JAMES GRIFFIN
Eu nunca fui um cara que sentiu estupidamente as coisas, nunca deixei que as emoções atrapalhassem o meu processo de julgamento por conta da parte emocional do nosso cérebro. Racionalidade era uma coisa que fazia parte de mim.
Lógico que tinha momentos em que eu deixava o meu lado emotivo tomar conta do meu corpo e tenho algumas situações em que posso provar isso, por exemplo: o instante em que consegui entrar na faculdade dos meus sonhos ou quando conheci a Valerin na biblioteca da faculdade; o dia em que a beijei pela primeira vez; quando me contou que estávamos esperando um bebê, o dia em que minha filha nasceu ou o momento em que minha esposa nos deixou.
Esses foram momentos, que deixei o meu lado racional oculto para deixar as emoções tomarem conta do meu corpo. Mas em compensação, em momentos de pressão no trabalho ou quando tenho que ser mais duro com alguém a minha volta, nunca deixei as emoções falarem mais alto.
Ultimamente, tenho percebido isso ao lembrar de vários momentos da minha vida em que soube lidar com essa parte do ser humano. Quando algo de ruim acontecia, sabia como controlar a situação e fazer tudo na mais pacificação possível.
No meu trabalho, isso era essencial. Vários animais viam e iam a todo instante, sem parar nenhum segundo. Muitas cirurgias diárias acabavam terminando em óbitos que não era desejado ou diagnósticos terminais, mas como profissional, uma camada fria e impassível acabou se apossando de mim. Mas hoje, isso especificamente estava falhando.
Como o meu pai havia faltado para ir em um congresso em Brodey toda a responsabilidade ficou jogada para cima mim, tanto prática, como a burocrática.
Joguei as luvas de látex no lixo específico para ela, retirei a máscara junto da touca cirúrgica e o scrub, colocando-o no cesto de roupas especializadas. Não havia dado tempo nem de retirar o terno que estava vestindo, então apenas lavei as mãos, peguei o meu jaleco pendurado e o coloquei.
— Dia difícil? — Marcos, apareceu na porta do centro cirúrgico enquanto eu ainda arrumava a minha roupa.
Estava com um pijama cirúrgico, os braços cruzados na altura do peito e apoiado no batente. Ele tinha a pele bronzeada por conta do tempo que passava surfando, os músculos bem acentuados, cabelos castanhos claros e um sorriso pra lá de filho da puta no rosto.
— Você, melhor do que ninguém, sabe. — falei terminando de me ajeitar.
— Porra... — xingou, e começamos a andar pelos corredores da veterinária. — Parece que todos os animais quiseram nos sacrificar hoje.
— Nem fala — suspirei e cumprimentei algumas pessoas que passaram perto de nós. — Ainda tenho alguns exames de uma cadela para fazer e uma outra para fazer checagem. Uma delas está prenha de nove cachorrinhos e está com a idade avançada, parece que será mais uma gravidez de risco que acompanharemos neste Hospital. A outra tenho que esperar a confirmação do tratamento paliativo. Você me avisou que eles viriam com uma resposta e até agora nada, não podemos esperar muito tempo se quisermos começar. Não que eu ache que terá alguma reversão. Ela está em um estado avançado demais, seria ainda mais cruel começar uma quimioterapia agora.
— Isso é uma merda do caralho — reclamou passando a mãos pelos cabelos.
— Nem fala — suspirei.
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ℰ𝓈𝒸𝑜𝓁𝒽𝒶 𝒞𝑒𝓇𝓉𝒶
عاطفيةEmma Conway e James Griffin. Duas pessoas que tinham suas vidas estáveis, apesar de todas as dificuldades que a vida lhes traziam, e nunca imaginaram que o destino pudesse fazer com que se encontrassem em meio a milhões de pessoas. Mas quando Emma v...