Echoes of the Past: Hiroki's Fury [Capítulo 8]

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Após alguns dias de treinamento intenso, Hiroki já não era mais o mesmo garoto tímido e submisso de antes. Ele estava determinado a nunca mais ser uma vítima. Sua obsessão por se tornar mais forte o consumia, transformando sua mente e coração em algo mais sombrio. Quando estava voltando para casa, decidiu cortar caminho por um beco escuro, buscando chegar mais rápido. Mal sabia ele que aquele caminho mudaria sua vida para sempre.

Enquanto caminhava apressado, um rapaz maior, com cerca de 16 anos, surgiu repentinamente, bloqueando seu caminho. O agressor, com um olhar ameaçador, agarrou Hiroki pelo colarinho e ordenou que entregasse todo o seu dinheiro. "Passa a grana, moleque, agora!" ele rosnou, sua voz carregada de arrogância e violência.

Hiroki, agora com uma raiva latente sempre presente, xingou o assaltante. "Vai se ferrar!" ele cuspiu, o desprezo evidente em sua voz. Irritado, o assaltante socou o rosto de Hiroki com força, jogando-o no chão como um saco de lixo. "Seu inútil de merda!" gritou o agressor, desferindo chutes brutais no corpo de Hiroki. Cada golpe fazia Hiroki gemer de dor, o gosto metálico de sangue preenchendo sua boca.

Enquanto estava no chão, uma voz ecoava em sua mente. "Seu fraco... Vai deixar ele te bater assim?" A voz repetia, mais alta e mais insistente a cada segundo. Hiroki olhou para o lado e avistou uma barra de ferro. Com uma velocidade inesperada, ele a pegou e desferiu um golpe na cabeça do garoto, fazendo-o recuar, sangrando e atordoado.

O assaltante tropeçou e caiu no chão, gemendo de dor e confusão. Hiroki, com um olhar vazio e frio, levantou-se, segurando a barra de ferro firmemente. A voz em sua mente agora gritava: "Vai, você sabe que quer! Mata ele! Acaba com ele! VAI!!! ACABA COM ELE!!!"

Com a voz ecoando em sua mente, Hiroki gritou e desferiu outro golpe na cabeça do garoto, e depois outro, e mais outro. O crânio do agressor começou a se deformar sob os impactos incessantes. Hiroki não sentia mais nada além de um ódio puro e ardente. Ele não ouvia mais nada além do som da barra de ferro esmagando os ossos, não via mais nada além do sangue espirrando e os pedaços de crânio se fragmentando.

Treze minutos depois, Hiroki finalmente recuperou a consciência de suas ações. Ele olhou para o que havia feito, vendo o rosto desfigurado e ensanguentado do garoto no chão. Um sentimento de horror e nojo tomou conta dele. Tremendo de medo, Hiroki soltou a barra de ferro, que caiu com um som surdo, e saiu correndo do beco, gritando em desespero.

A mente de Hiroki estava permanentemente alterada. Ele sabia que, a partir daquele momento, não havia mais retorno.

Minutos depois, Hiroki chegou em casa, o pavor ainda fresco em seus olhos. Ele correu diretamente para o banheiro, suas entranhas se contorcendo. Ao se aproximar do vaso sanitário, vomitou violentamente, expelindo o nojo que sentia. As imagens brutais da cabeça do garoto desfigurada, os pedaços de cérebro expostos, tudo girava em sua mente, deixando-o nauseado. Tremendo, ele se levantou e olhou para o espelho, lágrimas escorrendo pelo rosto. "O que é isso?" ele murmurou, sua voz entrecortada pelo choro. "Como eu pude fazer isso?"

Ele tapou a boca com as mãos, tentando abafar os soluços, com medo de que alguém em casa ouvisse. "Era você ou ele", uma voz sombria ecoou em sua mente, assustando-o. Hiroki olhou ao redor, procurando a origem da voz, mas não viu ninguém. Ele voltou a olhar para o espelho e viu seu próprio reflexo, mas algo estava errado. O reflexo sorria sadicamente, um sorriso que não correspondia à expressão aterrorizada de Hiroki. "Hiroki, Hiroki, olhe para seu rosto... Você está ridículo", o reflexo zombou.

Incrédulo, Hiroki sussurrou: "Q-Quem é você?" O reflexo respondeu com um sorriso malicioso: "Eu sou você... Mas na sua mente..." O reflexo riu, enquanto o verdadeiro Hiroki chorava. "Você não fez nada errado em matá-lo. Ele iria matar você... Entende?" Hiroki tentou secar as lágrimas, mas o reflexo o interrompeu: "Pare." O reflexo suspirou e continuou: "Chore, Hiroki. Você quer chorar e não há nada de errado nisso. Mas há algo muito errado em você não querer revidar quando está sendo agredido."

Hiroki, confuso e assustado, perguntou: "Você está na minha cabeça? Você que me mandou matá-lo?" O reflexo sorriu maliciosamente: "Não, fui eu que matei. Você não conseguiria, então tomei o controle de seu corpo e fiz o que deveria ter sido feito." Desesperado, Hiroki começou a bater na própria cabeça com as duas mãos, repetindo freneticamente: "É mentira, é mentira, é mentira..." Ele olhou novamente para o espelho, o reflexo sorrindo com um olhar de superioridade.

"Hiroki, somos um só, mas nossas mentes estão divididas. Eu sou o lado que você está ocultando", o reflexo explicou com um tom quase didático. "Você é forte, nós somos fortes, mas você não se permite fazer o que precisa ser feito. Isso vai mudar, pois nós vamos mudar. Hiroki, se você não mudar, nunca conseguirá se vingar." O verdadeiro Hiroki, com os olhos cheios de determinação, olhou para o espelho e murmurou: "Eu não quero matar pessoas inocentes, apenas aqueles que me machucarem."

Fechando os olhos, ele tentou se acalmar. Quando os abriu novamente, viu seu reflexo, agora mais sereno, mas ainda com aquele sorriso sinistro. Ele suspirou, limpando as últimas lágrimas, ciente de que agora tinha um demônio interior que precisava controlar. Por mais que soubesse que era errado, uma parte dele não podia negar que havia gostado, que se sentiu poderoso ao cometer o assassinato. E essa revelação o aterrorizava ainda mais do que o ato em si.

Hiroki olhou fixamente para seu reflexo, a voz interior agora um sussurro constante em sua mente. "Aceite, Hiroki. Aceite o que você é. A vingança requer sacrifícios." Ele sabia que precisava aprender a lidar com essa nova realidade, a controlar essa escuridão dentro de si. E, enquanto olhava para seu próprio reflexo, decidiu que faria o que fosse necessário para proteger aqueles que amava e vingar-se daqueles que o feriram, mesmo que isso significasse abraçar o monstro que havia dentro de si.

Continua.

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