Não tive tempo para tentar me defender ou contar alguma mentira sobre quem eu não era e o que eu estava fazendo ali.
Então apenas me mantive calada, pensando. A arma continuava em minhas costas, respirava fundo a cada guarda que se movimentava pelo pequeno cômodo. Pensei em algumas identidades falsificadas que eu carregava comigo, elas funcionavam para enganar os guardas que normalmente me barravam na entrada de qualquer reino.Lembrei de uma documentação que achei no chão do palácio, uma menina chamada Helena Daz.
Talvez ela também estivesse no dia da invasão, deveria ser de outro reino, por isso a documentação. No dia seguinte á invasão eu falsifiquei toda a documentação em uma gráfica de confiança, lembro-me que algumas informações estavam totalmente riscadas, então apenas as inventei.Antes que eu pudesse pegá-la para tentar uma falsa justificava e uma rápida fuga, um dos guardas fez um sinal para aquele que estava atrás de mim. Rapidamente, ele arrastou uma cadeira e me sentou à força, amarrando com cordas mentais meus braços e pernas, era um jogo de ilusão, mas eu não conseguia me soltar, não tinha forças sem os poderes. Guardas tinham poderes específicos, como esses, dos quais não podemos ter. O guarda que me amarrou continuou com a arma, porém, não estava pressionada em minhas costas, e sim, apontada para mim.
-Onde está a coroa? -O mesmo guarda perguntou.
-Eu não sei. -Péssima resposta.
-Você é inteligente demais para fingir ser burra. -Ele segurou meu rosto e me deu um soco. Senti uma pressão em meu nariz, estava sangrando. -Onde está a coroa? -Sua voz era calmamente fria.
Ele preparou para atirar.
-Baixe a arma, Jason! -Um guarda parado na porta disse. -O rei avisou que queria a garota viva.
O guarda hesitou, mas logo baixou a arma. Eles olharam para mim, continuei sem respostas. Onde estava, Zion?
-Ela não irá falar. -Jason, o guarda, avisou. -Tragam o príncipe Dimas.
Engoli em seco. Senti meu peito palpitar ao ouvir os passos de Dimas se aproximando. Ele apareceu á porta, com um olhar frio pesando sob mim, mantive uma expressão calma, apesar de só querer sair logo daquele "beco sem saída". O príncipe caminhou até mim e abaixou para ficar na minha altura.
-Você. -Foi tudo que consegui falar.
Nenhuma resposta, apenas um sorrisinho de canto.-Não vai doer nada. -Ele disse e suas palavras soaram como uma fumaça.
Seus olhos ficaram totalmente brancos, senti meus sentidos ficarem fracos, um alto zumbido se instalou em meu ouvido.
Apaguei em seguida.[...]
Meus olhos se abriram lentamente, tentei levantar-me mas minhas pernas continuavam "amarradas". Senti meus olhos pesarem, estava cansada, minha garganta seca. Então comecei a me lembrar, a coroa, o príncipe, a arma, os guardas...onde eu estava? Olhei em volta, mas não via nada, além de um pequeno raio de luz que entrava pela janela que havia no cômodo.
Passos soaram por perto.-Mais fácil do que pensei que seria. Aliás, o que não se consegue com um toque de magia?-Ouvi uma voz falar e uma segunda pessoa rir.
O ranger da porta foi o único som que se ouvia no lugar, além de minha respiração. O mesmo guarda que me prendera estava lá, porém acompanhado dele, uma feição conhecida. Zion.
Uma fúria percorreu por todo meu corpo, encarei-o, analisei seu rosto e não esbanjava nenhuma surpresa. Não, era melhor nem pensar.
Ambos não falaram nada, apenas seguraram meus dois braços e tiraram as amarras ilusórias de meus pés a fim de que eu pudesse caminhar. Com o coração disparado, fui guiada até uma sala, eu a reconhecia, a sala do trono real. Fora ali que eu havia roubado a coroa, e agora seria no mesmo lugar que ela seria devolvida. A enorme porta foi aberta, e lá estava o rei Mason e a rainha sentados em seus devidos tronos. O príncipe Dimas estava ao lado do pai, de pé. Os três fuzilaram o olhar sob mim.-Solte-a -Ordenou o rei. -Duvido que a pequena Agatha fuja agora. -Ele levantou do trono e veio caminhando até mim. Zion e Jason estavam posicionados próximo do altar do trono.
Faça uma reverência. Zion disse silenciosamente, fiz leitura labial. Apenas isso. Apenas isso! Nem mesmo um pedido de desculpas através do olhar.
