não olhe para trás

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Porque você não era meu para perder
Mas eu consigo nos ver perdidos nas memórias
Agosto se transformou em um instante no tempo
Porque você nunca foi meu
(August — Taylor Swift)

Junho de 2022
Palm Springs, Califórnia

Quando eu olhava nos olhos de alguém, as memórias dessa pessoa costumavam ficar gravadas na minha mente. Como a cena de um filme ou um acontecimento do dia a dia.

Acabava sendo um misto estranho de discernir, mas sempre tive plena consciência de quais eram as minhas memórias e não aquelas que roubei de um estranho qualquer na rua.

Era como ver o trailer de um filme, era rápido e curto, normalmente mal conseguia entender o contexto do que estava se passando, porque aprendi a apenas desviar o olhar para cessar com aquilo.

No entanto, foi desconcertante com as memórias de Jimin. Olhei nos olhos dele por segundos e isso geralmente era o suficiente para ver uma pequena parcela da vida anterior de alguém. Um rápido flash.

E de fato tudo que vi foi uma apresentação. E se eu conhecia bem a minha carinha, o olhar que direcionei a aquela versão passada de Jimin, era um flerte descarado. E eu achando que a galera do passado costumava não dar bandeira.

Junseo, o eu do passado, podia ser apenas meu rosto com outra alma. E eu realmente quis acreditar nisso, mas não era. Porque quando olhei nos olhos de Jimin, foi diferente de tudo que eu já tinha provado.

Não foi apenas um flash curto de memória.

A história deles inteira fez um download bizarro no meu cérebro. Não era como se eu estivesse vendo e vivendo como costumava acontecer, eram memórias embaralhadas com as minhas próprias ao ponto de eu começar a confundir com o que era meu de fato.

Como se eu tivesse estado lá há poucos segundos e tudo ainda estivesse bem vivo na minha mente. Até mesmo as sensações, cheiros, sons.

Não eram visões, eram memórias.

Quando abri meus olhos, senti como se tivesse acabado de fazer uma viagem longa e de repente voltasse para casa, exausto e com dor de cabeça.

Era estranha a sensação de ser atormentado por lembranças que não eram minhas e eram ao mesmo tempo.

Meus sonhos foram uma confusão indescritível.

Eu estava com uma dor terrível no pescoço, o que provavelmente foi resultado da péssima posição em que me encontrava, totalmente encolhido na poltrona. Nem sei dizer como consegui dormir daquele jeito.

A luz entrava pelas janelas e meu alarme estava sendo particularmente irritante.

Eu levei alguns segundos para encontrar o celular caído no chão ao lado do livro e soltei alguns gemidos de dor por ter que me esticar tanto para alcançar.

Eu não lembrava de ter caído no sono, mas provavelmente aconteceu pouco depois que percebi que Jimin tinha dormido.

E ali estava ele ainda.

Estava com a testa franzida e a mão sobre o ouvido enquanto se encolhia ainda mais no sofá à minha frente, usando minha jaqueta de cobertor.

Ele parecia pronto para dormir mais assim que eu desligasse o alarme, não fez nenhuma questão de dizer bom dia ou dar sinais que estava pronto para levantar.

Deslizei o dedo na tela do celular e olhei para ele que nem fez menção de abrir os olhos e acordar. Ele apenas deslizou as mãos para debaixo da almofada que estava usando de travesseiro e respirou fundo. Em um sono bem profundo.

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