Capítulo 7

151 38 5
                                    

Foram tantas palestras que participei e tantas reuniões de equipe das quais iria comandar no próximo semestre que eu chegava no hotel e queria somente me deitar e dormir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Foram tantas palestras que participei e tantas reuniões de equipe das quais iria comandar no próximo semestre que eu chegava no hotel e queria somente me deitar e dormir.

Mas, naquela noite tive uma conversa com meu irmão por telefone e a primeira pergunta que ele fez foi saber notícias do Leandro.

-Rui, você tem o número dele, porque não liga e pergunta você mesmo.

-Eu não quero conversar com ele. O idiota foi ridículo ao vir na minha faculdade, achando ser meu dono. – Ri, pois tenho certeza do bico que meu irmão estava fazendo neste momento.

-Você está se ouvindo?

-Que é?

-Rui, você não gostou da atitude dele, mas quer saber notícias. Você deixou claro na sua resposta, que está namorando.

-Eu não estou namorando.

-Mas, demonstrou que sim. E eu fui obrigado a ouvir os lamentos dele dentro de um voo cansativo até chegarmos na França. E só não escuto mais nada, porque pedi para não alugar meu ouvido. – falei e meu irmão bufou. – Rui, você sabe que o Leandro tem sentimentos por você. E se continuar o tratando dessa forma um dia ele vai ir embora e não voltar mais.

-Eu sei. – Respondeu baixinho. – Ele não me dá espaço para ser eu mesmo. Para ele, sou somente o filho do chefe e quer fazer tudo para me agradar. Eu quero a minha própria identidade, ter a minha carreira, conquistar uma profissão e talvez, um dia casar e formar uma família. – Sua voz estava embargada, mas o deixei desabafar. Meu irmão sempre foi muito sensível e demonstrava claramente o que queria e não queria. Seus amigos faziam todas as suas vontades, somente para ter em seu rosto um sorriso. Ele nem imaginava o poder que tinha de fazer as pessoas comerem em suas mãos. E meus pais e eu somos alvos fáceis dele. Leandro era dez vezes pior. Ele não fazia por maldade, ele era encantado com meu irmão antes mesmo de pensar em algo remotamente romântico.

Leandro teve um e outro namoro tentando esquecer meu irmão, pois eles têm uma diferença de sete anos. E meu irmão, ainda é menor de idade, mesmo já estando na faculdade de história da arte. Foi algo muito normal para mim quando meu amigo se assumiu, pois ele morria de medo do preconceito que sofreria dos amigos, principalmente meu, e dos seus familiares. Eu cresci sem esse tipo de sentimento dentro de mim então apenas segui com a nossa amizade como se não fosse nada. E na verdade não era mesmo. As relações dele eram exclusivamente dele.

-Você vai ter sua profissão e vai ser feliz no caminho que escolher, mas eu te peço para ter um pouco de paciência com ele. E por favor, evita essas ceninhas de ciúme que isso não é bom para nenhum dos dois.

-Ele conheceu alguém, aí? – Perguntou baixinho e eu só revirei os olhos.

-Eu não fico grudado o tempo todo com ele, Rui. E mesmo se tiver conhecido, ele é solteiro e descomprometido, esqueceu? – Pontuei. – Você que deixou claro que está namorando.

-Eu não estou namorando de verdade.

-Mas, ele não sabe disso e veio com essa ideia na cabeça, de que sim, você estava.

-Merda. – Praguejou. - Cuida dele para mim.

-Eu não vou fazer isso. Está na hora de você assumir as suas próprias decisões. Logo eu não estarei no Brasil mais para mediar as suas brigas. E você sabe que o papai não vai ser indulgente e pode acabar mandando-o embora, pois, seremos sempre a prioridade para ele.

Conversamos por mais um tempo e resolvi tomar um banho e sair para um jantar fora. Bruno me acompanhou como a minha sombra e escolhi um lugar pequeno e com pouco movimento. Fui atendido por um garçom que fez pouco caso ao anotar meu pedido. Eu não era o tipo de cliente que eles toleravam, mas ao fazer o pedido com o meu francês impecável, me fez ganhar uns pontinhos. Os franceses odiavam falar o inglês para os turistas, mas era uma obrigação na cartilha de quem queria ganhar os euros que as pessoas deixam em suas viagens. Pedi uma taça de vinho para acompanhar a minha refeição de frutos do mar e fui deixado sozinho com os meus pensamentos.

Em dado momento percebi uma movimentação estranha a três mesas de distância e a jovem em questão falou algo e teve seu braço que estava sendo segurado pelo homem, o soltar e ela caminhar em direção a saída.

Aquilo definitivamente não era da minha conta, mas sabia que pelo menos a jovem conseguiu se impor diante do homem que a segurava. Nem sempre as situações terminavam tão bem assim. Os homens em sua maioria são bem machistas na Europa.

         O dia seguinte foi mais tranquilo, e não teria reuniões que dependiam da minha presença

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O dia seguinte foi mais tranquilo, e não teria reuniões que dependiam da minha presença. Leandro iria a um pub com alguns conhecidos, à noite, até me chamou para acompanhá-lo, mas preferi andar um pouco. Eu voltaria para São Paulo no dia seguinte e tinha prometido à minha irmãzinha alguns presentes.

Olhei algumas lojas e comprei alguns dos itens da sua lista exigente. Minha irmã sabia desde que aprendeu a falar, o que gostava e o que odiava. Meus dois irmãos sabiam. Somente eu me sentia perdido, mesmo sendo o mais velho.

A carga que carregava por ser filho de Ricardo Arantes era triplicada por ter escolhido a mesma área profissional dele. Sempre teria algum infeliz para me comparar a ele. E era obrigado a escutar as piadinhas de mau gosto por ter a pele escura, totalmente diferente da sua tão clara.

Vovó Maura e vovó Ruth me obrigavam a manter a cabeça erguida, pois segundo elas o coração do meu pai nos escolheu e quando o coração escolhe, ninguém pode falar ou fazer nada contra. Lembrar das duas me fez escolher algo especial dessa viagem para elas. Ambas viviam juntas após ficarem viúvas e estavam sempre passeando de um lado para o outro. Os seguranças das duas penavam para acompanhar o ritmo que elas levavam.

Coloquei as sacolas no carro que tinha alugado e resolvi caminhar um pouco sobre a ponte Alexander III, o lugar era um ponto turístico glamuroso que neste horário estava vazio, mas algo me chamou a atenção e fui em direção, mantendo uns passos de distância. Fiz um gesto para o Bruno manter distância também, para não assustar a jovem no local que estava. 



O Rui é uma figura, ele é o meu personagem preferido dessa história. Espero que amem ele também com a sua personalidade intensa. 

Chegou o momento do nosso casal se conhecer. Preparem os seus coraçãozinhos. Beijinhos


Em queda livre( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora