Capitulo 9

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  O lugar que passamos era uma realidade triste. As ruas com paralelepípedos no chão, estavam repletas; de moradores com as roupas gastas, pedindo por algum dinheiro para conseguir alimentar a si mesmo ou aos filhos que se viravam pelo mundo a fora para ajudar a família. Eles estavam vivendo em meio a escuridão, da qual o mínimo de pessoas conseguiam olhar através da mesma.

Os olhares famintos, pedindo por qualquer oportunidade para ter uma vida; pois aquilo era tudo menos viver, e sim, sobreviver.

— Eu nunca havia passado por aqui.— Digo baixinho, para mim mesma, em um tom carregado de tristeza ao ver aquela cena. Continuo a andar, mas não deixo de olhar para os lados, observando a tamanha pobreza que fora deixada para o lado "obscuro" do reino.

— É assim que funciona, Agatha... — Zion fala, mas não dirige o olhar para nenhum deles. — A rainha não os vê. Para muitos os reinos são apenas a beleza, é isso que cega as pessoas de alguma forma. Elas nunca olhão. — Ele diz, referindo-se aos necessitados que estavam ali.

Olho para Henrique, sua expressão é neutra, como se aquilo fosse tão normal para ele que nada o surpreendia. No meu reino,o reino do gelo, o Rei e a Rainha apenas davam um fim a aqueles que não tinham utilidade para o lugar, então, não era comum ver nenhuma pessoa sofrendo nas ruas. No reino das flores não era muito diferente, apenas mais lento, as pessoas ficariam sentadas dia após dia, procurando por qualquer migalha de esperança que qualquer alma pudesse oferecer.
                                  [...]

O sol voltava a aparecer, e a beleza do reino voltava aos poucos. Estávamos subindo a íngreme colina, precisei parar cerca de três vezes para respirar, Zion já estava impaciente, enquanto Henrique só aceitava a subida, sabia que seria por um bom propósito. Eu não tinha físico para aquela subida no momento.

— Como sabe para onde estamos indo? — Perguntou Henrique, desconfiado. Sua voz não soava tão distante.

— Rastros de magia, por todo o lugar, no chão, nas árvores, no ar... —Respondeu Zion.

— Esperem. — Eu disse, ofegante enquanto corria para alcançá-los. Eles rapidamente se viraram, Zion continuou a andar. — Eu pedi para esperar!

Ele se virou e me encarou.

— Porra. Qual o seu problema? Estamos quase chegando. — Zion perguntou.

— O meu problema é cansaço! Eu apenas estou pedindo por alguns segundos para conseguir respirar...ou melhor, implorando. — Limpei algumas gotas de suor que estavam escorrendo por todo o meu rosto.

Zion apenas revirou os olhos e passou as mãos pelo cabelo. Claramente cansado devido minhas pausas.

— Quando você for para uma cela e passar quase um mês, poderá reclamar. Caso contrário, apenas cale-se e não fique tendo essas crises de raiva. – Henrique me ajudou a continuar andando. Ficamos lado a lado com Zion. — Lembre-se, Agatha salvou a sua vida e você apenas ficou parado observando-a sofrer.
Zion franziu a testa e logo riu debochando. Ele abriu a boca para falar, mas Henrique foi mais rápido.

— Eu falei que caso contrário você deveria calar a sua boca! — Dessa vez uma certa fúria percorreu por Henrique e faíscas de fogo reluziram em sua pele por questão de segundos. Zion continuou andando.

— O que foi isso?

— A pequena porcentagem que me resta de poder. — Disse Henrique desviando o olhar, um pouco triste.

Consigo recompor meu fôlego, continuando a caminhada. Faltava pouco para chegarmos ao nosso destino, o palácio ficava cada vez maior, me fazendo ter a sensação de ser apenas uma pequena formiga em meio de toda aquela natureza.
                          [...]
Uau, foi tudo o que eu consegui pensar.

A fachada do palacio das flores, é ornamentada com detalhes florais esculpidos em pedra, refletindo a temática botânica do palácio. Colunas clássicas sustentam um imponente frontão, adornado com relevos de flores e folhas. As janelas arqueadas são emolduradas por trepadeiras que escalam as paredes, conferindo um toque de natureza viva à arquitetura. No centro, há um grande portão de ferro.

Zion falou algo para os guardas e em seguida, eles abriram passagem. Tentei manter uma postura enquanto caminhava pelo caminho de pedras antes de ficar cara a cara com a porta do palácio.

A porta de madeira antiga, com entalhes intricados e desgastados pelo tempo, começou a brilhar em um leve tom azulado. Suavemente, ruínas místicas inscritas em seu centro começara a cintilar, dançando com um brilho etéreo. À medida que a luz se intensifica, um suave zumbido mágico enche o ar. A fechadura enferrujada se solta sozinha, emitindo um clique audível. Com um leve ranger, a porta se abre lentamente, revelando um feixe de luz prateada que emana de dentro, como se nos convidasse a atravessar para um mundo cheio de mistério e encantos.

Levo a mão aos olhos, a luz é tão forte que praticamente me deixa cega. Conforme, a mesma vai diminuindo, levanto os olhos lentamente em sua direção. A rainha estava de pé, em uma séria expressão, o vestido dourado deixa os traços de seu rosto suaves.

Seus olhos verdes observam nós três, mas se crava em uma pessoa, meu aliado.

— Henrique, há quanto tempo não o vejo.– Ela abre um sorriso e desce o olhar sobre o mesmo. Henrique não retribui o sorriso. — Entrem. – Ela nos convidou e virou as costas.

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É como dizem "Quem está vivo sempre aparece", e cá estou eu hahaha!
De onde será que a rainha conhece o Henrique?👀
Enfim, essa semana terei avaliações, então os capitulos irão demorar um pouco mais, porém, serão postados assim que possível.

De fogo e Ruínas (Uma vida em troca de outra)Onde histórias criam vida. Descubra agora