— POV: Cecília
Meu coração está acelerado da mesma forma que estava quando descobriram que eu estava escondida dentro do porta-malas do carro de Selena, o mesmo em que eu agora estou no banco do passageiro. Agora, meu coração está errando as batidas por outro motivo.
Talvez eu ainda esteja ansiosa por conta do que ouvi Selena falar para a Xúlia minutos atrás, mas essa ansiedade está sendo substituída pela emoção de estar entrando na ilha.
Desde que eu descobri a existência desse lugar, sempre foi meu sonho conhece-lo. Quando a ideia de ter a Selena do meu lado nessa experiência surgiu, nunca mais larguei. Se eu fosse conhecer a ilha, seria com ela. E, bem, o sonho está se realizando.
Rimos quando Selena é multada por ultrapassar o limite de velocidade na ponte e, quando passamos pela entrada, já tenho a certeza de que esse é um dos lugares mais bonitos da cidade. Pode ter várias barracas com cheiro de peixe, lugares clandestinos para comprar droga e tralhas deixadas por pessoas que já passaram por aqui, mas continua sendo incrível. O contraste das árvores com o mar, as casas que de alguma forma ainda estão preservadas... eu sabia que ia gostar daqui, mas não tanto assim.
Minha animação aumenta quando achamos um carro com o tanque cheio. Me traz a sensação de estar ainda mais imersa na experiência de conhecer a ilha. Selena parece estar disposta a fazer tudo, dirigindo devagar, apontando os pontos que ela se lembra e sorrindo quando eu sorrio.
Quando achamos um acesso para uma pequena praia, Selena para o carro e nós sentamos debaixo de um guarda-sol de frente para o mar. Meu braço esquerdo está colado no seu direito e o vento faz seu cabelo encostar no meu ombro. É uma paz reconfortante e, ao mesmo tempo, um momento de certo nervosismo.
- Não sei que cor são os seus olhos — Selena fala, quebrando o silêncio.
- O que?
- Teve uma noite que você disse que gostava dos meus olhos. Que eles eram escuros e brilhavam e sei lá o que — Ela fala, observando as ondas — Eu não sei que cor são os seus. As vezes eles são azuis mas as vezes parem meio verdes...
- É, acho que nem eu nem tenho certeza. Só sei que são claros — Eu falo.
- Eles são bonitos — Ela se vira para mim — Gosto de olhar pra eles.
Engasgo tentando responder, totalmente sem jeito. Não estou acostumada com essa Selena. É claro que ela me elogia as vezes e me deixa nervosa, ainda mais desde que começamos a ficar, mas eu fico sem palavras toda vez. Ainda mais quando ela está me encarando assim.
Se for para ser sincera, as vezes até olhar para a Selena por muito tempo me deixa... afetada. Ficar muito próxima assim, com os olhos brilhando - que eu aparentemente já comentei sobre, apesar de não me recordar - e o cabelo rosa caindo sobre o rosto... não sei se algum dia já conheci alguma mulher mais bonita do que ela.
Estou tão imersa nos meus pensamentos que quase não percebo que ela está se aproximado. Só me toco do que está acontecendo quando seus olhos, nos quais eu estava vidrada, se fecham. Faço o mesmo e logo sinto seus lábios se encontrando com os meus. Aí outra coisa que eu ainda não me acostumei. Beijar a Selena parece sempre algo novo, mesmo que a sensação já tenha se tornado familiar.
- Quer procurar a mansão agora? — Selena pergunta depois que encerra o beijo.
- Eu... quero. Vamos — Eu respondo e me levanto, ajudando ela em seguida.
Exploramos a ilha por um tempo, entrando em ruas paralelas e brincando com o volante na esperança de achar a mansão. Selena finge estar com raiva quando eu digo que ela tem um senso de direção ruim e desce do carro. Sua atuação não dura muito tempo porque, quando eu peço para tirar foto com umas flores, ela desiste do seu drama e aceita.
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não vou namorar - cecilena
Fiksi PenggemarOnde após o fim da regra de relacionamentos e a oficialização de crisnata, Selena e Cecília pensam cada vez mais sobre os próprios sentimentos.