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Aurora Castellani

Acordei no meio da madrugada, ainda meio confusa, até perceber que o lado da cama onde Roberto deveria estar estava vazio. O som suave de movimentos no quarto me alertou. Abri os olhos e vi a silhueta dele em pé, já vestindo o uniforme. A luz fraca do abajur desenhava sombras pelo quarto, destacando a figura dele enquanto colocava o cinto.

— Você já vai?— minha voz saiu um pouco rouca, o sono ainda pesado nos meus olhos.

Roberto se virou para mim, com um meio sorriso, mas seus olhos denunciavam a urgência.

— Recebi um chamado, preciso ir para o quartel. Coisa séria no morro.

Sentei na cama, puxando o lençol sobre os ombros. Mesmo sabendo que essas situações faziam parte da rotina dele. Roberto veio até mim, se inclinando para um beijo rápido, mas eu o puxei para mais perto, prolongando o momento. Nossas bocas se encontraram em uma sequência de beijos suaves, quase como uma despedida silenciosa.

— Eu te ligo.— ele disse, tentando soar despreocupado, mas eu percebia a tensão no fundo das suas palavras.

— você nem tem o meu número.—  respondi brincalhona.

— Eu arrumo. — respondeu.

Mais um beijo, e ele estava de pé novamente, ajustando a fivela do cinto antes de caminhar até a porta. Ele olhou para trás uma última vez, e nossos olhos se encontraram brevemente.

Assim que a porta se fechou atrás dele, suspirei e fiquei ali por um momento, o silêncio da casa preenchendo o espaço onde ele havia estado. Finalmente, decidi que era melhor tomar um banho e me preparar para ir para casa. Levantei-me, ainda sentindo o calor da cama em minha pele, e fui até o banheiro.

A água quente correndo pelo meu corpo ajudou a acalmar meus pensamentos, e logo eu estava envolta em uma toalha, o vapor preenchendo o banheiro. Estava prestes a sair quando ouvi o som da porta da frente se abrindo e passos no corredor.

— Roberto?— chamei, meio surpresa por ele ter voltado tão rápido, mas não houve resposta. Abri a porta do banheiro, espiando pelo corredor, e então o vi: Rafael, o filho de Roberto. Ele estava parado, claramente tão surpreso quanto eu, os olhos arregalados ao me ver ali, quase nua, apenas com a toalha ao redor do corpo.

— Desculpa! Eu... não sabia que tinha alguém aqui.—  ele gaguejou, o rosto ficando vermelho rapidamente enquanto desviava o olhar.

— Não, tudo bem.— respondi, tentando manter a compostura, embora meu próprio coração estivesse disparado. — Eu só estava... me arrumando para ir embora.

Ele ainda parecia desconcertado, mal conseguindo me encarar.

— Meu pai não está?

— ele saiu há pouco.  Eu... estava só tomando um banho antes de ir embora. — expliquei, tentando dissipar a situação constrangedora.

—Ah, claro.— Rafael assentiu, ainda sem olhar diretamente para mim. — Eu só vim buscar umas coisas... não sabia que ele tinha companhia.

O clima estava estranho, mas eu queria quebrar a tensão.

— Vou me trocar e já te deixo à vontade.— Com um sorriso meio sem jeito, apressei-me de volta ao quarto, sentindo o rubor nas minhas bochechas.

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