Carta Aberta Sobre Vergonha

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Meu corpo é moeda de troca,
É objeto de escambo,
De escárnio e descarte.
É um lixo, é irrelevante.

Meu cabelo é difamado,
É confudido e julgado,
Tratado como esponja na louça,
Maço de cigarro, papel amassado.

Minhas mãos, meus pés,
Meu dorso, meu quadril,
Tudo completamente deformado,
Tudo na cor errada, a cor errada em tudo.

Sou pardo, sou homem.
Sou feio, sou homem...
Sou pardo, sou bruto...
Sou feio, sou bruto?

Meu corpo é escondido,
Meus olhos, roubados.
Quem eu sou?
Vulgar? Puro ou impuro?

Sou vergonha, você não gosta.
Tenta me apagar.
Trocar por algo melhor.

Você odeia meu corpo.

A Poesia E A Vida De Jonas S. di Santo Onde histórias criam vida. Descubra agora