06 - Chi gioca col fuoco prima o poi si brucia.

54 14 51
                                    

06 - Quem brinca com fogo, mais cedo ou mais tarde se queima.

ANTONIO

Telefone tocando, aperto ainda mais o pé no acelerador, rua borrada pela velocidade, uma voz feminina ao fundo. Uma voz feminina gritando ao fundo. Estou tão concentrado que não ligo. Preciso chegar logo a um lugar seguro.

- Antonio, por favor! Vai com calma, já estamos seguros! Por favor! — implora, mas nada vai fazer eu me acalmar.

Minha cabeça está girando, mãos suando frio, e os olhos ardem de raiva. Não consigo entender por que me preocupo tanto que a levem. Eu odeio essa mulher, e mesmo assim quando ouvi a mensagem de Carlos, tudo o que eu fiz foi pegar o carro e sair feito louco. Provavelmente deve ser o fato de ter ligação com a Famiglia do Norte. Jamais iremos perder uma guerra, está em nosso DNA. Aos poucos tento me concentrar em qual lugar a levar, visto que a nossa mansão deve estar em modo alvo. Decido a levar para a fazenda que temos em Salerno, em menos de uma hora chegaremos lá. Provavelmente ainda menos, a considerar a velocidade que meu carro ainda pode chegar.

- Ao menos você consegue me dizer o que foi isso? — ela continua tentando, e eu continuo ignorando.

Também ainda não sei ao certo o que está se passando, infelizmente são poucas as certezas. Mas do que adiantaria confessar isso a ela? Iria me criar um novo problema, e acho que já estou cheio deles por hoje. Enquanto entramos na autoestrada, consigo sentir meus músculos relaxando por todo o corpo. Eu estava realmente muito tenso, mas agora sei que estamos em segurança. Aos poucos vou controlando a velocidade, mas a mantenho alta. Normalmente eu estou mais centrado, mas hoje realmente não está sendo um bom dia para mim.

- Quer saber, eu vou pular do carro! Você é um doente! Meu Deus, por que trouxe esse inferno de novo pra minha vida? — ainda gritando como uma louca.
- Cala essa boca, mulher! — digo em instinto, e me viro para ela com os olhos escuros — não consigo pensar com esse seu zumbido ao fundo.
- Ignorante! Só assim para você demonstrar alguma humanidade? — diz enquanto bate várias vezes em meu braço, tentando conseguir algum domínio sobre mim.
- Eu acabei de te salvar, será que você consegue ser um pouco... hum deixar eu pensar... grata? — digo com a maior ironia que consigo impor — estou tentando te levar pra algum lugar seguro, porra! — péssima ideia, estamos discutindo enquanto sigo em alta velocidade pela autoestrada.
- Você não percebe? Com você, todo lugar é inseguro! É isso que você trás para a minha vida!

Que porra! Preciso acalmar essa doida, então em instinto piso o mais fundo que consigo no freio. O carro começa a soltar fumaça pelas rodas para obedecer ao meu comando. Jogo o carro para o acostamento, passo o braço por cima dela e abro a sua porta.

- Então vai! — aponto para a rua — estou fazendo isso por você, não por mim. É atrás de você que esses caras estão!

Então como mágica, ela vai murchando aquela pose de durona. Seus ombros caem, e vejo seus olhos marejarem. Porra, detesto a ver desse jeito. Bato com as mãos no volante, o seguro firme e abaixo minha cabeça até encostar a testa no couro. Só levanto a cabeça, quando escuto a porta do carro bater. Olho para o lado, e ela não está lá.

- Porra, Valentina! — digo e saio correndo para fora do carro.

Olho para os dois lados do horizonte, mas não a vejo. Onde que ela foi parar assim tão rápido? O pânico vai voltando. Faço a volta pelo carro para então a encontrar sentada no gramado ao lado do acostamento, chorando. Por instinto, ou burrice, vou para perto. Ali mesmo no chão, a envolvo em meus braços. Ela está soluçando de tanto chorar, e eu não sei como reagir. Então a aperto ainda mais em meus braços, em um abraço aconchegante. Esse contato assim tão próximo a ela me gera uma atração inexplicável, sinto que posso ficar aqui sentado no chão com ela por horas.

A DAMA DA MAFIAOnde histórias criam vida. Descubra agora