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CAPÍTULO TRÊS ... você está louca?
Ambas estavam sentadas na cama da Grifinória em seu quarto de monitora, ou seja, estavam sozinhas. Hermione Granger era a melhor amiga de Alice, a pessoa que sempre esteve ao lado da morena toda vez que ela brigava com seus pais. Bem, Harry e Ron também estiveram, mas, acima de tudo, estava Hermione. Elas se conheceram no trem quando se ofereceram para ajudar Neville Longbottom. As duas meninas se deram muito bem e, para a sorte da leoa, Alice nunca a considerou "insuportável" ou "uma sabe-tudo insuportável". Isso fez Hermione perceber que tinha encontrado sua primeira e verdadeira amiga.
Alice tinha uma careta no rosto, esperando uma resposta de sua melhor amiga, que a olhava fixamente, penetrando seus olhos com os dela, fazendo com que a Lufa-Lufa se sentisse intimidada.
— Pois eu não acredito em você — declarou a morena após um longo tempo de silêncio. Hermione se levantou da cama e começou a andar pelo quarto, não podia ser real o que sua amiga estava dizendo, de jeito nenhum. — Não é possível, eu sabia que vocês passavam tempo juntos, mas nunca imaginei que, bem, você estaria com o inimigo.
— Hermione! — Franziu a testa, repreendendo sua amiga. — Draco não é o inimigo, vocês só tiveram algumas discussões com ele...
Alice não tinha pensado em como seus amigos reagiriam a isso. No começo, achou que poderia explicar, contar o que realmente estava acontecendo, mas lembrou-se do acordo que fez com Malfoy. Ela não podia dizer nada. Além disso, conhecendo seus amigos, eles sacrificariam seu dinheiro por ela para não deixá-la seguir com a proposta de Draco. Alice achava que isso não seria justo; com o acordo com Draco, ela pelo menos estaria sendo justa, já que estava "trabalhando" para ele.
Então, dizer a verdade para seus amigos não era uma opção.
— É o Malfoy... — começou com sua reprovação novamente, mas ao ver os olhos "arrependidos" de sua melhor amiga, suspirou e voltou a se sentar na cama. — Está bem, se você realmente quer estar com um patife como Malfoy e isso te faz feliz... pela sua felicidade, vou te apoiar, mas se aquela maldita doninha fizer algo que não me agrade, juro que vou enfiar minha varinha bem fundo no seu- — Hermione se deteve ao ver o olhar da amiga. — É demais, não é?
— Sim, é demais.
Ambas riram enquanto Hermione se lançou para abraçá-la. Mas seu momento de irmãs de alma foi interrompido pela entrada brusca de Rony e Harry.
— Não posso acreditar! Isso é traição, Alice. — O garoto de óculos franziu a testa para sua amiga. — Malfoy? Sério?! Meu pai definitivamente não vai deixar você entrar em casa! O que eu vou fazer sem minha melhor amiga? Hein? De todos os garotos de Hogwarts, Malfoy? — Harry dramatizou. — McLaggen teria sido uma opção melhor, e isso já é demais. — Queixou-se o garoto, invadindo a cama de Hermione.
— Isso é demais. Você tem ideia da vergonha que foi negar ao Neville que você não estava com aquele... aquele imbecil?! — Rony falou, irritado. — Não posso simplesmente acreditar, nunca pensei que sentiria o que é ser apunhalado pelas costas. — Exclamou o ruivo, copiando a ação do amigo.
O quarteto de amigos estava jogado na cama da grifinória mais velha.
— Vocês estão exagerando — murmurou, tentando ignorar o nó em sua garganta.
— Não, não estamos. Já foi o suficiente ter que suportar compartilhar sua amizade com ele por alguns dias. Achei que fosse um projeto escolar, não um romance! Ele está brincando com você, é isso que o Malfoy faz. — Resmungou Harry.
— Draco não teve namoradas suficientes para você comprovar isso, Harry — respondeu a lufana.
— Não, mas eu sei. Ele é cruel e vil, sua felicidade é o sofrimento e a dor dos outros, sempre foi assim. Não sei por que você pensa que pode ser diferente.
Alice não se considerava uma pessoa sensível, na verdade, odiava chorar. Mas as palavras de seus amigos a magoaram. Sendo falsa ou não a relação, eles não sabiam por que ela estava saindo com Draco. Não sabiam do inferno que sua casa havia se tornado, nem tinham ideia de que Malfoy, de alguma forma, estava ajudando-a a salvar a única coisa que a mantinha fora deste mundo: o balé.
Ela pensou que talvez seus amigos entendessem. Não esperava que ficassem felizes, pois sabia de todas as coisas que Draco Malfoy havia feito a eles, mas pelo menos esperava uma palavra de apoio. Como a de Hermione.
A relação era falsa, sim, mas isso não mudava o fato de que as palavras de seus amigos doíam. Se supunha que os amigos apoiavam ou pelo menos aconselhavam, não que começassem a ser negativos por causa de suas ações. Além disso, a ideia de que seus amigos se afastassem por causa dessa suposta relação a magoava. Já era o suficiente lidar com seus pais, que se encarregavam de arruinar tudo o que ela amava; não poderia suportar perder seu apoio. Mentalmente, ela os justificou, lembrando que eles não sabiam de nada, nem da proposta de Malfoy, nem do tratamento que recebia de seus pais em casa.
Alice estava certa de que, se Rony e Harry soubessem a verdade, a entenderiam.
— Eh... Gente, eu preciso me trocar. Podem sair, por favor? — Hermione os despachou sutilmente ao notar o rosto abatido de sua melhor amiga.
A contragosto, ambos os garotos se levantaram da cama de sua amiga. Antes de sair pela porta, Rony murmurou: — Espero que você repense com quem está se envolvendo. Malfoy é filho de Comensais da Morte, pelo amor de Merlin.
Depois de dizer essas palavras, ele saiu da sala com Harry, fechando a porta atrás de si.
— Ei, não ligue para eles — a grifinória acariciou as costas da amiga ao ver seus olhos brilhando com lágrimas. — Talvez eles não entendam o que é estar apaixonada. Olha o Rony, há anos estou dando indiretas e ele nem percebe o quão óbvia eu sou. — Hermione sorriu ao ver que conseguiu arrancar uma risada de Alice. — Vem. Eu realmente preciso me trocar, vamos a Hogsmeade. Não se preocupe com os meninos, já te disse, eles não entendem o que é estar apaixonado.
O problema era que Alice não estava apaixonada por Draco, nem ele por ela.
