Capítulo 9 - No seas una perra

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Ocorreu tudo bem na janta, já que como atrasamos no banho estava bem menos gente no refeitório. O único problema foi o silêncio entre nós que antes era ameaçador e agora era de vergonha, pelo menos da minha parte.

Antes de entrar no quarto ele me lembra que amanhã partiríamos para o méxico para avançar na missão desse tal Hassan. Apesar que eu nem sabia quem iria na missão comigo, mas não importava, eu estava ali só pra ser o cão farejador e pronto.

Com esse dia cheio de emoções, a noite cai rapidamente.

No avião com Soap e Ghost, eu repasso as informações dada antes de embarcarmos, que iriamos trabalhar junto a equipe das forças especiais mexicanas e a "shadow company". 

- Algum deles já te deu trabalho? - Soap pergunta vendo a pasta com a informação da missão em minhas mãos. - Quero dizer... no seu tempo como "El Lobo"... Aliás porque eles te chama assim?

Ele era igual uma criança curiosa, e talvez estivesse me perguntando como um método de nos aproximar como equipe.

- Já ouvi falar, mas nunca tive problema com eles. - E solto um sorriso de canto lembrando da ironica situação que eu me encontrava agora mesmo.

Esse nome não me era estranho, mas não sabia muito porque os únicos nomes que me importavam eram dos que se intrometiam nos meus negócios, e eles nunca nem chegaram perto de nós.

- Eu ouvi falar que você era casca grossa mesmo nesses seus 2 anos. - Ele diz enquanto Ghost permanecia em silêncio, mas prestando atenção na conversa.

- Não que eu era mestre em fugir, só que vocês lidam com vendas e compra de armas nucleares entre potências mundiais e assuntos que afetam o mundo. Meu tempo de ouro foi na América do Sul onde nada saía dali, as guerras civis, drogas e armas vendidas, não eram a nível global. - Eu digo com experiência no assunto me deixando levar.

- Oh não seja tão modesta! Controlar um sistema inteiro de comércio ilegal entre todo esse conjunto de países sem alarmar os peixes grandes é foda pra caralho ! - Ele diz se animando também.

- Ela sabe muito bem como funcionam essas coisas, por isso ela tá aqui. - Ghost diz cortante encerrando o assunto.

Era muito impressionante sim, eu não iria negar meus esforços . Mas talvez não era o momento adequado de me alegrar por minhas conquistas no baixo mundo, a caminho de fazer a captura de um traficante de armas que poderia desencadear uma guerra mundial.

Conversando sobre algumas histórias e detalhes da missão eu pude entender um pouco mais a personalidade extrovertida Soap, e talvez de Ghost apesar que o máximo que ele fazia era balançar a cabeça e grunhir.

Já no chão, o avião abre seu compartimento para descermos e é possível ver um homem moreno de cabelo preto bem próximo a nave pronto para nos receber.

- Alejandro! - Soap toma a dianteira o comprimentando com um firme aperto de mão.

-  Sargento Macktavish. - Ele diz com um sorriso sem mostrar os dentes. - Tenente Riley. - Os dois se comprimentam com um gesto de cabeça. - Bem vindos a Las almas.

Eu apareço por último e ele só me olha e faz um gesto com a cabeça por pura cortesia, mas era obvio a hostilidade que ele tinha comigo, provavelmente por saber já quem eu era, digamos que eu não estava em bons términos com o povo do México. Ghost e Soap não dão muita importância a isso e eu resolvo ignorar.

Eles vão na frente conversando sobre algumas coisas e quando entramos no carro o ambiente já estava mais leve.

Nos sentamos os três atrás e na frente era Alejandro e seu braço direito Rodolfo Parra. Ele era um branquelo de cabelo engomadinho, mais educado pelo menos e tinha um jeito mais quieto.

Entrando na cidade era possível ver casas de todas as cores, um ambiente bem alegre. Ninguém poderia dizer que eles estavam tendo quase uma guerra civil olhando de fora.

