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NÃO ESQUEÇAM DE CURTIR E COMENTAR, ISSO ME INSPIRA E MOTIVA A PROSSEGUIR COM A FIC.

Roberto Nascimento

Estou no limite da exaustão. As semanas sem ver Aurora pesam como um fardo invisível nos meus ombros, e a última vez que estivemos juntos já parece parte de uma memória distante, quase inalcançável. Mergulhei de cabeça nessa missão no morro, um ambiente que conheço intimamente e que, em tempos passados, enfrentava com uma mente afiada e um coração de pedra.

Mas desta vez, algo está diferente, algo que não consigo afastar por mais que tente. A operação no morro se tornou um teste não apenas para minhas habilidades táticas, mas para a minha própria sanidade. A tensão está no ar, quase palpável, impregnando cada esquina, cada viela.

A favela parece viva, respirando hostilidade e perigo em cada sombra. Sinto isso em cada passo que dou, em cada olhar que lanço ao redor. As operações estão se arrastando, intermináveis, como uma guerra de desgaste onde cada lado espera que o outro desmorone primeiro.

E a sensação de estar cercado, preso em um labirinto de concreto e escuridão, é constante. O inimigo está em todos os lugares, mas ao mesmo tempo em lugar nenhum, um fantasma que assombra cada movimento dos meus homens.

O som de tiros ecoa pelas ruelas, reverberando como trovões entre os barracos. Cada disparo é um lembrete cruel de que a morte está sempre à espreita. O barulho dos helicópteros cortando o céu, as lâminas das hélices girando freneticamente, se mistura aos gritos que vêm de todas as direções, criando uma sinfonia macabra que faz meu coração acelerar.

Para mim, isso deveria ser rotina. Já passei por isso tantas vezes que poderia fazer de olhos fechados. Mas há algo diferente, algo que não consigo ignorar, por mais que tente.

Sempre fui um homem que se sente à vontade no caos da guerra urbana. A adrenalina substitui o cansaço, me tornando mais alerta, mais preciso. Cada segundo pode ser o último, e é isso que me mantém vivo, focado.

Mas desta vez, a adrenalina parece insuficiente. O caos ao meu redor não é mais uma força controlável, mas sim uma tempestade que ameaça me arrancar de minha base. E eu sei o porquê. Não é a missão que está fora do normal, sou eu.

Há uma inquietação em meu peito, um incômodo constante que não me deixa em paz, não importa o quanto tente ignorar. Eu sei bem a origem disso: Aurora. O nome dela ressoa na minha mente como uma oração profana, uma lembrança de que, fora desse inferno de concreto e armas, há algo mais. Algo que eu quero, mas não posso ter agora. E isso está me destruindo por dentro.

O pensamento de Aurora me assalta nos momentos mais improváveis, quando menos posso me permitir distrações. É um veneno que corre nas minhas veias, um perigo tão grande quanto qualquer tiro que poderia atravessar meu corpo.

Eu sei que, em um ambiente como esse, qualquer deslize pode significar a morte, não apenas para mim, mas para meus homens. Me forço a focar, a manter a mente no presente, no que está à minha frente, mas as memórias voltam como um refluxo inevitável.

Lembro do sorriso dela, um sorriso que sempre parecia iluminado, mesmo nos dias mais sombrios. Lembro do jeito como ela me olhava, um olhar que me fazia sentir que, por um breve momento, eu era mais do que um soldado, mais do que um comandante.

Ela me fazia sentir humano. E agora, tudo isso parece uma tortura mental. Porque eu não posso estar com ela, não posso atender suas mensagens, não posso ser o homem que ela precisa agora. E isso está começando a corroer minha alma.

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