorriso que não chegou a iluminar seu rosto como deveria.

O entusiasmo de Yuna murchou por um instante, mas não desapareceu completamente.

— Tem certeza? Vai ser divertido. — insistiu Chaeryeong, que agora se aproximava, os lábios ligeiramente curvados em uma expressão de preocupação. Era sutil, mas o suficiente para mostrar que ela notara algo diferente.

Minjeong desviou o olhar, sentindo a pressão crescer.

— Sim, podem ir. Eu encontro vocês mais tarde, se der. — mentiu, ajustando a alça da mochila em seu ombro com movimentos rápidos e precisos, como se aquilo fosse uma tarefa urgente.

Yuna deu de ombros, aceitando a resposta sem contestar.

— Tá bom, mas você está perdendo uma tarde extremamente divertida. — Ela piscou, tentando aliviar o clima, antes de voltar a organizar suas coisas.

Já Ningning e Chaeryeong trocaram um olhar breve, mas cheio de significados, aquele tipo de comunicação silenciosa que apenas amigas íntimas conseguem ter. Ningning, sempre mais sensível, se aproximou com cuidado e deu um tapinha leve no braço de Minjeong, como se dissesse sem palavras que estava ali para o que precisasse.

— Tudo bem, mas se mudar de ideia, sabe onde nos encontrar. — falou com um sorriso pequeno, mas genuíno, antes de se afastar com Chaeryeong.

Minjeong assistiu as três saírem da sala juntas, as vozes animadas delas desaparecendo no corredor. Quando ficou sozinha, suspirou profundamente, permitindo que a máscara que usava caísse por alguns segundos. Ela sabia que poderia ter ido. Talvez até devesse. Mas o peso em seu peito continuava firme, como um lembrete de que, às vezes, nem mesmo a companhia das pessoas que amava era suficiente para aliviar o que sentia.