Não some

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Eles levantaram cedo para o retorno a Belo Horizonte e deixaram para trás a turma que ainda ficaria ali por mais dois dias.

- Juliette, pode me emprestar o seu celular? - Rodolffo disse assim que chegaram no aeroporto.

- Sim. - ela desbloqueou o aparelho e entregou para ele.

Logo um outro celular começou a tocar e Juliette fez sinal.

- É o meu... Eu liguei para mim mesmo para salvar o seu número. E já salvei o meu.

Juliette pegou no aparelho e lá estava o contato dele: Rodolffo ❤️.

Ela sorriu e ele ficou sério.

- O quê foi?

- E esse coração Rodolffo?

- Deu vontade de colocar.

- Depois não diga que eu sou emocionada.

- Você não é mesmo e eu também nunca fui, mas há sempre uma primeira vez para tudo nessa vida. - ele segurou na mão de Juliette e deu um beijo. - Eu posso te deixar em casa?

- Hum... Deixa eu pensar... Meu pai é muito bravo, precisamente um pastor evangélico, então eu não acho uma boa ideia. - ela disse brincalhona e Rodolffo ficou nitidamente curioso.

- Sério?

- Eu moro sozinho a dois anos e longe de casa a cinco. Mas meu pai é um pastor e minha mãe é pastora, porém eles são tranquilos, pode acreditar.

- Eu não sei se isso é uma coisa boa ou ruim... Estou avaliando.

- Por que seria ruim?

- Você é evangélica?

- Eu acredito em Deus, mas estou afastada da igreja.

- E como sua família ver isso?

- Eles não concordam tanto, mas aceitaram do jeito deles.

- Me admira muito você já não estar casada. As moças da igreja casam cedo.

- Está aí um dos motivos pelos quais eu deixei a obra. Meus sonhos eram outros. Sempre quis estudar, trabalhar e ser independente.

- Então se uma noite dessas a gente sair ou eu dormir na sua casa... Não tem problema, não é?

- Rodolffo vamos com calma.

- Eu estou indo, acredite que estou bem lento, mas eu não gosto de mentir sobre o quê eu sinto e quero. Mas não é um problema para mim esperar. Acho que agora eu entendo tudo. Essa sua revelação me deu um norte.

- Como assim?

- Para acontecer você precisa estar segura. E ter uma conexão maior e eu não vejo problema algum nisso.

- Está falando sério?

- Sim. Eu espero por que sei que vai ser incrível.  Mas até lá, posso ir atiçando o seu fogo. - ele disse isso bem secretamente.

Juliette ficou um pouco frustrada por que pensou que ele tinha entendido uma coisa e ele falou outra totalmente diferente.

- Não posso falar nada nesse sentido que te entristece. O quê foi? Quem foi o canalha que magoou você?

- Rodolffo não quero falar disso. Hoje não.

Ele deu um beijo na sua testa e ficaram conversando sobre outros assuntos até o embarque.

...

Juliette dormiu o vôo quase todo e Rodolffo já começou a sentir o coração apertar pela distância que existiria entre eles. Quando desembarcaram, havia um funcionário da sua mãe a esperava deles.

- Juliette me diz onde é a sua casa, que vamos lá te deixar, faço questão.

- Claro que faz... Você não dá ponto sem nó Rodolffo. Eu moro na zona oeste da cidade.

Rodolffo concluiu que moravam distante um do outro já que ele morava na zona leste.

Juliette descreveu todo o trajeto do residencial que morava e por fim disse o número do seu apartamento.

- É o 8. Está no segundo andar.

- Tem elevador?

- Não. Mas tem um corrimão muito útil.

- Quer que eu te ajude?

- Não precisa. Muito obrigada Rodolffo, por tudo.

- Eu posso te beijar aqui? - eles já estavam na frente do prédio dela.

- Acho melhor não.

- Então nos falamos mais tarde?

- Você gostaria de vir aqui?

- Sim. Que horas?

- A qualquer hora...

- Venho depois das 18 horas e trago o jantar. Pode ser?

- Pode.

Sorriram um para o outro e animado Rodolffo entrou no carro. O rapaz da portaria a ajudou e ele finalmente estava de volta na sua casa.

...

Uma hora depois na casa de Rodolffo.

Ele cruzava a porta da sala e a dona Elza, sua mãe sorriu ao vê-lo.

- Voltou tão logo... Só estava te esperando daqui a dois dias.

- Benção mãe. - ela abençoou. - Não preocupa comigo, aqui está muito melhor do que lá. Inclusive não precisa fazer janta, eu vou sair.

- Mal chegou e já vai sair? Onde vai?

- Talvez eu não venha dormir em casa também.

- Iiih... Será que estou te perdendo? - ela disse brincalhona. - Quando traz a moça aqui?

- Eu te disse um dia que nunca traria ninguém aqui, mas essa mulher está virando tudo em mim.

- Filho eu estou ficando velha... Quero tanto que você construa a sua família com alguma moça que você goste.

- Eu gosto dela mãe, foi forte desde o primeiro momento, mas ainda tenho dúvidas sobre o rumo de nós dois.

- Vai dá tudo certo. - Rodolffo e Elza se abraçaram.

...


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