Freia Pullman
Áustria, Viena, 1882:
— Senhorita Pullman. – Cumprimentou-me o mordomo quando eu saí da minha carruagem. — Vossa graça está a esperando, por favor acompanhe-me.
Estar em Viena era o caos, porém depois de quatros temporadas longe dos grandiosos e extravagantes bailes da capital imperial, meu querido e amado irmão achou que era hora de me resgatar do meu exilio com o intuito de me casar com o primeiro pretendente que ousasse pedir a minha mão.
— Eu estou ciente do caminho. – Avisei encarando o mordomo. — Morei anos essa residência, acho que minha honra não ficará manchada se me deixar me locomover sem companhia pela propriedade.
— Foi uma ordem expressa do senhor que a senhorita não fosse deixada desacompanhada. – Informou-me ele e eu revirei os meus olhos. — Os tempos estão mudando, vossa graça está preocupada que algo possa manchar a sua imagem, depois dele ter lutado tanto para conseguir desfazer o mal-entendido do passado.
Dei uma risada, Frederico certamente não iria me deixar esquecer do passado, porém ter uma irmã mal falada e solteirona não estava nos seus planos, principalmente se ele quisesse seguir os planos de papai e se transformar em um político, afinal o título de marques não era nada favorável, principalmente com os boatos que o poderoso duque de Hohenberg estava instalando-se para a temporada como um convite do imperador. Essa informação estava deixando a todos os homens desesperados, já que o duque seria o frisson daquela temporada.
— Irmã! – Exclamou Frederico levantando-se e vindo na minha direção quando eu entrei no seu escritório. — Minha bela e amada irmã.
Seus braços passaram em volta do meu corpo em um abraço desconfortável e eu apenas o empurrei quando a porta foi fechada, aquele contato era desnecessário, eu conhecia sua verdadeira face por trás daquele sorriso bonito. Algo estava se passando pela sua mente diabólica e esse tinha sido o único motivo dele ter me forçado a retornar.
— Pare com o teatro, vossa graça. – Ordenei sentando-me. — Não condiz com a sua imponente presença parecer feliz com que a chegada da sua irmã desonrada. O que você quer Frederico?
— Você me tira como um bárbaro, irmã. – Resmungou ele sentando-se e segurando a minha mão. — Eu não posso sentir saudades da minha querida irmã, a mais bela dama de toda Áustria que deixou o imperador impressionado com a sua beleza.
— Acho que o imperador não ficaria tão honrado em me ver na sua frente depois dos acontecimentos do passado. – Ironizei. — Nem a imperatriz, ouvi boatos de que ela é uma mulher ciumenta e não gosta que mulheres do passado circulem pela corte. Está dando um tiro no próprio pé tirando-me do meu exilio querido irmão.
— O próprio imperador lhe concedeu o perdão pelos seus atos libidinosos. – Lembrou-me ele e eu revirei os meus olhos. — Você é uma mulher solteira e deve ter o direito de conseguir um bom casamento, afinal o sangue nobre dos Pullman corre pelas suas veias e todos merecem uma segunda chance.
— Vossa graça! – Exclamei encarando-o. — Assim que eu pisar no primeiro baile dessa temporada eu serei a fofoca, todos irão me encarar com escarnio e fofocar pelas nossas costas, o nome da família Pullman será o frisson da temporada.
Ele deu uma risada levantando-se e pegou um papel sobre a sua mesa e estendeu, eu tinha a vontade de gargalhar e avisar que eu tinha avisado que deixar a fortuna da família nas mãos de Frederico seria uma péssima ideia, ele sempre foi um fanfarrão e gastador, nunca quis aprender sobre os negócios da família e em menos de seis anos ele tinha conseguido nos levar a falência.

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Nórdica
WerewolfCAPÍTULOS POSTADOS AS QUARTAS E DOMINGOS Nas altas e geladas montanhas da região nórdica um romance proibido entre uma jovem Wicca e um lobisomem floresce através de floreios e encontros as escondidas. A jovem em questão era a escolhida, a Wicca que...