Na vida de Christopher Wayne, a morte de seu pai não é apenas uma tragédia pessoal, mas uma oportunidade cuidadosamente planejada.
Criado desde a infância para suceder seu pai, Christopher retorna a Toronto determinado a não apenas assumir o legado...
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Quando o despertador tocou naquela manhã, tudo o que eu queria era desligá-lo e apenas continuar em minha cama, ignorando todos os problemas que existem porta a fora.
Mas eu sabia que aquilo não era possível. E, apesar do cansaço que dominava minha mente e meu corpo, apenas empurrei a coberta para longe e me levantei.
Ao encarar o espelho, um suspiro escapou por entre meus lábios por ver minha imagem ali refletida. Meus olhos estavam vermelhos e inchados, denunciando as poucas horas de sono e a noite cheia de pensamentos que me assombraram.
Passei as mãos pelo rosto, tentando afastar a sensação de que estava prestes a desmoronar. A proposta de Christopher ainda reverberava na minha mente, como uma melodia insistente que não queria me abandonar.
Enquanto tomava banho, tentei me concentrar na rotina que tinha pela frente. Hoje à noite, eu teria que dançar na boate e encarar os olhares lascivos e as mãos que tentavam ultrapassar os limites.
Mas, antes disso, tinha que enfrentar outro desafio: visitar o hospital e negociar a dívida acumulada. Recebi uma ligação na noite anterior do hospital, eles estão cobrando parcelas atrasadas.
Vesti-me rapidamente, optando por algo confortável, mas que ainda me desse uma aparência de confiança. Precisava parecer forte, mesmo que por dentro eu estivesse desmoronando.
Peguei meu celular e verifiquei as mensagens. Nada de novo. Nenhuma resposta do hospital, nenhuma mensagem de Christopher. Senti uma pontada de decepção, mas rapidamente a afastei. Não podia me dar ao luxo de depender de ninguém.
No entanto, ao sair de casa, notei o mesmo homem da noite anterior – o que me levou até ele — me acompanhando a distância enquanto eu seguia até o hospital, que ficava algumas quadras de onde eu morava.
Aquilo me irritou, porque é como se Christopher, além de estar sendo tão presente em meus pensamentos desde aquela noite em meu apartamento, ele se faz presente, também, em meu dia a dia, como uma maldita lembrança de todo o problema que me persegue desde que o encontrei naquele cassino.
Ao chegar lá, onde meu pai estava internado, respirei fundo e entrei, decidida a enfrentar mais esse desafio.
— Boa tarde, posso ajudar? — perguntou a recepcionista, com um sorriso simpático.
— Boa tarde! — cumprimentei. — Preciso falar sobre a dívida do meu pai. — respondi, tentando manter a voz firme.
Ela me guiou até o escritório de um dos administradores, e logo me vi sentada diante de uma mesa, explicando a situação.
— Senhorita West, acho que houve um engano. — disse o administrador, encarando-me. — A dívida de seu pai já foi paga nesta manhã. — completou. — Aqui, o comprovante. — tira um papel da gaveta.
Eu demorei a processar a informação, apenas encarava o homem com trajes formais em minha frente, atônita. O papel que eu peguei simplesmente falava sobre um pagador anônimo.
