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Aurora Castellani

Enquanto me preparava para a festinha na casa do meu pai, uma mistura de sentimentos tomava conta de mim. Era estranho e desconfortável, mas eu sabia que precisava ir. Abri o guarda-roupa e escolhi cuidadosamente o que vestir. Peguei uma blusa de cetim bege, sua suavidade contra a pele me acalmando um pouco. Combinei com uma saia preta elegante, que conferia um toque de sofisticação ao visual.

Calcei meus saltos 15 pretos, com laços brancos que davam um charme especial. A altura dos saltos me fez sentir mais confiante, embora soubesse que a noite seria desafiadora. Escolhi um bracelete e brincos que combinavam perfeitamente, adicionando um brilho sutil ao conjunto. Olhei para o espelho, ajustando os brincos, e tentei convencer a mim mesma de que estava pronta para enfrentar qualquer coisa.

Por fim, peguei minha bolsa preta, prática e elegante, perfeita para a ocasião. Antes de sair, respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Sabia que a noite não seria fácil, mas estava determinada a encarar tudo com a cabeça erguida. Com um último olhar no espelho, sorri de leve, ajeitei a blusa de cetim e saí de casa, pronta para o que viesse.

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Pedi um carro de aplicativo direto para a casa do meu pai, uma mistura de ansiedade e nervosismo crescia dentro de mim. O trajeto parecia mais longo do que o normal, cada quilômetro aumentando minha inquietação. Quando finalmente cheguei e estacionei em frente à casa, permaneci no carro por alguns minutos, observando a fachada. As lembranças do passado misturavam-se com as incertezas do presente, e por um momento, pensei em simplesmente dar a volta e voltar para casa.

— A senhora não vai sair? — indagou o motorista.

Respirei fundo, paguei a corrida e desci do automóvel. Permaneci do lado de fora por um longo tempo, até que resolvi entrar no local.

Assim que entrei na casa, escutei uma música clássica tocando bem baixo, pessoas conversando, outras bebendo champanhe, e outras apenas julgando. Respirei fundo e abracei meus braços, me sentia totalmente deslocada naquele ambiente, pessoas chiques, com qualidades de vidas melhores que a minha, pessoas arrogantes, que me olhavam como se eu fosse inferior a elas.

--- Rora! Você veio. --- meu pai falou enquanto passava as mãos em minhas costas.

Me afastei.

--- Precisamos conversar.

--- Claro, clar...--- escutei alguém chamar o meu pai e ele olhou ao redor, voltando o seu olhar para mim.

--- Pode ser depois? Não vá embora, aproveite a festa, prometo conversar com você.

E então ele saiu.

Bufei irritada e peguei uma bebida, já estou no inferno, por quê não abraçar o capeta?

--- Desde quando criança pode beber? --- aquela voz tinha o poder de molhar minha calcinha apenas por falar qualquer coisa.

--- Legalmente eu não sou uma criança, 19 anos. --- me virei para Roberto, que estava com uma taça em mãos. Ele vestia uma calça social preta, junto de uma camisa preta. Quase um terno.

---  como eu disse, uma criança.

Revirei os olhos.

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