A DAMA DA MAFIA

12 - L'amore non ha prezzo, la mafia sì.

12 - O amor não tem preço, a máfia sim.

ANTONIO

Ando pelo hall de entrada, como um homem indo para a cadeira elétrica. Diferente do homem caminhando para a morte, eu não faço ideia de qual será o meu destino ao reencontrar com Valentina. Para piorar, avisto Chiara vindo em minha direção.

- O evento ja vai começar. — digo ja a interrompendo, e apressando o passo.

Não tenho tempo para joguinhos de sedução. Já estou tenso o suficiente. Ela se cala, antes de soltar uma palavra sequer. Parece muito chateada, mas eu não fico para descobrir. Por que diabos essa mulher resolveu aparecer no noivado? Depois que tudo isso acabar, vou repensar se Chiara vale a pena. Vindo até aqui, ela só demonstrou o quanto não respeita a Famiglia e a ordem do Capo. Mais tarde terei que cuidar disso, para que não atrapalhe os meus planos. Tudo o que eu realmente precisava agora, era algum rival para torturar, ou algo do tipo para aliviar todo esse estresse acumulado em mim.

Quando entro no salão principal, avisto minha noiva sentada em sua cadeira, e com o olhar perdido. Sei que nada de bom me espera. Respiro fundo, e sigo até o seu lado. Me sento no lugar reservado ao noivo, e permaneço calado. Receio que por qualquer motivo, qualquer coisa que eu diga, possa virar uma bomba atômica. Ousei abrir a boca apenas para sorrir quando algum convidado se aproximava, e desejava boas entradas ao nosso noivado. Por dentro, a minha cabeça ainda doía, e uma certa angústia me dominava por não obter uma reação sequer de Valentina. As meninas sentaram na mesa da família de Lorenzzo, com uma perigosa aproximação da nossa. Chiara tentava criar algum contato visual comigo, mas eu a evitei por toda a noite.

Assim que todos os convidados entraram, reforçamos a guarda na entrada. Havia homens armados disfarçados em nosso meio, e uma guarda pesada cercando a Quinta. Toda e qualquer segurança nunca é demais, ainda mais por se tratar de uma união que afetará todas as outras organizações dentro da máfia. Apesar de ser um evento intimista, o noivado também era uma reunião pré-contratual. Todos os sócios que estavam presentes, vieram para dar a sua benção. Olho a expressão de cada um, e pareciam genuinamente satisfeitos com os rumos que a sucessão da liderança geral se daria. Sinto o peso de toda a expectativa que estão colocando nesse contrato. Um casamento sem amor, sem casal... espero que possamos cancelar tudo isso antes de ter que realmente ir até o fim. Mas confesso que aos poucos conforme vou vivenciando esse novo acordo, vulgo noivado, percebo a importância que teria caso essa união de fato acontecesse. Ao contrário do pai de Chiara que por ir mal nos negócios perdeu muita influência no meio, Enzo Marino criou uma influência inabalável. Mesmo sem nunca ter sido diretamente ligado as negociações, sempre foi ele quem fazia os contatos. O homem é realmente muito inteligente. Fundou um império com dinheiro limpo, e apenas uniu quem queria comprar à quem queria vender. E pronto, com esse ato fez muita gente milionária.

Volto a consciência para o meu drama pessoal, disfarço e olho de canto para o lado. Ela parece ainda mais perdida em pensamentos do que eu. Meu pai que está posicionado ao meu lado, já começou a falar, e estão todos prestando atenção em nós. Os pais de Valentina sentaram ao nosso lado também, formando assim a mesa principal com os noivos e respectivos pais. Olho para meu futuro sogro de mentira, e ele parece estar realmente feliz com tudo isso. Uma ironia do destino, pois jamais imaginei que Enzo entregaria a sua filha a mim. É como se tudo o que eu mais desejei quando novo, estivesse sendo entregue de bandeja a mim. Só que agora já não faz mais sentido. O que um dia eu pensei que fosse amor, já virou ódio. Não conseguimos nem estar no mesmo lugar, sem que solte faíscas até que pegue fogo.

Nunca vou esquecer da conversa que meu querido sogro teve comigo quando eu ainda eu era um menino. Me colocou tanto medo, que algo poderia acontecer com ela, assim como aconteceu com a minha mãe. Me lembro de ter pesadelos com isso por dias, e só pararam depois que já não estávamos mais juntos. Eu ainda acredito que exista algum motivo que estou deixando passar. Fico lembrando, e relembrando para encontrar algo que eu ainda não tenho visto.