Fiz uma pequena reverência ao rei e sua esposa. A resposta foi apenas uma risada, que ecoou na sala.-Admiro tamanho esforço! -Disse a rainha, enquanto mexia na trança em seu cabelo.
-Por que roubou a coroa? -Mason perguntou.
Hesitei por um momento. Todo o sentimento que senti quando vi minha mãe morrendo veio a tona. Então respondi.
-Por que matou minha mãe? -Rebati a pergunta.
Ele estalou a língua e riu.
-Sua mãe é uma criminosa como você. Você sabe muito bem que ela estava se relacionando com uma pessoa de outro reino. Inclusive o amante dela está morto. -Ele fez uma pequena pausa. -Pelo menos se amarão no inferno, não acha?
Minha mãe nunca havia se relacionado com ninguém que não pertencesse ao nosso reino. Lembro-me que ela sempre trocava cartas com alguém, mas, nunca me falou com quem. Ela sempre dizia; "Assuntos de adultos crianças não se metem."
Não ousei responder a atrocidade que o rei acabara de falar. Ele estendeu o braço para mim, aceitei, qualquer resposta, ou qualquer movimento era decisivo, poderia estar mais perto de morrer do que imaginava.
-Esconder a coroa em um cofre não foi tão inteligente...apesar de que imagino que naquela casa você não tinha muitas opções de esconderijos, ou, foi apenas um plano desesperado feito de última hora.-Era a segunda opção. Ele disse, antes de se retirar da sala do trono.
Observei o palácio, estava diferente desde a última vez que eu o visitara. Criados passavam de um lado para o outro, alguns cochichavam conforme eu passava, mas não me intimidavam. Subimos a enorme escadaria em formato de caracol. Paramos em frente a uma porta branca, que continha um espaço para uma digital. O rei colocou seu polegar no espaço de vidro e logo a porta em nossa frente se abriu. Fiquei impressionada, eu nunca havia visitado aquela sala...era a famosa sala das poções.
Olhei as prateleiras, as poções borbulhavam, eram líquidos azuis, alguns até transparentes como a água. O rei fechou a porta, atrás de mim. Ele sabia que eu havia perdido os poderes, pensei.
-Sei que sua jornada aqui no palácio será longa...e não gostaria de matá-la logo, assim como fiz com sua mãe. Não foi tão...-Ele parecia tentar achar uma palavra. -Prazeroso? Não...divertido!
Ele pegou uma poção, e logo me entregou. O pequeno vidrinho estava fechado com uma rolha. Olhei para o rei e ele apenas assentiu, enquanto me observava.
-Alguns poderes podem ser desconhecidos para você...vamos ver o que seu corpo irá absorver. Se funcionar bem ficaria feliz em tê-la como mais um experimento. -Em seguida de sua fala, bebi.
Me senti sonolenta da mesma forma quando o Príncipe Dimas jogou a sua magia sob mim. A diferença é que dessa vez eu ouvia tudo, só não conseguia me mover. Senti meu corpo despencar no chão gelado. Mãos frias o seguraram no colo, tive vontade de gritar para me largar. Fiz o máximo esforço mental para acordar, mas eu parecia estar em uma sala cheia de espelhos, onde eu não entendia o que era a saída.
-Aquela não! Essa. -O rei disse a alguém. -Aprenda, de uma vez por todas! Aquela cela ninguém poderá mexer, apenas eu terei acesso. Vocês terão acesso à essa, apenas essa.
-Ela pode nos ouvir, Vossa Majestade?
-A voz de Zion perguntava. Eu tinha tantas perguntas.-Se puder, não se lembrará. -Então, senti a mesma fumaça de poder em minhas narinas. Agora eu não continuava mais na mesma sala de espelhos, havia despencado dela e mergulhado em uma escuridão de silêncio e esquecimento.
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Olá, queridos leitores! Como estão depois desse capitulo? Hahaha! Espero que bem.
Chutam o que poderá acontecer no próximo capitulo? 🤭
Um beijo, e obrigada por lerem até aqui!
Próximo capitulo talvez saia na segunda...mas acho difícil! Então provavelmente na terça feira sem falta❤️
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De fogo e Ruínas (Uma vida em troca de outra)
Fiction générale+16 anos(contém gatilhos como: Violência, assassinato e problemas parentais) "Somos divididos por reinos. Nosso trabalho é afugentar o inimigo. Mas eu fiz outra escolha; eu mesma me tornei o inimigo." Agatha Moretti, após o injusto assassinato de...