Capitulo 11

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Elisa

— O que você faz aqui, Ricardo? — perguntei, a voz carregada de surpresa e frustração. O inesperado encontro trouxe um turbilhão de emoções, e a tensão era palpável. O parque, que há poucos minutos parecia sereno, agora parecia um palco de confronto. Minhas mãos instintivamente apertaram a bolsa, tentando disfarçar o desconforto. Minha mente estava a mil, tentando processar sua presença.

—Eu estou hospedado naquele hotel. — Ele apontou para o hotel próximo ao parque, com um sorriso que parecia deslocado. — Saí para almoçar e, quando estava voltando, vi você aqui.

Meu olhar se fixou nele, tentando decifrar suas intenções. Não era coincidência; Ricardo nunca fazia nada sem um motivo escondido.

— Quero saber o que você está fazendo aqui em Bangkok. — Minha voz saiu mais firme desta vez, o tom severo deixando clara minha impaciência. Sua presença era como um fantasma do passado que eu não queria revisitar.

Ricardo hesitou por um momento antes de responder, mas seu sorriso permaneceu.

— Você acha que eu esqueci do seu aniversário, meu amor? — Ele disse com um tom meloso que me fez estremecer de raiva. - Eu jamais esqueceria.

Meu sangue ferveu instantaneamente. Como ele ousava agir como se tivesse sido um marido dedicado?

— Só esqueceu em todos os anos que estivemos casados. Olha, eu devo ter feito algo muito ruim em outra vida pra ser punida com sua presença logo no meu aniversário. — Cruzei os braços, tentando conter a ira que crescia dentro de mim. As palavras saíram afiadas como lâminas.

Ele fingiu ofensa, colocando a mão no peito como se tivesse sido ferido.

— Elisa, por favor, não seja tão dura. — disse com uma expressão que, em outros tempos, poderia ter me enganado. — Eu só queria te ver, saber como você está.

A audácia dele me deixou sem palavras por um momento, mas rapidamente me recuperei.

— Saber como eu estou? - Minha risada foi amarga, ecoando pelo parque. — Você nunca se preocupou com isso, Ricardo. Não venha agora fingindo que se importa. Não quero saber de você, pare de forçar sua presença na minha vida.

Ele abriu a boca para argumentar, sua expressão alternando entre irritação e falsa cordialidade, mas sua atenção foi desviada ao perceber Malee ao meu lado. Seus olhos curiosos deslizaram sobre ela, avaliando-a rapidamente, antes que seu queixo se erguesse em um gesto de confiança forçada.

— Olá, sou Ricardo, marido da Elisa. — Ele disse em inglês, já que ele não sabia falar tailandês. Ele estendeu a mão para Malee, sua voz carregada de um tom pretensioso, como se sua presença fosse algo impossível de ignorar.

Senti meu corpo enrijecer instantaneamente. A audácia dele em se referir a si mesmo como meu marido era revoltante, mas antes que eu pudesse reagir, percebi a maneira calculada com que Malee observava a mão estendida de Ricardo.

Ela não a apertou.

O silêncio entre nós os três se tornou quase ensurdecedor. A recusa de Malee foi clara, proposital, e a tensão no ar se intensificou, densa como eletricidade antes de uma tempestade.

— Marido? — Ela repetiu lentamente, erguendo uma sobrancelha com um brilho cético no olhar. Seu tom era afiado, desprovido de qualquer simpatia.

Ricardo forçou um sorriso arrogante, tentando sustentar sua pose de superioridade.

— Sim, fomos casados por muitos anos, temos uma longa história juntos.

Malee manteve o olhar fixo nele, sem se abalar.

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