- Não se preocupem com os homens armados, é normal aqui. - Alejandro diz quando passamos por um grupo de homens encapuzados e armados com fuzis de assalto. - Eles ganham o povo e o povo apoiam eles.

Durante o trajeto Alejandro explica que os traficantes recrutavam gente do exército para o lado deles, sendo o cartel mexicano o verdadeiro poderoso aqui, e sobre seu líder, "El Sin Nombre".

- Hum... - Eu dou uma risada de canto de boca escutando esse nome.

- Que foi? Conhecido seu? - Soap me pergunta.

- Eu já tentei fazer negócio com esse cara, mas era muita burocracia. Ele é... díficil de lidar. - Alejandro parecia torcer o bico a cada palavra minha. - Desistimos no meio da transação e ficou um clima estranho entre a gente, mas como eles estavam aqui, e nós mais para o sul não deu conflito de interesses e cada um seguiu seu rumo.

- Lobo... Você foi a maldita que intoxicava nossas ruas com mais armas vendidas para os traficantes, fora a interminável carga de drogas que sempre chegava lá do sul... - Ele me encara pelo retrovisor com fogo nos olhos. - Eu não sei nem porque você tá aqui.

Eu tenho certeza que se estivéssemos os dois numa sala com um urso e Alejandro tivesse uma pistola com uma única bala, ele ainda atiraria em mim.

De alguma maneira era satisfatório ver que meu suor e trabalho deram resultados. Conheci mais uma pessoa a qual eu fiz um inferno na vida.  Eu sorrio para ele mostrando os dentes pelo espelho. Eu sabia que não era um trabalho do qual se orgulhar,mas era divertido ver ele se contorcer todo por coisas de 4 anos atrás.

- Você ficou entediado durante esses 4 anos que eu estive fora então. - Ghost me encara com a provocação.

- Já chega. - Ghost ordena e eu me calo olhando pela janela mas mordo meu lábio para segurar o sorriso de satisfação.

- Perra malparida... - Ele solta como um sussurro e continua a falar sobre a cidade e o cartel.

Chegando no lugar da missão, descemos do carro e nos reagrupamos, no momento que Alejandro vê que eu desço também com um fuzil começa a reclamar.

- Eu pensei que ela iria ficar na parte da inteligência e não meteria o nariz aqui. - Ele diz olhando para Ghost.

- Ela tá com a gente, fim de papo. - Ghost responde firme enquanto Rodolfo dava tapinhas no ombro de Alejandro para acalmá-lo. Foi engraçado mas já estava me tirando do sério esse comportamento dele.

- No creo en eso puta madre. - E me encarava dos pés a cabeça. - Gringa comemierda.

Eu me aproximo desafiante, já que Alejandro tava com tanto problema comigo com o alvo deles a poucos metros de distância, eu precisava dar uma sacudida nele pra ele acordar.

- Casi todo el ejército Mexicano está trabajando bajo el mando del Cartel, y usted va hacer un berrinche por tener que trabajar conmigo? Al parecer las Fuerzas Especiales Mexicanas son solo unas perras miedosas! - Eu digo depois de agarrar ele pelo uniforme.

Todos pareciam surpresos de me ouvir falar espanhol. Alejandro me empurra pra um lado colocando a pistola no meu queixo enquanto Ghost e Soap ficam tensos e firmam o agarre no fuzil .

- Alejandro! - Rodolfo morria de preocupação enquanto os da 141 se aproximavam para separar a briga.

- Vas hacer um show justo ahora? Cuando Hassan escuche un solo sonido ya vá estar lejos de acá y vas a joder la mission. - Ele parecia pensar depois do meu argumento.

- Lo juro  : si tengo la oportunidad, te mato, maldita. -  Alejandro pigarrea e choca com meu ombro quando começa a andar em direção a entrada do local . - O Hassan tá na casa branca de dois pisos, fim da cidade. - E os homens começam a se mexer e eu acompanho os dois do 141.

- Não sei oque você falou, mas funcionou. - Soap me dá um tapa no ombro e um sorriso aliviado.


Como eu tava com saudade de xingar em espanhol.


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