Capitulo 6

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Oii, xuxus!
Dia nacional do escritor e estou comemorando da melhor forma!! Publicando capitulo novo para vocês❤️
Boa leitura a todos!!
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  Dias se passaram, não sabia exatamente quantos. Acordava todas as noites depois do mesmo pesadelo; uma menina de cabelos ruivos, virava–se revelando garras enormes e corria atrás de mim, porém, eu sempre caía e voltava a realidade. Era apenas um fruto de minha imaginação, nada real.

Estava vivendo em um looping infinito; acordar, experimentos, montar um plano com Henrique e dormir. A cada segundo que se passava, Henrique estava mais fraco. Agonia tomava conta de mim dia após dia.

Andava de um lado para o outro, e Henrique estava jogado em sua cama, riscando a parede com sua adaga. O chip continuava escondido, mas dessa vez com ele, junto da arma cortante.

– Não tem janelas nesse lugar – Disse Henrique, a voz fraca, olhando a enorme cela de vidro. – Você é mais ágil do que eu, Agatha! Por que não foge logo?

– Não vou te deixar aqui, Henrique! –Respondi, estressada.

Henrique fez uma expressão maliciosa, revirei os olhos e me sentei.

– Você é meu aliado, esqueceu? Não vou te deixar morrer!

Henrique não respondeu, apenas encarou o teto. Eu não tinha mais o que fazer, precisava de sossego e paz. Apesar daquele lugar ser tão silencioso a ponto de minha voz ecoar por todos os cantos, não existia paz. Nem todo silêncio traz conforto e sossego, e eu apenas percebera isso durante meus dias como prisioneira.
                                                                                                       [...]

Não conseguia dormir. Henrique estava quieto, mas não sabia ao certo se também estava acordado, apenas permaneci calada. A porta se abriu, como sempre fazia, sinalizando que Henrique seria chamado para mais experimentos.

Porém, foi diferente.

Um guarda qualquer rodou o andar inteiro, mesmo as celas vazias ele observou.

– Estão dormindo, vamos logo! Hoje é o nosso dia de folga, já que Vossa Majestade viajou á negócios. – Uma voz vindo da porta disse.

Torci para que Henrique estivesse ouvindo o mesmo que eu.

– Certo. Estão dormindo mesmo. – A porta trancou–se.

Minutos se passaram e nada de Henrique, era a nossa chance. Procurei pelo chip na cela, mas logo lembrei que estava com meu aliado.

– Vamos? – Disse Henrique, tão baixo, que soou como um sussurro. Ele estava em minha frente, com ambas as celas destrancadas. Sorri para ele e me levantei.

Subimos as escadas que davam em direção a porta, e a destrancamos. Andava na ponta do pé, sorrateiramente, para não chamar a atenção de ninguém. Henrique andava em minha frente, porém parei, e ele sentiu. Assim que olhou para mim, franziu o cenho.

– Tem mais alguém...ou algo, que precisamos libertar. – Sussurrei, enquanto dava meia volta, Henrique agarrou meu pulso e balançou a cabeça, negativamente.

– Não existem mais celas aqui, Agatha!

– Existem, Henrique! Antes de me colocarem na cela, o Rei teve uma conversa com um de seus guardas. –Não tive coragem de dizer que o guarda era Zion, não tínhamos tempo para explicações. – Eles acharam que eu não me lembraria, mas existe uma porta ao lado das nossas celas, e nela alguma coisa tão intocável está aprisionada, que nem todos podem entrar.

Henrique então me soltou e caminhamos juntos novamente até a cela. Nenhuma porta, apenas uma parede. Comecei a procurar por qualquer sinal que revelasse uma cela, um esconderijo, seja lá o que aquilo fosse. Existia sim uma porta ali, tinha de existir!

– Eu disse, não tem nada aqui. – Henrique virou meu rosto para que eu pudesse encará-lo. – Mesmo que tenha, não temos tempo!

Antes que pudéssemos continuar, olhos brancos apareceram atrás de Henrique. O príncipe Dimas nos encarava, com uma expressão de diversão. Pensei em correr, mas meus pés estavam travados no chão.

– Parece que hoje a noite será longa... – Ele arrastou da escuridão, Zion, que estava praticamente sendo sufocado, devido a força que as mãos do príncipe faziam em volta de seu pescoço.

Zion lutava contra a força do príncipe, tentava respirar, mas não conseguia. Sufoquei um grito com as mãos. A expressão de Henrique era indecifrável diante da situação.

– Solte–o! – Ordenei ao príncipe, ele apenas riu e apertou ainda mais as mãos em volta do pescoço de Zion.

Raiva tomou conta de mim, senti a cicatriz em minha mão arder e brilhar. Em uma fração de segundos, minhas mãos estavam na gola da blusa de Dimas, ele estava pressionado contra a parede. Sua expressão não aparentava horror, apenas surpresa, como se eu não fosse capaz do que eu estava fazendo. Comecei a me sentir fraca, pouco a pouco. Notei que o príncipe tentava controlar a minha mente. Minhas mãos automaticamente deixaram a gola de sua camisa. A feição do príncipe mudava, seus olhos brancos deram lugar a olhos azuis, os cabelos loiros se tornaram um castanho escuro, o rosto jovem desapareceu e traços maduros surgiram em seu rosto.

Dimas não era mais um príncipe, ele se tornara meu pai. A pessoa que eu mais odiava.

Um jogo de ilusão, um jogo de ilusão, um jogo...

À medida que meu pai se aproximava lentamente, eu recuava alguns passos. Minhas costas encontraram a parede, o espaço entre nós dois apenas diminuía, seu punho se fechou pronto para golpear. Então, Henrique apareceu atrás de meu pai e rasgou a pele de seu braço com a adaga. Tudo voltara ao normal. Dimas gemeu de dor, e caiu de joelhos. Levou a mão ao local da ferida, sangue azul escorria sem parar.

Eu estava paralisada, em transe, não conseguia respirar. Mãos calejadas foram de encontro a minha pele, com cuidado, e me levantaram o mais rápido que puderam, me despertando. Era Henrique.

– Corram! –Foi tudo o que Henrique disse, e nós fizemos.

Corremos, até a entrada do palácio, alguns guardas perceberam a agitação e começaram a correr atrás de nós três; eu, Henrique e Zion. A adrenalina era tanta que eu não sentia minhas pernas. Corremos por todo o vilarejo, Henrique parecia ter algum rumo. Olhei por cima do ombro, os guardas estavam ficando cada vez mais longe. O ruído intermitente do trem fez todos nós sentirmos alívio. Não havia outra solução.

Corremos até a estação a tempo suficiente. Fui a primeira a conseguir subir enquanto o trem ainda estava em velocidade.

– Segurem–se. –Gritei. Agarrei uma barra de ferro e a puxei com força, revelando um vagão cheio de caixas. Estendi a mão para Henrique que corria já sem fôlego, ele agarrou e entrou dentro do vagão. – Venha! – Gritei para Zion. Ele corria o mais rápido que podia, estendendo a mão ao máximo. Assim que a alcançou, entrou no vagão junto de mim. Fechei o vagão, deixando apenas uma pequena brecha de luz, e me sentei em um pequeno espaço entre dois lotes de caixas com maçãs.

Nenhum de nós falou nada, estávamos ofegantes e cansados.

Eu havia conseguido, havia fugido.

De fogo e Ruínas (Uma vida em troca de outra)Onde histórias criam vida. Descubra agora