De fogo e Ruínas (Uma vida em troca de outra)

Capitulo 13

Gazeta real- Edição Especial

A Rainha Morgana celebra o Início do Solstício com um Grande Baile no Palácio Real

Na noite de amanhã, os salões do majestoso Palácio Real serão palco de um dos eventos mais esperados do ano: o Grande Baile do Solstício. Organizado em comemoração ao início do solstício de verão, o evento promete reunir pessoas de todos os cantos do reino, desde pebleus até nobres.

A rainha, conhecida por sua graciosidade e atenção aos detalhes, está pessoalmente supervisionando os preparativos. O salão principal está sendo decorado com flores raras que só florescem durante a época do ano, representando o renascimento e a abundância da estação. Fontes internas indicam que o menu da noite contará com iguarias exóticas preparadas pelos mais renomados chefs do reino, e os músicos da corte já estão afinando seus instrumentos para embalar a noite com melodias encantadoras.

Segundo fontes próximas à Coroa, a rainha, sempre inovadora, busca reviver antigas tradições. A ideia é que os convidados participem de uma noite em que a identidade será secundária e as aparências darão lugar à surpresa e ao mistério. Com trajes de gala e máscaras personalizadas, todos estarão cobertos dos pés à cabeça, impossibilitando até mesmo os mais próximos de serem reconhecidos.

"O objetivo é proporcionar uma noite onde títulos, status e formalidades sejam deixados de lado, permitindo que todos se divirtam sem as amarras do cotidiano," revelou a mestre de cerimônias.

"Vocês poderão contar seus piores segredos e até mesmo dançar com qualquer um. Se a aparência não lhe agrada, não há com que se importar," diz a rainha.

Esperamos vocês para a grande noite.

                                                 Safira Lotus

— Muito obrigada. – Diz Beatrice entregando duas moedas para uma criança pelo editorial que estava vendendo. Assim que acabo de ler, balanço a cabeça.

— Eu não vou.

Beatrice revirou os olhos e continuou a andar com sua cesta cheia de panquecas para a entrega.

— Mas é claro que vai, Agatha. – Ela começou. — O baile é o evento do ano, muitas pessoas estarão presentes, precisamos nos unir para achar Helena. 

Continuo a andar, observo as crianças correndo e oferecendo a nova edição da gazeta real para conseguirem levar dinheiro para suas famílias. Meus olhos pairam sobre a majestosa construção no topo da colina, então me lembro de Morgana.

— Posso te perguntar algo? – Me viro para Beatrice e pergunto, queria saber qual a relação da rainha com Henrique.

— Vá em frente, pergunte.

— O que você sabe sobre a relação entre Henrique e a rainha Morgana?

— Por que está perguntando isso?

— Estou tentando entender a conexão deles...o dia em que fui ao palácio ela se dirigiu a ele como conhecidos de longa data.

— Bem, não é exatamente com Henrique que Morgana tem uma ligação. Na verdade, ela ajudou a mãe de Helena e Henrique.

— E o que exatamente ela fez pelas duas?

— Ela a salvou, em um momento crítico. Mas o preço desse favor... Bom, é o tipo de coisa que ninguém gosta de mencionar. Elas compartilham uma história antiga, uma espécie de pacto que mudou o curso de muita coisa. – Disse ela, com o olhar distante como se estivesse se agarrando a um passado que não a pertencesse.

                               [...]

Chegamos a costureira que Beatrice tanto falou. O ateliê era pequeno, de forma que me deixasse agoniada. Passo por um estreito corredor onde o piso é constituído por uma madeira velha. Beija-flores mágicos, pequenos e brilhantes, com plumagem iridescente que reflete todas as cores do arco-íris. Suas asas vibram tão rápido que criam trilhas luminosas no ar enquanto voam em torno de tecidos flutuantes. Com seus bicos finos e precisos, eles puxam delicados fios de ouro e prata, costurando vestidos etéreos com habilidade encantada. Ao se aproximarem das peças, faíscas de magia cintilam, e as linhas brilham enquanto os vestidos ganham forma. Cada vestido é único, refletindo a harmonia entre a natureza e o poder mágico da dupla de beija-flores.

— Uau...

— Eles são os ajudantes dela. Mas nada real, é criado com um toque de magia...

De repente uma mulher baixa, e com uma postura preguiçosa chega. Está usando um vestido feito totalmente para ela. Assim que chega mais perto, coloca seus óculos e finalmente parece nos enxergar.
— Você não é a ladra de coroas? – A mulher fala e me analisa de cima a baixo. — Espero que não venha roubar o meu ateliê...mas e você Beatrice, do que precisa?

Respiro fundo, apesar de sentir a raiva passar por todo o meu corpo. Não irei me descontrolar.

— Precisamos de vestidos para o baile. Urgentemente!

A costureira encarou Beatrice por alguns segundos, que pareceram mais minutos devido ao olhar que dirigiu a ela. Ela suspirou e estalou os dedos fazendo com que cobras- com escamas suaves e brilhantes- aparecessem, se enrolando delicadamente em meu corpo e de Beatrice como uma fita métrica viva. A ponta da cauda da cobra tem uma espécie de gancho que se fixa suavemente no ponto de partida da medição, enquanto a cabeça da cobra desliza suavemente ao redor dela, ajustando-se e medindo com precisão cada centímetro.

— Certo. Me chame de Evangeline, Agatha! – E assim, ela começou seus trabalhos com toda a magia que conseguiu.