Frustração

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🌷 Mei Lee's POV

Eu já estava me sentindo melhor, embora não estivesse totalmente curada. Naquela manhã eu acordei e segui a rotina de sempre, lavando o rosto com sabonete líquido e passando meu hidratante de frutas vermelhas. Em seguida, apliquei um pouco de maquiagem e até fiz o delineado de gatinho que há um tempo não fazia.

Minha mãe estava preocupada com minhas faltas e insistiu para que eu fosse à escola. Tomei um remédio para dor de cabeça e fui, mastigando uma maçã. Deixei para terminar o dever de casa dentro do ônibus mesmo, e o cobrador demonstrou alegria ao me ver com saúde, enquanto o motorista me presenteou com um bombom de chocolate branco. Eu era quase amiga íntima deles de tanto que eu pegava aquele ônibus.

Minhas amigas também ficaram felizes em me ver. Miriam checava minha temperatura a todo momento e vez ou outra me oferecia água direto da sua garrafinha térmica. Quando a aula iniciou, meus pensamentos voaram para muito longe, de volta à noite em que Riley foi pega no flagra em meu quarto.

- O que você faz aqui?

Eu ainda estava um pouco nervosa, mas o pavor diminuiu quando ouvi a voz do meu pai.

- Senhor... Bem, eu... - Riley por outro lado não havia se acostumado com o jeito compreensivo do meu pai, e continuou preocupada na mesma medida.

- O tempo não está bom, fora que está tarde para sair andando na rua. Você precisa ir pra casa. - ele disse, calmamente.

- Me desculpe. Eu queria ver como a Mei estava e...

- Não era mais fácil mandar uma mensagem? - ele disse, mas eu sabia que estava debochando da situação. Riley estava muito corada e começou a gaguejar sem parar. Meu pai deu um leve bronca em nós duas, mas prometeu que guardaria segredo de minha mãe. Ele chamou um carro por aplicativo para deixar Riley em casa e fez questão de enviar o acompanhamento da corrida para o contato da mãe da Riley. Não houve tempo de nos despedirmos, mas Riley fez um breve carinho em minha mão antes de pular da janela de novo.

Suspirei de um jeito bobo no meio da aula e tentei esconder minha vontade de sorrir mordendo o lápis. Quando o assunto foi para a gincana da escola, deixei a Riley de lado um pouquinho para ficar no espírito esportivo.

❄️ Riley's POV

Me submeti a maior humilhação que alguém pode passar por uma garota. Aluguei um terno na loja de um amigo do meu pai, que fez um desconto bacana para nós. Minha mãe foi comigo na floricultura e até pagou pelas flores, o que me deixou ainda mais envergonhada.

Decidi fazer o pedido na escola, porque Valentina era bem mais séria no hóquei do que qualquer outra pessoa e era capaz de dizer "Não" só para se livrar logo da situação e seguir jogando. Fiquei sobre um joelho e tudo, e Valentina ficou lá de braços cruzados, rindo. Ela aceitou o pedido e me deu um beijo rápido na frente da pequena platéia que se amontoou em nossa volta, que aplaudiram e tiraram fotos.

Valentina enfiou as flores dentro do seu armário, as amassando um pouco. Confesso que senti raiva, mas deixei passar. Ela não teria mesmo onde por as flores.

- E aí? Vamos comer o quê no almoço? - ela perguntou.

- Depende do que vai ter na cantina né.

- Não! Vamos sair.

- Quer dizer, matar aula?

- Não Riley. Vamos deixar nossos clones saírem por nós enquanto ficamos na sala de aula com cara de bunda.

Balancei a cabeça, rindo. Aquela ideia era bem rebelde, mas vindo de Valentina até que não era uma surpresa.

...

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