Nobody Like You

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🩵 Riley's POV

Os lençóis de Mei cheiravam a lavanda e um perfume docinho que não conseguia identificar. Seu travesseiro era extremamente confortável, diferente do meu, que não era substituído a vários anos. Afundei a cabeça nele e imediatamente fiquei sonolenta. Era fato que minha rotina era agitada e às vezes estressante, mas na cama dela senti uma tremenda paz como se o mundo lá fora nem existisse.

🌸 Mei Lee's POV

Riley dormia com a boca entreaberta devido ao aparelho. Acho que vi um fiozinho de saliva escorrer no travesseiro, e achei engraçado. Pensei em tirar uma foto para zombar dela mais tarde, mas quando me dei por conta, estava hipnotizada com a cena de Riley Andersen adormecida em minha cama. Ela se encaixava tão bem ali quanto meus ursos de pelúcia, digo isso porque ela deixava a cama mais bonita.

A chuva do lado de fora ainda caía com toda força, suas gotas ricocheteando na minha janela enquanto um relâmpago iluminava o céu. Eu sorri enquanto olhava para Riley, me perguntando o porquê de Valentina ser tão cega para não compreender que essa loira era simplesmente extraordinária.

Riley era engraçada, mas não tinha necessidade de ser vulgar. Ela não era como essas jovens obcecadas por parecer mais velhas, mas para tentar se enturmar ela fingia que era assim. Riley era tão meiga e alegre quanto uma garota qualquer da sua idade, e gostava de viver a vida de modo leve, sendo o hockey a parte mais intensa onde dava tudo de si. Riley tinha responsabilidade para levantar todo dia e encará-lo com garra, sempre pronta para mostrar a que veio. E ela demonstrava um contentamento genuíno em termos estabelecido uma amizade, provando que sentia falta de ser real com alguém sem ser julgada.

Eu nunca havia conhecido alguém como Riley Andersen.
Tenho minhas amigas, claro. Elas são na maior parte do tempo parecidas comigo, gostamos das mesmas músicas e de usar roupas coloridas, enfim coisas de menina no geral. Mas ainda sim, nenhuma foi capaz de me arrebatar tanto quanto a Riley. No sentido de levar borboletas ao meu estômago e me imaginar nos cenários menos prováveis, como andar de mãos dadas pela calçada.

Porém, éramos amigas. Riley estava apaixonada por outra garota. Isso era algo que eu devia aceitar antes que me machucasse. Mesmo que, por algum milagre, Riley reparasse em mim do mesmo jeito que tenho reparado nela, nunca poderíamos...

Não. É melhor assim. Fico satisfeita em ser sua amiga, desse modo a mantenho por perto. Além do mais, nos conhecemos a pouco tempo. Esse sentimento com certeza é passageiro, deve ser apenas uma fase muito estranha da minha vida.

Arrisquei a suposição de que Riley teria o sono pesado. Lentamente, me aconcheguei ao seu lado na cama e aproximei meus lábios de sua testa.
Pensei em dizer "Boa noite", mas limitei-me a virar de costas e tentar dormir também.

🩵 Riley's POV

Eu não estava dormindo tão profundamente assim.

...

Aproveitamos que a chuva continuava a cair lá fora e decidimos fazer uma sessão de filmes assim que acordamos. Eu escolhi "Desafio no Gelo", um filme sensacional sobre hockey em plena guerra fria. Ela escolheu uma comédia romântica chamada "10 Coisas Que Odeio Em Você", que até não era ruim.

- O Heath Ledger foi lendário nesse filme. Até hoje não gravei o nome do personagem que ele interpreta, porque toda vez que ele aparece na tela eu fico babando. - disse Mei.

- Inacreditável você babar por esse cabeludo esquisito quando existem as irmãs Stratford no filme. - rebati, jogando um punhado de pipoca pra cima e abocanhando no ar.

- Qual delas você achou mais bonita? - ela perguntou.

- Acho que a irmã mais velha me lembrou a Valentina. Toda esquentadinha, mas no fundo é um amor de pessoa.

Mei sorriu, concordando.

- A Valentina é realmente um doce de pessoa. - ela disse.

- Mas não sei.

- Não sabe o que? - ela perguntou.

Hesitei por um segundo.

- Nada não.

E assim seguimos. Vez ou outra a mãe de Mei aparecia na porta oferecendo um milhão de coisas, e a ruiva negava todas. Ouvimos o rádio do senhor Lee anunciar que a tempestade parecia não terminar tão cedo. Comentei sobre isso com meu pai ao telefone e ele finalmente resolveu que era hora de me buscar.

- Ainda bem que ele vem, apesar da chuva. - disse Mei. - Se minha mãe viesse com mais bolinhos de arroz, eu os esmagaria com minhas próprias mãos.

- Que desrespeito com sua mãe! A propósito, se possível eu gostaria de levar alguns bolinhos. Acho que minha mãe vai gostar. - eu disse.

- Sem problema! Meu pai fica muito feliz quando gostam da comida dele.

- E voltando, não sei como você conseguiria esmagar os bolinhos com essas mãos de boxeador anão.

Mei deu um soquinho no meu ombro. Ela ergueu a palma da mão em minha direção, como que para provar que eu estava errada.

- Pelo menos eu não fico roendo as unhas e minhas mãos são delicadas igual uma princesa.

- Até parece. Seus dedos são tão curtinhos que parecem mais uma patinha. - zombei.

- E que tal se você ir a merda? - ela disse, porém rindo. Encaixei a palma da minha mão na dela para comparar o tamanho, e meus dedos eram mais longos e ossudos que os dela. Rimos um pouco, até nossos olhos se encontrarem. Senti minhas bochechas aquecerem quando Mei entrelaçou nossos dedos.

Alguma força misteriosa me conduzia para frente, meus pés andando sem meu consentimento. O rosto corado de Mei, os fios ruivos sobre a testa, a boca carnuda franzida de um aparente nervosismo... Todos esses fatores eram como um ímã. Inalei mais uma vez seu perfume doce enquanto me aproximava, e em momento algum ela tirou os olhos dos meus.
Nossas testas quase se encostaram quando, de súbito, uma buzina escandalosa nos assustou e cada uma foi para um canto do cômodo.

Cocei a nuca, sem jeito. Era o meu pai. Mei juntou as mãos e se encolheu, sorrindo e fitando os pés. Nós nos despedimos apressadamente com um "Toca aqui" e eu saí correndo em disparada feito um foguete. Os pais de Mei não se deram ao trabalho de sair de casa para cumprimentar meu pai, então pude só fugir.


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