proteger o que já foi meu

198 35 92
                                    

Estive te observando por um tempão
E passo todo o meu tempo
Tentando não sentir isso
Mas o que você faria se eu te tocasse agora?
O que você faria se nós nunca fôssemos descobertos?
— I Can See You, Taylor Swift

Palm Springs, Califórnia
Julho de 2022

O dia não começou bem. Eu já sabia que ele seria um completo desastre no começo.

Na verdade, ele foi desastroso desde o momento que eu saí da cama. Talvez fosse aquela dor de cabeça infernal ou as vinte ligações perdidas de August logo às oito da manhã.

Mas por mais que fosse incômodo, essas coisas podiam ser consideradas normais no meu dia a dia.

Meu problema com certeza era outro.

Minha mente andava em círculos em pequenas coisas.

Mas a mais preocupante era: gardênias.

Gardênias. Eram só uma droga de uma espécie de flor, mas eu anotei aquilo. Anotei no canto de uma cópia de um contrato importante de manhã, e isso me levou a precisar imprimir uma nova cópia.

O caminho até a impressora era uma caminhada considerável de vinte longos passos. E o pior? Meu grampeador tinha sumido e precisei pedir o de Jennifer emprestado e ouvir mais uma tentativa de cantada bizarra dela.

Foi frustrante, para dizer o mínimo.

Jimin estava na empresa. Ele e o secretário atrapalhado. Vi os dois conversando perto da cafeteira do terceiro andar enquanto matava tempo e evitava meu irmão. Jimin, com camisa branca, gravata preta muito bem alinhada e um crachá da HM.

O nome dele estava escrito errado.

Gimin. Park Gimin, com um ‘G’ asqueroso.

E isso me levou a perder quinze minutos escrevendo uma extensa reclamação para o setor de melhorias sobre como o pessoal responsável pelas identificações precisava ser alfabetizado novamente ou substituído por quem soubesse soletrar.

Não devia tornar aquilo tão pessoal, devia?

Ele estava tomando mais dos meus pensamentos do que eu esperava quando vi ele pela primeira vez.

Jimin se manteve um tanto quanto distante desde o incidente com o asqueroso vaso de porcelana no corredor. Será que eu estava bancando o tarado?

Não era intencional.

Pensei que minha obsessão pela minha aparente alma gêmea, passaria rápido.

Mas não. Eu ainda estava parado, observando Jimin falar com o gerente de investimentos, com aquela expressão séria e profissional de quem entendia tudo que estava falando. Porque ele de fato entendia.

Jimin era um gênio, falava cinco idiomas, era formado em economia em Oxford, tinha tantos cursos no currículo que ocupavam três páginas e ele sabia tocar sete instrumentos. Eu nem sabia dizer o nome de sete instrumentos se me perguntassem sob pressão.

E provavelmente todos deviam estar estranhando o motivo de eu estar tão longe do meu setor, sentado em um vaso de plantas e me escondendo atrás das folhas de uma palmeira pequena, segurando um copo de plástico vazio entre os dentes.

Eu já tinha mordido todas as bordas do pobre copinho e continuava fazendo isso. As pedrinhas daquele vaso grande estavam me pinicando e tornando a experiência dolorosa, mas eu nem me movia com medo de ser pego.

Todas As Nossas Histórias De Amor• PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora