01 - La Prima Incontro

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01 - O Primeiro Encontro

VALENTINA

Ver Antonio estava em segundo lugar na lista de coisas que eu definitivamente odiava, perdia apenas para a opção de "Casar" com ele. Estive a vida inteira a me preparar para este momento, e não consigo compreender o motivo de meus pais quererem me entregar a este tipo. Sou uma mulher fina e elegante, estudei na melhor escola americana, ja fiz vários cursos, falo ao menos 3 idiomas fluentemente, viajei para vários países e conheci diversas culturas. E tudo isso, para acabar como a esposa troféu de um qualquer. Claro, dentro da máfia ele é algo, o sucessor do manda chuva das máfias italianas. Pior ainda!
Disso eu realmente não entendo nada, mas tudo o que sei é que devemos manter distância deles. Com toda a sua maldade e esquemas ilegais, casar com Antonio é quase colocar um alvo em minhas costas. O que passa na cabeça de meu pai, oh Senhor?

Me encontro sentada em uma poltrona com adornos dourados, em uma sala gigante e cheia de pessoas más. A poltrona é tão grande, que me faz me sentir pequena. Péssimo! As vezes me pergunto se meu pai se favorece de algo, para andar no meio deles. Com a magnitude da nossa empresa, acredito ser um desperdício estar envolvido com essa gente.

Antonio não tira os olhos de mim, e isso já está beirando a falta de elegância. O que mais eu preciso fazer para esse homem perceber que não está a minha altura? Que arrependimento do dia em que o deixei tocar em mim. Isso nunca mais irá se repetir. Eu farei de tudo para que esse casamento seja cancelado, e quem irá implorar por isso será o meu querido pretendente. Quem ele pensa que é para dirigir a palavra para mim? Tão elegante em seu visual, que nem demonstra as crueldades que esse lindo rosto já presenciou. Enquanto sorria, pelo que me lembro.

ANTONIO

Um homem da minha categoria que será o sucessor Capo di tutti capi, deveria escolher a sortuda que irá se juntar a Famiglia Ferrara. Mas ao invés disso, meu pai esta a me tratar como um bastardo qualquer, e escolhendo essa mimada para uma posição tão nobre. Ela nem ao menos sabe a magnitude e importância que este cargo exerce. Isso seria um desastre! Consigo listar um livro de mulheres muito mais adequadas para esta posição, e Valentina estaria no fim com toda a certeza. Isso se ela entrasse na lista, visto que tem zero conhecimentos sobre a máfia e um ego maior do que toda a riqueza que seu pai construiu. Se ela soubesse metade das coisas que acontecem em sua volta, teria mais cuidado nas palavras que usa quando estamos a sós. A sua sorte é que eu a vejo como um bom pedaço de carne, e enquanto eu a faço correr, irei aproveitar o máximo que eu puder. Mesmo que tenhamos uma química realmente palpável, ela jamais será a minha esposa.

Não irei contra as ordens de meu pai, pois isso demonstraria fraqueza em nossa aliança perante as outras famiglie. O meu plano é ainda melhor, farei com que ela implore aos seus pais que cancelem esse acordo. Quanto mais assustada ela estiver, melhor será para a minha reputação dentro do conselho.

Para mim nada importa mais, do que família e negócios. Nesta ordem. E por isso, somente por isso, irei aceitar um casamento ainda tão novo. Tenho apenas 33 anos, e isso ainda é muito cedo dentro dos nossos costumes, mas meu pai teme por sua velhice e quer estar em paz caso precise passar o controle para mim antes do esperado. Com ou sem uma esposa, tenho certeza que ja estou preparado para essa missão. Afinal, sempre fui um líder nato. Está no meu sangue, é inevitável.

VALENTINA

Toda essa formalidade ja está cansando a minha beleza, preciso procurar algum lugar para respirar e tentar achar sinal para o meu telefone. Sempre que acompanho meus pais nesses eventos, ja tenho consciência que ficarei sem contato com o mundo externo. Eles possuem algum tipo de bloqueio de sinal, e nada entra e nem sai sem o consentimento deles. Tudo o que envolve eles é sempre misterioso e controlador, típico da Famiglia Ferrara. Só de imaginar esse cenário, me da arrepios. Não posso perder minha liberdade para virar uma submissa dentro da gaiola de ouro deles.

Enquanto estive na América, conheci vários homens que seriam muito mais adequados a mim e ao estilo de vida que quero levar. Sempre tive muita liberdade, pois sempre soube lidar com ela. Nunca saiu nada de ruim sobre mim nas mídias, apenas o que eu queria. Sou muito cuidadosa e nunca deixo rastros. O que não posso afirmar de meu excelentíssimo candidato a marido. Ele sempre fez questão de aparecer em todo tipo de escândalo possível. E agora claro, na mídia só se fala disso. Como uma dama como eu se envolveria com alguém como Antonio?

Esse casamento me pegou desprevenida, e desde então tudo o que eu penso são maneiras de sair desse inferno. Ja cogitei até anunciar que já não sou virgem, ou sair em uma revista grande com um outro qualquer. Seria interessante, pois do jeito como Antonio é controlador e possessivo, a reação dele seria imprevisível. E confesso que eu trabalho melhor sob improviso. Minha reação sempre foi melhor do que minha ação, o instinto de vingança me deixa fria e calculista. Mas todo esse plano seria péssimo para os negócios de meu pai, e iria ser um tiro no pé. Bom, sigo estudando outras formas. Mas com uma grande certeza, farei com ele que sofra, até que desista de mim.

Eu ja deixei muito claro que não quero contato nenhum com esse moleque de quase quarenta anos, e eu sei que isso deve ter ferido o seu ego de conquistador. Juntos, somos fogo e gasolina, e é por isso que eu mantenho distância dele. Não me surpreenderia em nada ter o dedo dele por trás dessa negociação. Muito provavelmente ele quer usar sua influência para me atingir.

ANTONIO

Toda essa formalidade ja faz parte do protocolo, mas ter a presença dela aqui, faz esse evento durar uma eternidade. Sua presença me causa desconforto, e o jeito como ela parece inocente me provoca. Como pode manter uma imagem de donzela, sendo que eu conheço muito bem suas habilidades.

Depois de cumprimentar a todos, e ja ter feito as formalidades em sua mesa, sigo para o outro canto para conseguir respirar sem a presença do seu perfume extravagante. Não posso deixar a raiva tomar conta de minhas ações, preciso ser observador e certeiro.

Vou ao encontro de Lorenzzo, filho do Consigliere de meu pai, e meu melhor amigo. O homem de minha confiança, que será o sucessor de seu pai e cuidará de tudo ao meu lado. As vezes penso que só ele é quem me conhece de verdade. Sem essa imagem que criei para os outros.

- Então, meu senhor. A moça continua radiante e bela como de costume. Não será afinal um ato de heroísmo casar-se com ela. Não entendo tamanho desconforto desde que descobriu seu destino. — Lorenzzo não perdia nunca a formalidade, e eu o admirava por não misturar as coisas. Provavelmente isso, entre outras qualidades, que me faz confiar tanto nele.
- Qual a graça de visitar locais já conhecidos, quando eu poderia escolher alguma dama que fosse mais adequada.
- Não seja tão mal agradecido, lembro bem como esse local conhecido o deixava ansioso por mais. — Da uma risada, mas logo volta a posição de sentido.
- Não sei e não lembro, ja passaram muitas depois dela. — Digo para encerrar aquela conversa e fico sério.
- Ta bem, senhor. Peço desculpas.
- Desculpas aceitas.

Ficamos no lado oposto da sala, mas mesmo assim a sua presença ainda me incomodava. A desgraçada era mesmo bonita, e exalava uma auto confiança que irradiava em sua volta. Ela era bela, e tinha plena consciência disso. Tento desviar o olhar, mas a qualquer movimento meus olhos a buscavam. Que pesadelo a ter tão perto de mim.

- Vamos fazer alguma coisa longe daqui, a presença desta mulher ja esta a me causar repulsas. Como pode ser tão falsa?
- Foi bom ter falado, pois tenho algumas informações novas para lhe apresentar sobre a pesquisa que o senhor solicitou.
- Ah sim, perfeito. Tenho ansia para resolver esse impasse em minha vida.

Antes de sair, faço mais umas formalidades no salão para que não sintam a minha falta. Lorenzzo vai na frente para preparar tudo, enquanto faço minhas obrigações. Quando estou a caminho da minha sala, escuto vozes femininas exaltadas e a voz familiar do Saldato Carlos. O que se passa? Abro a porta sem pensar, e me deparo com aquela mulher discutindo como se tivesse dois metros de altura. O que não era o caso, mesmo que estivesse sempre com saltos tão altos.

- O que está a acontecer aqui? — digo com fúria em ver Valentina em um escritório sozinha com Carlos.
- Eu posso explicar senhor. — Responde Carlos em reflexo a minha repreensão. Ja ela, estranhamente esta calada.
- Eu ja posso imaginar, por favor deixe-nos a sós. E avise Lorenzzo que irei me atrasar.

A DAMA DA MAFIAOnde histórias criam vida. Descubra agora