Echoes of the Past: Hiroki's Fury [Capítulo 26]

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Hiroki estava sentado no banco do motorista, as mãos firmemente agarradas ao volante, o olhar perdido na escuridão além do para-brisa. O silêncio dentro do carro era quase opressivo, quebrado apenas pelo som ocasional de sua respiração pesada. Ele sentia o peso do mundo em seus ombros, a pressão de todas as escolhas que fizera, e, naquele momento, precisava ouvir a voz de alguém que o ancorasse na realidade. Sem hesitar, ele pegou o celular e discou um número que conhecia de cor. Cada toque parecia eterno até que, finalmente, a chamada foi atendida.

“Olá, Hiroki!” A voz doce e amável de sua irmã mais velha, Kanako, encheu o carro, trazendo um conforto imediato que ele não sabia que precisava. “Que saudade de você.”

Ele sorriu ao ouvir aquelas palavras, mas o sorriso não alcançou seus olhos. “Oi, irmã... Eu só queria saber se você está bem...” Sua voz era suave, mas a preocupação era palpável.

Do outro lado da linha, Kanako, sentada em sua cama, arqueou a sobrancelha, captando o tom estranho na voz do irmão. “Por que, irmãozinho? O que aconteceu?”

Hiroki hesitou por um momento, tentando encontrar as palavras certas. “Desde a nossa última ligação, eu notei você tossindo... Fiquei preocupado com você.”

Kanako riu suavemente, tentando aliviar a tensão que sentia através do telefone. “Aquilo foi só um contratempo, Hiroki. Eu estou muito bem agora, estou me cuidando. E o Lucius está me ajudando também.”

Ao ouvir isso, Hiroki sentiu uma pontada de alívio. “Ele está contigo?” perguntou, tentando parecer despreocupado.

“Sim, ele está aqui. Está no banheiro, mas posso chamá-lo se você quiser falar com ele.”

Hiroki assentiu, mesmo sabendo que sua irmã não podia ver. “Por favor, quero falar com ele.”

Kanako chamou Lucius, que logo apareceu, vestindo um roupão, com uma expressão curiosa no rosto. Ela entregou o telefone a ele e sorriu enquanto ele atendia.

“Hiroki? Olá, em que posso ajudá-lo?” A voz de Lucius era suave, calma, mas havia uma certa curiosidade na maneira como ele falava, como se estivesse tentando entender o que se passava na mente de seu jovem cunhado.

Hiroki olhou para fora do carro, observando as luzes da cidade piscando ao longe. Quando respondeu, sua voz era fria e séria, como se cada palavra fosse cuidadosamente calculada. “Olá, Lucius...”

Houve uma pausa, longa o suficiente para Lucius sentir o peso do que estava por vir. Hiroki finalmente continuou, com um tom que não deixava espaço para negociação. “Quero te pedir uma coisa, e como namorado da Kanako, você não poderá recusar.”

Lucius, ainda tentando compreender como um garoto de 17 anos podia ser tão autoritário, respondeu com cautela. “Claro, Hiroki. O que você precisa?”

Hiroki respirou fundo antes de falar. “Fique de olho em minha irmã, cuide dela e a proteja. Se algo acontecer com ela, se ela passar mal, leve-a a um hospital. Se alguém tentar algo com ela, espanque quem fez isso. Não se preocupe com as consequências; se você for preso, eu te tiro da prisão.”

Houve um silêncio momentâneo, e então Lucius respondeu, tentando esconder a surpresa em sua voz. “Pode deixar comigo, garoto... Cuidarei dela e a protegerei com a minha vida.”

Hiroki fechou os olhos, sentindo uma leve onda de alívio, mas ainda havia uma inquietação em seu peito. “Obrigado, Lucius. Agora, por favor, passe o telefone de volta para a Kanako.”

Quando Kanako retomou o telefone, ela pôde sentir algo diferente na voz de seu irmão, algo que a fez parar de sorrir. “Irmã... É sério... Você precisa se cuidar... Só... Só de pensar em perder você... eu... eu...”

Kanako, percebendo a angústia na voz dele, tentou tranquilizá-lo, sua voz era calma e suave. “Meu Hiroki... Meu irmãozinho, eu estou bem... De verdade...”

Mas então, do outro lado da linha, ela ouviu algo que a fez prender a respiração: soluços. “Você... está chorando?”

Hiroki estava sentado no carro, as lágrimas caindo silenciosamente de seus olhos enquanto ele tentava limpar o rosto com as costas da mão, apenas para que novas lágrimas surgissem. “Eu só tenho você, Kanako... Se... se eu perder você... eu não tenho nada.”

Kanako sentiu um aperto no coração ao ouvir a dor na voz do irmão. Suas próprias lágrimas começaram a cair, enquanto ela segurava o telefone com mais força. “Já faz tanto tempo que não te vejo chorar, Hiroki...”

Hiroki tentou se recompor, mas a tristeza era avassaladora. “Por favor... Prometa que vai se cuidar... Prometa que você vai ficar bem...”

Kanako respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas. “Eu queria estar aí com você agora... Para te abraçar, acariciar seus cabelos...”

Ela fez uma pausa, sua voz ficando mais suave, quase como um sussurro. “Você teve que amadurecer tão rápido... Às vezes, eu me esqueço que você ainda é um garoto... Que você ainda é apenas um menino de 17 anos.”

Do outro lado da linha, Hiroki fechou os olhos com força, tentando segurar as lágrimas que continuavam a escorrer. “Promete que vai se cuidar...”

Kanako sorriu, embora as lágrimas ainda caíssem. “Eu prometo que vou me cuidar... Eu vou ficar bem.”

Hiroki, com a voz trêmula, perguntou, quase como uma criança perdida buscando conforto. “Sempre vamos ficar juntos?”

“Sempre e para sempre,” Kanako respondeu com um carinho que só uma irmã mais velha poderia oferecer.

Hiroki forçou um sorriso, o som da promessa aquecendo um pouco seu coração machucado. “Sempre e para sempre,” ele repetiu, tentando se agarrar àquela certeza.

Kanako então fez a mesma pergunta, como se precisasse da mesma garantia. “Sempre vamos cuidar um do outro?”

“Sempre e para sempre...” Hiroki respondeu, dessa vez com uma melancolia que transparecia todo o peso que ele carregava.

Finalmente, eles se despediram, a ligação encerrada. Mas, para Hiroki, o peso das palavras não se dissipava. Ele colocou o telefone no banco ao lado e, pela primeira vez em muito tempo, desabou. As lágrimas caíam livremente, seus soluços enchendo o silêncio do carro.

“Se eu te perder, Kanako... Se eu perder você, eu não tenho nada... Eu... Eu não posso te perder...”

Ele continuou chorando, seu corpo sacudido pela dor que havia tentado esconder por tanto tempo. Trancado naquele carro, sozinho com seus pensamentos e emoções, Hiroki sentiu o peso de um mundo que parecia desmoronar ao seu redor, tudo ancorado no medo de perder uma das únicas pessoas que ainda significava algo para ele.

Continua

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