Capítulo 19 - Enfaixando meu Ferimento

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[Lila]

Eu nem tinha percebido que estava cortada, até ver a expressão no rosto de Enzo quando ele me disse que eu estava machucada. Então senti uma pequena ardência na testa e o sangue escorrendo pelo lado do meu rosto.

Seus olhos estavam escuros e fixos em minha ferida.

Honestamente, já tive ferimentos piores. Aquele era insignificante em comparação. Mas não digo isso a ele. Em vez disso, ele faz algo que eu não estava esperando.

Ele envolveu um braço ao meu redor e me levantou em seus braços, me acalentando como uma criança de colo. Meu coração pulou no peito e meus olhos se arregalaram, enquanto eu olhava para ele. Ele ia me levar de volta para a casa da matilha.

"Eu posso andar, sabe?" eu digo a ele.
"Isto será mais rápido."

Antes que eu pudesse perguntar como diabos ele me pegar no colo, tornaria tudo mais rápido, ele começa a correr. Enzo nem estava em sua forma de lobo. Ele estava apenas correndo comigo em seus braços. Eu envolvo meus braços em volta de seu pescoço para me equilibrar, pressionando meu rosto contra seu peito e respirando seu incrível cheiro.

Val estava em êxtase completo.

Eu tive que continuar lembrando-a, de que esse não era o cara que queríamos como companheiro. Com base no que Dee havia dito, ele era incapaz de amar de verdade.

Eu só podia imaginar, como devíamos parecer para aqueles que passavam por nós.

Rapidamente chegamos de volta à casa da matilha, e o Beta Ethan foi o primeiro a nos cumprimentar quando entramos.

"Eu disse para você mantê-la aqui." Enzo resmungou, enquanto passava por seu Beta.

"Eu não sabia que ela tinha saído..." Ethan disse em resposta. "Desculpe..."

Enzo o ignorou e subiu as escadas comigo, mantendo seu apoio em mim e não me deixando andar sozinha. Eu pensei que iriamos para o banheiro ou algo assim, mas em vez disso, ele me levou direto de volta para o quarto de hóspedes.

Finalmente ele me soltou na cama e sem dizer nada, ele entrou no banheiro que havia ali. Respirei fundo para acalmar meu coração acelerado e minha loba ansiosa. Minhas palmas estavam ficando suadas. Esse sentimento não era algo com o qual eu estava familiarizada, e eu não gostava particularmente. Especialmente quando envolvia Enzo.

Eu queria perguntar a ele por que ele ainda não me rejeitou, mas então havia uma parte de mim que temia o que ele diria. Eu não tinha certeza se queria saber a resposta dele.

Só machucaria Val.

Enzo voltou momentos depois com um pano, uma pequena tigela de água e um kit de primeiros socorros. Ele colocou os suprimentos ao meu lado na cama e pegou uma cadeira para que pudesse se sentar na minha frente. Eu não disse nada, enquanto ele molhava o pano na água morna antes de colocá-lo em minha ferida. O calor da água era agradável, mas seus dedos roçando minha pele eram ainda melhores.

Era como pequenos choques elétricos. Como formigamentos, que se espalhavam por todo meu corpo. Isso trouxe arrepios aos meus braços e um pequeno arrepio pela minha espinha. Mas o aquilo não era uma sensação ruim. Era como cócegas. Era minha loba se contorcendo de prazer. Eu podia sentir o quão satisfeita ela estava.

Enzo parecia tão focado em limpar minha ferida, que havia uma pequena ruga entre suas sobrancelhas, enquanto ele fixava seu olhar em minha testa. Ele mordeu levemente o lábio inferior, concentrado no que estava fazendo. Eu não pude deixar de olhar para seus lábios carnudos e morder os meus.

Ele estava tão perto de mim que eu tinha certeza de que ele seria capaz de ouvir meu coração batendo. Ele cheirava tão bem. Eu queria me inclinar e beijá-lo. Lembrei-me de como seus lábios eram macios e delicados, quando o beijei naquela vez no corredor.

