[43] Fim.

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Jungkook

Se eu pudesse ter um poder mágico para congelar os ponteiros do relógio, eu certamente o utilizaria todos os dias. 

Às vezes, sinto medo de que o tempo escorregue velozmente entre meus dedos, e que um dia eu me pegue lamentando: "Por que não aproveitei mais naquela época?" 

No entanto, a realidade é que... eu estava aproveitando ao máximo tudo o que aquela fase podia me oferecer. 

Após tudo que aconteceu, parecia que nossa existência havia sido apagada. Por semanas, me vi envolvido em entrevistas, seguido por fotógrafos e cercado pela mídia coreana, todos ansiosos para ouvir a minha versão dos fatos. Queriam me ajudar, queriam até mesmo organizar uma campanha online para arrecadar fundos e me auxiliar na reconstrução da minha vida. As pessoas me encaravam com olhares de compaixão.

Eu compreendia o ponto de vista delas. Fiquei com a fama de “primeira vítima” logo, me viam como um desamparado que necessitava de ajuda.

No entanto, não havia absolutamente nada para reconstruir. Eu estava perfeitamente bem em todos os aspectos da minha vida.

Diante dessa situação, conversei com Jimin, os meninos e meus pais, e cheguei à conclusão de que era necessário conceder uma única entrevista em nível nacional para encerrar de uma vez por todas as especulações e esclarecer a verdade.

Com o tema tão em evidência, propus à mídia que, ao invés de focar em me ajudar, direcionasse seus esforços para auxiliar outras pessoas que também foram vítimas de diferentes adversidades; abandono, assédio, fome, falta de moradia. 

Dito e feito. 

Eles atenderam ao meu pedido. Como disse anteriormente, nossa existência da mídia foi apagada, mas o caso continuou em evidência, como eu queria. 

Lia estava tendo todos os cuidados necessários. Eu a visitava às vezes e, para falar a verdade, ela parecia muito melhor. Não sei ao certo qual era a verdadeira versão dela: se era a Lia tímida com as roupas fofas e coloridas ou a Lia intimidadora com roupas pretas e tatuagens. Mas era bom vê-la saudável e feliz, tentando seguir a vida. 

Park Jimin era o nome que ecoava em minha mente, como um refúgio seguro em meio ao caos. Suas declarações ainda faziam meus olhos marejarem, mesmo após tanto tempo ter se passado. O toque de suas mãos ainda era capaz de fazer os meus tremores internos se acalmarem, e sua simples presença ainda me fazia engolir em seco. Cada palavra dita por ele sem pudor algum ainda me fazia corar de vergonha.

A gente sempre era a gente.

— Eu consigo levar essa caixa. – Jimin sorriu, retirando uma caixa de papelão das minhas mãos. Eu neguei, a puxando de volta. 

— Pode deixar essa comigo, hyung. São as minhas pelúcias. 

— Se você disser que vai passar na casa de alguma garotinha e entregar isso pra ela porquê cresceu e eles precisam de alguém pra brincar com…

Eu revirei os olhos. 

— Nós não estamos em Toy Story, hyung. – Interrompi, indignado. — Não vou me desfazer dos nossos filhos.

Eu vi ele sorrir, passando a língua pelo novo piercing em sua boca carnuda. Tão atraente.

— Eu sei. Só estava te testando.

A voz era como um eco…literalmente. A casa estava vazia.

Estávamos terminando de colocar as coisas no caminhão de mudança. 

— Tá com medo? – Meu namorado perguntou. Senti ele inseguro, com medo e aflito. — Eu tô… 

— Do futuro? – Perguntei retoricamente. — Eu também. Essa casa tem tantas memórias…

Um Inquilino e MeioOnde histórias criam vida. Descubra agora