Lágrimas

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Pov S/n

Acordo meio zonza, sem saber aonde estou ao certo; me sento e encosto as costas na cabeceira. Coço um olho e tento me localizar, bocejo e olho ao redor. Minha mente voltar a funcionar e me lembro muito bem aonde estou e da merda que eu fiz ontem.

Jogo minhas costas com força na cama, sentindo o impacto macio, pego um travesseiro ao meu lado e aperto no meu rosto. Sinto algumas lágrimas quererem se formar no canto dos meus olhos, mas respiro fundo e tento me controlar...

Porra, pra que eu fui beijar ela, cacete??? Eu sou tão idiota! Se eu tivesse uma arma eu me dava um tiro agora...

Me levanto ainda me praguejando, arrumo a cama e vou ao banheiro do quarto. Molho meu rosto e vejo meu reflexo.. Eu tô acabada... Ajeito meu cabelo e saio do banheiro. Abro a porta do quarto e percebo que a casa está em um silêncio matador. Lizzie ainda deve estar dormindo...

Ando na ponta dos pés até a escada e desço devagarinho, caminho até a porta, coloco meu tênis e abro a porta com cuidado, saindo dali. Quando ponho meus pés fora da casa, apresso meus passos; no caminho percebo duas senhoras sentadas em suas respectivas cadeiras, me olhando como se eu tivesse cometido o maior pecado do mundo. Comprimento por educação.

— Bom dia... - levanto uma mão acenando. Elas sorriem com os olhos e depois se olham, como se estivessem se comunicando por ele. Desvio o olhar e caminho rápido dali.

Pego meus fones e conecto do bluetooth do meu celular, abro o Spotify e boto The Cranberries para tocar no volume máximo, enquanto vou para casa.

(...)

Pego as chaves no meu bolso e abro a porta, dessa vez eu voltei para casa da minha mãe. Assim que ponho o pé dentro de casa, só consigo olhar pra ela falar alguma coisa comigo, a qual eu não escuto por causa da música no fone.

Fecho a porta e tiro meus fones, guardando na caixinha.

— Onde é que você estava, S/n Winslet?!- ela pergunta muito irritada.

— Foi mal, mãe. Eu tava na casa de uma amiga

— Que amiga?? Porque eu liguei para a Alycia e ela me disse que nem viu a sua cara ontem á noite

— É...- coço a nuca e tento arrumar uma escapatória.- Você não conhece ela, é uma amiga do futebol. Eu tô me aproximando mais das meninas, cê sabe, pra ter mais confiança nos jogos, agora que eu sou a capitã. Preciso estabelecer um ambiente saudável e equilibrado.

Ela franze os olhos e me olha até a alma. Ela descruza os braços e leva as mãos até a cintura e puxa o ar para começar a falar.

— Minha filha, seja sincera comigo. Você não estava com nenhum menino não, né??

— O que?? Claro que não! Mãe, pelo amor de Deus, eu nem namoro...

— Eu sei, mas eu também sei que essa gandaia de adolescentes de hoje em dia tem aquele famoso termo horroroso de "ficar".- ela faz aspas com os dedos.

— Pelo amor de.. Mãe, eu não fiquei com ninguém. Eu fui para casa de uma amiga e foi isso, não rolou nada...

— Olha lá, hein, não quero você me aparecendo grávida não. Pelo menos não agora, deixa pra me dar neto quando você for casada e adulta.

— Jesus, eu não vou engravidar. Eu hein, tô fora, é cada ideia.- falo já assustada só de pensar nisso.

— Custava ter me mandado uma mensagem?

— Desculpa, é que meu celular descarregou e eu estava sem carregador.- ela acena com a cabeça olha pro teto, pedindo ajuda á Deus.

— Certo. Agora me fala que confusão foi essa com seu pai? Ele me ligou furioso ontem, falando um monte no meu ouvido. Que você saiu sem dar explicações, que saiu andando no meio da chuva, e ainda por cima mandou eu te criar direito.- Abaixo a cabeça e mordo minha bochecha, antes de olhar para minha mãe.

— Ah, o mesmo de sempre, só ele sendo creti... Eu não posso falar nem adjetivo, senão eu vou ser desrespeitosa. Mas você me entendeu.

— Essa confusão de vocês dois tem que acabar pra ontem, eu não aguento mais isso.

— E você acha que eu aguento? Eu não suporto mais entrar naquela casa e ter que botar um filtro de uma pessoa que eu não sou! Eu não aguento mais ele querer me moldar e ditar o que eu devo fazer com o meu futuro e com meu presente. Só porque ele tem vergonha de mim... Isso não é justo...

Sinto meus olhos encherem de água, abaixo a cabeça tentando controlá-las, mas é inútil. Sinto os braços da minha mãe me envolverem, fazendo com que desabe de vez. Me agarro á ela e tudo vem a tona, desde minha discussão com meu pai, até minha desilusão com a Elizabeth. Sinto uma mão da minha mãe passar pelos meus cabelos, como forma de carinho.

— Shhhh.. Tudo bem, eu estou aqui com você, e sempre vou estar.. Eu vou dar um basta no seu pai, eu prometo, meu amor.

(...)

Depois de ter desmoronado no colo da minha mãe, eu subi e tomei um banho. Agora eu estou deitada no escuro, assistindo Supernatural, para ocupar minha mente.

Meu celular apita, indicando que chegou uma mensagem. Dou um pause na série e pego pra ver quem é. Meu coração palpita e minha boca seca. Era a Lizzie...


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Suspiro e desligo o celular, me controlando pra não chorar de novo; eu devo estar perto de menstruar, porque não é possível que eu esteja tão sensível assim por uma coisa tão boba

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Suspiro e desligo o celular, me controlando pra não chorar de novo; eu devo estar perto de menstruar, porque não é possível que eu esteja tão sensível assim por uma coisa tão boba.

Dou play de volta na série e mergulho ali, esquecendo do mundo a minha volta.






Não revisado

𝐀 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐥𝐢𝐜𝐚𝐭𝐞𝐝 𝐥𝐨𝐯𝐞 (𝐄𝐥𝐢𝐳𝐚𝐛𝐞𝐭𝐡 𝐎𝐥𝐬𝐞𝐧 𝐞 𝐒𝐧)Onde histórias criam vida. Descubra agora