Nessa altura eu nem me importava se estavam me vigiando por câmeras ou escutas, eu fiquei sendo vista 4 anos por todos os ângulos possíveis então qualquer incomodo de ser observada sem notar, tinha sido arrancado de mim.
Eu observo o ambiente ainda de pé, o cômodo se estendia a minha direita; Uma cama de solteiro bem no canto do quarto com um criado-mudo ao lado, a minha frente havia uma cômoda pequena de lado e no lado oposto a entrada havia uma pequena mesa e uma cadeira, uma porta aos pés da cama e a direita dessa mesa provavelmente era o banheiro.
Eu o abro e havia somente um vaso sanitário e uma pia com espelho que poderia abrir e havia um compartimento para guardar coisas de higiene pessoal ali, era um cômodo bem pequeno, o chuveiro provavelmente era no banheiro comunitário... urghh.
E não havia nenhuma janela, oque fazia que o quarto fosse abafado, e o mau humorado já havia trancado e levado a chave fora e não teria como ventilar isso. Ótimo.
Depois de algum tempo vasculhando o quarto por estar entediada eu decido sentar na cama e esperar, eu não sabia que horas eram, qual seria a próxima vez que ele viria ou onde iriamos se ele viesse.
- Eles podiam ao menos colocar um relógio aqui... haaah...- Eu suspiro e me deito na cama, e inesperadamente acabo cochilando.
Talvez pelo tédio momentâneo ou a excitação de estar em um lugar novo durante todo o dia, fez com que o cansaço chegasse mais cedo e eu acabo caindo no sono, era a primeira vez em 4 anos que eu realmente estava sozinha, diferente da prisão que eu sempre via pessoas para lá e para cá, aqui só tinha eu e eu.
Era algo reconfortante.
Estar realmente sozinha, e estar com muitas pessoas e ser ignorada todo dia, era MUITO diferente. Assim eu noto o quanto precisava sair de lá.
Depois de vários pensamentos entre cochilos, eu acordo em um pulo quando noto algo diferente no ar e quando me viro, o grandão havia aberto a porta e estava colocando uma bolsa em cima da mesa do outro lado do quarto.
Como caralhos ele conseguia pisar sem nem fazer barulho?
- Seria educado bater na porta da próxima Tenente. - Digo enquanto cruzo minhas pernas em cima da cama e o encaro.
Ele só me olha e ignora o comentário.
- Se troque e vamos.
Eu pulo da cama direto para a mala e lá havia uniformes femininos casuais nada pesado, como camisas de cor escura ou estampa de camuflagem, e calças militares.
Roupa íntima pelo jeito nem se deram o trabalho né...
E eu acho algumas cuecas boxers que iriam me servir. Eu torço realmente para que pelo menos as cuecas sejam novas. Eu suspiro e vou até o banheiro me trocar, não iria confiar na educação dele de bater na porta antes de abrir.
Rapidamente eu coloco umas boxers pretas que me couberam perfeitamente, e sinceramente eram muito confortáveis. Uma camisa com pescoço de tartaruga verde escura de manga até meu antebraço e uma calça militar, não tinha muitas opções de calça porque só mudavam no tom de cor das estampas bem sutilmente, mas bem no fundo eu acho uma totalmente preta.
Saindo do quarto eu o vejo escorado na parede no final do corredor, e quando ele me nota ele começa a andar e eu aperto o passo para segui-lo. Enquanto andamos , eu estava distraída com as estruturas da base, que com certeza era mais do que meu olhos viam agora mesmo. Parecia que estávamos só na parte que era adaptada para os soldados como uma ala de descanço onde havia salas de treinamento, refeitório, uma pista de corrida e dois prédios enormes que eram os quartos das patentes maiores, porque os soldados de baixo escalão dormiam numas barracas mais separadas.
Apesar de já ser de noite , era bem iluminada e ainda estava muito movimentada, com soldados indo e vindo pelos corredores alguns chegando de missão e outros indo, alguns só andando casualmente ou fazendo sua ronda.
Chegando no refeitório eu percebo alguns gatos pingados sentados nas mesas comendo suas refeições e uma mesa que estava cheia mais ao fundo, felizmente ou infelizmente eram meus colegas de trabalho.
- Coma e depois vamos voltar. - Ele diz ríspido e se dirige a mesa depois que John acena para ele o chamando.
Foram 4 anos de isolamento social mas eu ainda tinha senso comum, e não iria ir me sentar com eles depois do nosso promissor primeiro encontro, era óbvio que não me queriam perto . Simplesmente adaptaria.
Entro na fila para pegar uma refeição e eram os próprios soldados que se serviam, por exemplo, cada dia alguém era responsável de ficar na cozinha. Não havia uma "tia da cantina" como em outras organizações. Era até entendível, porque confiar em alguém de fora para fazer a comida que TODOS vão comer se podem simplesmente fazer eles mesmos, arriscar um envenenamento em massa não era a melhor opção.
Quando chega minha vez eu pego uma bandeja e vou passando e eles iam servindo, arroz... almondega... feijão... alface... mas obviamente que não ia ser tranquilo. A porção servida para mim, era quase 1/3 da porção servida para os outros soldados. Eu encarei o homem que estava servindo, que já estava me olhando de cara feia desde que eu entrei no refeitório.
- Oque foi? Não tá satisfeita? Se ficar com fome pode ir lá no meu quarto mais tarde que eu te dou algo pra comer. - Seus colegas caem na risada com o comentário.
- Oque você tem ai com certeza não dá nem pra palitar os dentes. - Eu só respondo calmamente o encarando e saio de perto.
Não ia valer a pena uma briga dessas e com certeza eu não queria perder o pouco que eu já tinha de comida.
Eu me direciono a uma mesa afastada, quando eu percebo que meu guarda pessoal estava com os olhos cravados em mim, como uma águia. Não era pra tanto né senhor Tenente? Olha o tanto de gente aqui pra me segurar se eu tentasse alguma coisa.
E como eu estava com fome, eu só como rapidamente minha pequena porção em silêncio e nem me dava o trabalho de olhar para o rosto dos meus queridos companheiros soldados que passavam pela minha mesa, que sempre me olhavam sérios ou de cara feia.
Me sentia literalmente numa cova de leões.
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A caça
FanficDetenta em uma das maiores prisões dos EUA, Olivia era uma rastreadora e sniper profissional antes de se "aposentar" forçadamente contida sobre vigilância 24h, presa por diversos crimes internacionais, conhecida por toda a américa latina como " Lobo...