A caça

Capítulo 12 - A curiosidade matou o gato

Já era de noite e eu estava esperando dentro do carro enquanto Graves, Soap, Alejandro e Ghost estavam lá fora interrogando Hassan, conectados com um tal de Sherperd e a Laswell.

Esses dois últimos pelo que parecem não iam pela linha de frente, eram só a inteligência. 

Eu aproveito para dar uma olhada no meu machucado que tinha parado o sangramento mas ainda tava feio, nossa próxima parada eu torcia para ser alguma base local. Já tava de saco cheio de ter que ficar aguentando as merdas que esse careca falava, mas por sorte ele não me provocou mais.

A única alegria do dia foi a captura de Hassan, mas eu acredito que não durou por muito tempo, o pessoal estava voltando para os carros e com uma cara nada boa.

- Porra é sério isso? - Soap entra na minha esquerda.

- Calma Soap, não tem muito oque a gente fazer. O jeito é deixar ele solto pra ele correr pra saia dos homens dele de novo. - Ghost entra no volante acalmando Soap, ao mesmo tempo que me checava pelo retrovisor.

- Não tinhamos provas pra deixar ele preso, e matá-lo vai desencadear um conflito a mais. - Alejandro entra no carona.

Graves e seus homens voltam com Hassan em outro veículo.

- Acredita Soap, estamos tão frustrados quanto você. - Alejandro completa e o carro começa a andar.

Pelo oque eu entendi, passamos por toda essa confusão e horas de perseguição pra no final soltar o cara de novo. Pode ser que as coisas eram assim nas forças especiais, mas quando eu estava no comando, a única opção era matar sem deixar rastros, aqui é muita burocracia e era realmente frustrante, mas meu papel aqui era só ajudar eles na captura.

Oque eles iriam fazer com ele não era problema meu.

Nosso caminho foi direto para uma base das forças especiais mexicana, um pouco afastado da cidade, onde finalmente eu poderia tomar um banho, dar um jeito nessa perna e dormir tranquilamente.

Chegando lá todos descem do carro e Ghost acompanha Alejandro que estava mostrando o lugar enquanto Soap me ajudava a caminhar.

- Você tá um caco.- John comenta.

- Dá um tempo, eu to enferrujada. - A gente ri. - E eu acho que foi olho gordo do Alejandro, esse cara me odeia.

Eu podia sentir que pelo menos com Soap o ambiente era mais descontraído.

- Relaxa, ele ficou estressado no começo mas eu tenho certeza que ele te considera uma aliada depois de você ter salvado a bunda dele. - Eu rio solto um sorriso de canto.

Sem perder tempo Soap me leva para a ala médica mas eu estava tão cansada que nem me importei de entrar, e me joguei na maca, e enquanto a enfermeira fazia o procedimento na minha ferida eu olhava pela janela admirando o ambiente desértico da região.

Sempre gostei mais do frio.

- Você vai ter que ficar de repouso por pelo menos uma semana para que a ferida feche tanquilamente. - A enfermeira dizia com um sotaque espanhol carregado.

- Por supuesto. - Eu a respondo e ela dá um sorriso tímido tirando as luvas e me dando uma muleta.

Eu troco minha calça por um short que havia ali porque a calça poderia enroscar nos pontos.

Saio da sala e me deparo com as estruturas desconhecidas do novo lugar. Era diferente e isso me animava um pouco, eu sempre gostei de viajar e conhecer novos lugares e explorar a base temporária não seria problema pra mim.

Aproveito que Soap se foi e não tinha ninguém na minha cola e pergunto algumas direções para a enfermeira, saio direto para um corredor onde havia alguns armazéns e uma sala de documentos com relatórios das missões da base. 

Eu precisava descobrir se Hugo estava envolvido com alguma coisa relacionada ao cartel mexicano ou a Hassan. E infelizmente a maldita pasta que Laswell me deu instigou ainda mais minha vontade de enfiar meu nariz aonde eu não fui chamada.

E seguindo as informações da enfermeira eu entro em uma sala vazia que parecia mais sala de reunião ou planificação. Tinha oque parecia ser um palco com um balcão e um telão enorme desligado. E uma arquibancada que fazia parecer que fosse uma sala de cinema.

Eu dou alguns passos até ver um corredor no outro lado da sala que ia para trás da arquibancada e surgia uma nova porta, eu tento abrir... Trancada.

- Merda. - Eu bufo e volto ao corredor do lado de fora.

Andando mais alguns metros me encontro com outro pavilhão que tinha um ar mais sério onde tinha somente dois guardas fazendo a ronda, e parecia meio velho para que eles tivessem guardando ali atoa. Tinha alguma coisa boa ali.

Eu espero pacientemente até que um dos guardas vai até o outro e eles parecem conversar, e eu aproveito para dar a volta e entrar despercebida.

E como um baú do tesouro no final do arco-íris, eram 3 corredores com estantes de puros documentos, provavelmente relatórios de missões ou documentos nem tão importantes. Os de alta classificação com certeza estavam na central do lugar onde era dez vezes mais protegida, mas esses aqui já bastavam por enquanto.

Eu começo a passar o olho nos documentos organizados por datas até achar os de 3 ou 2anos atrás onde havia duas pastas enormes e ali mesmo eu começo a ler, de pé escorada na estante enquanto descançava meu peso na muleta. Eu estava submergida com tanta informação que eu não sei se seria útil, mas era um tiro de sorte.

A maioria dos relatórios falavam sobre missões contra o cartel e suas drogas e armas, contrabando e assassinato, tudo junto e misturado. Eles realmente deram trabalho para o Alejandro desde sempre hein? A lista de crimes era interminável, e a de problemas também, e tudo estava muito interessante até eu ver a primeira página da segunda pasta.

Quase todos os papéis de aí em diante falavam sobre Hugo Satra.