Capítulo 8

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Deitada no quarto de hóspedes da casa dos pais, Kara observou a cunhada segurar um travesseiro sob o queixo, tentando colocá-lo em uma fronha nova.

"Pode me ajudar?" Lois perguntou, sua voz abafada pelo travesseiro.

"Aqui." Kara estendeu a mão. "Eu posso fazer isso."

"Eu não quis dizer o travesseiro. É Kal."Lois colocou o travesseiro de lado, pegando um segundo que precisava de uma fronha. "Cada vez que eu insinuo que ele voltará para terminar a faculdade, ele muda de assunto."

Kara gostaria de poder fazer o mesmo, mas percebeu a frustração na voz de Lois e seu coração se compadeceu. Desde que o irmão de Kara foi morto, sua viúva fez tudo o que pôde para transformar seu filho em um homem que deixaria seu pai orgulhoso. Mas por mais que Kara a aplaudisse por isso, ela também sabia que Clark Jr. havia herdado a teimosia do pai. Fazer com que ele mudasse de ideia era como tentar rolar uma pedra morro acima com uma colher de chá.

"Tem certeza de que a faculdade é o único caminho?" Era uma lata de minhocas que Kara quase certamente se arrependeria de ter aberto, mas ela também tinha ouvido falar muito sobre esse assunto com o sobrinho. O suficiente para saber que ele estava totalmente contra voltar para cursar o ensino superior. "Existem outras maneiras de ter sucesso na vida que não envolvem quatro anos de faculdade e uma vida inteira de dívidas apenas para atravessar um palco e pegar um pedaço de papel enrolado."

"Você parece meu filho." Os lábios de Lois formaram um beicinho, mas ela não parecia zangada, apenas preocupada e sem paciência. "Com o futuro da indústria de laticínios no ar, preciso que ele perceba que precisa de educação para fazer algo para si mesmo."

"Ele está indo muito bem como meu número dois na fábrica", garantiu Kara, embora soubesse qual era o cerne da preocupação de Lois. Ser o segundo responsável não significava nada se não houvesse uma fábrica para administrar. "Os clientes o amam. Os agricultores estão sempre dando tapinhas nas costas dele. Ele se adapta a todos."

"Você foi para a faculdade. O mesmo aconteceu com suas irmã e com suas primas. Mas não eu. E meu Clark também não. Casamos jovens e Clark se alistou no exército só para que pudéssemos sobreviver." A voz de Lois estava tensa como sempre acontecia quando ela falava sobre o marido que havia perdido há tanto tempo. "Olha o que aconteceu lá."

"Kal não tem intenção de ingressar no exército, se é isso que a preocupa."

Lois mordeu o lábio inferior, a tensão evidente em seus ombros curvados. "Estou preocupada com o futuro financeiro dele. Todos os nossos futuros."

"Eu sei. É por isso que estou lutando tanto para salvar o negócio." Kara colocou a ponta do lençol de baixo no colchão, lutando contra a vontade de se esticar e fechar os olhos. A pressão constante que ela exercia sobre si mesma era exaustiva.

"Tem certeza de que a longo prazo não seria melhor vender? É muito dinheiro, Kara."

Kara considerou a pergunta de Lois em silêncio enquanto estendia o lençol sobre a cama e começava a dobrá-lo. Ela não tinha dúvidas de que o resto da família estava inclinada na mesma direção. Parte dela não podia nem culpá-los.

Se aceitassem o acordo, todos na família receberiam um generoso pagamento único. Seria um pé-de-meia, mas quanto tempo duraria? Não era como se a zona rural de Vermont estivesse repleta de oportunidades de emprego. Sua família unida poderia muito bem acabar espalhada aos quatro ventos.

Por outro lado, modernizar e fazer crescer o negócio exigiria cada centavo que eles tinham, e muito mais. E não havia garantias de que o risco compensaria. Se falhasse, eles ficariam sem nada. Kara foi uma tola ao pedir à família que arriscasse tudo em uma proposta que poderia não dar certo?

KARLENA - Tudo, queijo!Onde histórias criam vida. Descubra agora