Capítulo 4 - Tensão

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Assim que eu termino, eu me levanto e Ghost já se posiciona na saída do lugar me esperando, eu jogo a bandeja no lixo e o sigo.

O caminho todo em silêncio.

- Oque aconteceu lá? - Ele toca no assunto de repente.

- Nada.

- Eu não vou repetir. - Ele me olha de canto de olho enquanto diminui a velocidade para ficar ao meu lado.

- Tsk... - Que cara insistente. - Só estavam me dando boas vindas ao estilo americano.

Ele só olha para frente e continua na sua velocidade até chegarmos no quarto.

- Amanhã temos treinamento ás 05:00, esteja pronta quando eu chegar.

- Como eu vou saber que são 5 horas se eu não tenho relógio?

- Tem na mala.

Eu não pergunto mais nada e vou direto para a mala, e ouço ele trancar novamente o quarto.

- Idiota.

Tinha várias coisas que eu não havia notado na mala, escova de dentes, pasta, papel higiênico e um mini despertador. Quanta abundância. Eu não perco tempo e já ligo o despertador e me jogo na cama, me preparando para oque viria amanhã.

Mas quem diria que eu não precisaria de despertador.

Porque eu acordava toda a noite, eu tirava cochilos praticamente. 10,15, no máximo meia hora apagada e depois acordava novamente. E oque me impedia de ter uma boa noite de sono não era a o fato dele ter a chave do meu quarto, me perseguia o fato que ele não fazia barulho para caminhar. Isso sim tirava meu sono.

E quando o despertador toca 04:00 eu já estava pronta,e para minha supresa, ouço batidas na porta, e quando saio ali estava, minha babá.

- São 4 da manhã Tenente. - Eu digo depois de abrir a porta destrancada.

- Café da manhã. - Ele diz com a voz tonificada de quem acabou de acordar, até que nota minha roupa e fica me encarando como se estivesse surpreso.

Que merda tava acontecendo, ele iria vir 5h para o treinamento, e se eu não tivesse me arrumado antes? Eu iria ficar sem café da manhã?

- Você não falou nada de café da manhã. - Eu digo saindo do quarto.

- ... - Ele só permanece em silêncio enquanto o sigo.

- Se eu não estivesse pronta, eu iria ficar sem café da manhã por acaso? - Questiono me apressando para acompanhar seus passos e me colocar ao seu lado.

- Aqui as refeições são servidas uma vez por dia. - Ele responde enigmático, mas para bom entendedor meia palavra basta.

Significava que se eu perdesse o café da manhã, minha próxima refeição seria só o almoço, cretino.

Vamos direto ao refeitório e eles estavam servindo sanduíches, só para não ficarem de barriga vazia até o almoço. Mas para alguém que comeu a mesma quantidade que uma criança comeria, esse saduíche era um manjar.

O lugar estava lotado dessa vez, e eu não tive alternativa a não ser sentar junto ao Tenente e seus amiguinhos. A tensão no ar era palpável, mas pouco me importava, eu evitava contato visual e comia tranquilamente. Depois de algum tempo, Soap aliviou o estrés do ambiente com suas histórias e piadas, e todos resolveram se juntar a ele.

Pelo oque eu notei, os nomes falados eram "John" que era Soap, "Ghost" para o cavalheiro sentado a minha frente que se chamava Simon e "Gaz" ao moreno ao lado de Soap.

Eu não havia percebido pela tensão mas ao meu lado havia um cara enorme, mais grande que a babá, e também tinha o rosto ocultado porém o dele parecia uma camiseta com dois furos para os olhos,ele bebia café tranquilamente porque diferente da máscara do Tenente a dele era folgada e ele podia enfiar a mão por dentro da máscara junto com a xícara. Era o único que não havia sido nomeado ainda. Ele não se juntava a conversa e os outros não o incluiam, mas com certeza o clima entre eles estavam mais amigável que comigo.

Eu termino rapidamente minha comida e fico encarando a parede esperando o oque iria acontecer em seguida, enquanto sentia todo o refeitório me fuzilar de olhares e agradeci internamente de estar virada de costas para eles. Eu não me importava muito em ser odiada mas era cansativo todos os olhares de reprovação por onde eu andava. Era só meu segundo dia aqui mas já era um inferno.

Depois de um tempo Ghost sai e faz sinal para eu ficar sentada, ele caminha para a saída do local e eu vejo Price o esperando. Deve ser assuntos internos.

O tempo passa e Gaz também se levanta junto a Soap, sobrando somente eu e o grandão da máscara folgada, e me impressiona que ele ainda não tenha levantado da mesa, talvez por estar de olho em mim enquanto Ghost se foi.

 Eu percebo de canto de olho, que Gaz e Soap que já estavam na saída do local, mudam o semblante depois de notar para algo atrás de mim, quando eu percebo um vulto sobre a minha cabeça e depois um balde de água fria caindo sobre mim.

No reflexo eu me levanto jogando o balde da minha cabeça no chão e quando me viro vejo alguns soldados correndo para longe e um deles eram o cretino de ontem. E para confirmar que ninguém estava do meu lado, todos começavam a cochichar e me olhar e alguns riam sem peso na consciência, não teve uma alma para segurar eles ou os repreender, era tudo um grande show.

Sem pensar muito eu pulo da onde estava sentada mas sinto alguém agarrar meu braço.

- Nós vamos dar um jeito neles depois, só fique sentada. - O grandalhão finalmente abre a boca com uma voz baixa. - Cê vai arranjar problema pra você.

Mas minha raiva era tão grande que eu me solto do agarre e começo a ir atrás deles, nisso eu vejo Soap e e Gaz vindo na minha direção para me parar mas me perdem entre os outros.

Eles eram em 3 e se dividem em caminhos diferentes, mas eu sabia muito bem quem eu queria então sigo o cretino que corria por todo o corredor da instalação. 

"A hora que eu te achar eu vou te virar do avesso seu merda."

Apesar da curta distânca percorrida, minha perna já estava dando sinais, uma dor aguda percorria que chegava a latejar. Não ia dar pra continuar.

- PORRA! - Eu grito frustrada e decido dar meia volta, melhor do que sacrificar meu bem estar nessa perseguição. Volto meu caminho para o refeitório com um nó na garganta de frustração, essa comoção toda não tinha durado nem 15 minutos.

Já estava com bem menos gente, e na mesa ainda estava o grandão da xícara e Soap de pé conversando com ele. Até que ele cruza seu olhar comigo.

- Você tá bem Olivia? - Ele se aproxima com um tom preocupado. - Eu vi oque aconteceu, sinto muito.-  Eu não acreditava em nada do que saía da boca de alguém daqui.

- É, eu acho que todo o refeitório viu. - Eu digo irônica quando começo a sentir o vento frio batendo.


Que ótima maneira de começar o dia.

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