E pensar que eu achava ter sido um desperdício o meu primeiro beijo. Eu só não sabia que ele era meu companheiro quando aconteceu.

Mas talvez...

"No que está olhando?" Ouvi sua voz profunda e quase rouca perguntando, me tirando de meu transe.

Eu pisquei algumas vezes, encontrando seus olhos. Meu rosto esquentou sob a intensidade de seu olhar.

"Nada." eu disse. "Você realmente não precisa fazer isso..." eu digo, alcançando o pano que ele havia colocado em minha cabeça. Meus dedos tocaram os dele e eles congelaram.

"Vai cicatrizar rápido." ele disse, mantendo seus olhos nos meus. "Mas eu não quero que fique infectado. Seu pai arrancaria a minha cabeça. Eu prometi que te levaria para Elysium em segurança..."

É claro, ele estava fazendo isso pelo meu pai.

Eu lhe dei um pequeno sorriso e não disse mais nada, enquanto ele passava um pouco de gel transparente na ferida. Eu estava esperando que a decepção não estivesse estampada em meu rosto, mas se estivesse, ele não se importou. Enzo colocou um curativo em minha testa e deu uma última olhada.

"Que parte de 'fique longe de problemas' você não entendeu?" Ele então perguntou, estreitando os olhos para mim.

Ele não estava realmente chateado comigo, estava?

"O quê?" Eu perguntei, levantando as sobrancelhas.

"O que você estava fazendo fora da casa, essa hora da noite?"

"Eu queria ar fresco." murmurei. "Não gosto de ficar presa por muito tempo."

"Foi estúpido." ele resmungou.

Então ele se afastou de mim para limpar seus suprimentos. Eu apenas o encarei perplexa.

"Com licença, mas se eu não tivesse saído, não teria encontrado aquela mulher e..."

"Você não teria se machucado."

"Eu salvei a vida daquela mulher. Um 'obrigado' seria bom de ouvir." eu retruquei, tentando não ficar muito brava com ele.

Eu sabia que ele estava apenas preocupado que algo acontecesse comigo, porque meu pai o mataria. Ele estava fazendo seu trabalho, que era me proteger. Eu não podia culpá-lo por isso. Mas ainda assim, eu salvei a vida daquela mulher. O mínimo que ele poderia fazer era me agradecer.

"Eu teria resolvido." ele disse. Enzo estava propositadamente não encontrando meus olhos.

"Quando você aparecesse, já seria tarde demais. Você viu o estado daquela mulher? Ela estava pior quando cheguei lá."

Ele parecia querer discutir mais, mas não o fez. Em vez disso, ele levou seus suprimentos de volta para o banheiro e se limpou. Quando ele voltou, eu estava encolhida na cama com as pernas pressionadas contra o peito. De repente, me senti triste. Meu coração estava pesado e eu só queria chorar. Eu deveria estar feliz por ver minha família amanhã, mas não me sentia feliz naquele instante. Eu só me sentia... triste.

Eu não queria chorar na frente dele, então me esforcei para segurar as lágrimas. Ele ficou me encarando por um bom tempo, como se estivesse tentando ler meu rosto. Havia uma pequena ruga em sua testa e ele inclinou a cabeça para o lado.

Ele suspirou, balançando a cabeça.

"Obrigado."

Olhei para cima, surpresa com suas palavras. Seus olhos haviam se suavizado.

"O quê?" Perguntei, insegura se o ouvi corretamente.

"Não me faça repetir." murmurou. Ele se virou para a porta e pegou a maçaneta, mas pausou. "Se você não estivesse lá... as coisas teriam sido piores. Estou feliz que você estava lá... mesmo que tenha se machucado."

Fiquei quieta, sem saber o que dizer. Não estava esperando que ele fosse abaixar a guarda. Então, fiquei olhando para a parte de trás de sua cabeça e com a boca aberta.

Assim que ele abriu a porta, não pude deixar de perguntar:

"Por que você ainda não me rejeitou?"

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