Capítulo 9

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"Chegamos." A voz de Kara falhou quando ela estacionou a caminhonete no topo de sua longa e inclinada entrada de automóveis.

"Lar doce lar," Lena disse, sentindo instantaneamente a necessidade de alterar suas palavras. "Sua casa, quero dizer. Não minha, naturalmente. Quer dizer, parece tão diferente quando, você sabe, não está chovendo."

Uau. Ela poderia ter soado mais estranha? Lena se repreendeu mentalmente pelo tropeço verbal e forçou um sorriso falso. Exatamente uma semana atrás, elas chegaram à cabana de Kara em circunstâncias muito diferentes. Embora o tempo estivesse pior, todo o resto parecia mais seguro daquela vez.

Não, mais seguro não era a palavra. Mais fácil. Havia uma certa simplicidade quando elas não se conheciam e não tinham consciência de todos os motivos pelos quais deveriam ficar longe uma da outra.

Antes que Lena pudesse lançar a lista completa pela centésima vez naquele dia, Chester choramingou na traseira da caminhonete, querendo ser libertado.

Kara abriu a porta do motorista com um rangido lento e saiu a contragosto. Ela apoiou a mão na lateral da caminhonete por um momento antes de finalmente soltá-la e bater a porta, como se estivesse relutante em deixar a segurança de seu veículo.

Lena dificilmente poderia culpar Kara por hesitar. Afinal, entrar na pequena cabana certamente desencadearia uma enxurrada de lembranças da noite que passaram juntas. A presença de Lena provavelmente seria um lembrete indesejável do erro que cometeram. E agora elas teriam que passar uma semana inteira juntas neste espaço apertado?

Estranhamente, Chester ficou no carro com Lena.

Respirando fundo, Lena reuniu todas as suas forças apenas para abrir a porta. Ela agarrou a coleira de Chester e saiu da caminhonete, tentando não imaginar o que deveria estar passando pela cabeça de Kara.

"Você pode deixá-lo fora da coleira." Kara pegou a bagagem de Lena na traseira da caminhonete.

Assim que libertou Chester, Lena avançou em direção à bolsa, estendendo a mão. "Eu posso—"

Kara interrompeu Lena com uma voz rouca: "Está tudo bem. Estou acostumada com isso."

Acostumada com o quê? Lena se perguntou. Ter mulheres com quem ela teve uma noite chegando aleatoriamente para ficar em sua casa?

O pensamento enviou uma onda inesperada de ciúme através de Lena, o que a fez sentir-se ridícula. Ela não tinha o direito de ser possessiva com Kara. Mas enquanto observava Kara carregando sua bagagem para dentro da cabine, Lena não pôde deixar de sentir uma pontada de algo que não conseguia identificar.

Era saudade? Arrependimento? Ou talvez fosse apenas um enjôo persistente após a longa viagem de Uber de Boston. Havia uma primeira vez para tudo.

"Não é tarde demais para eu ir atrás de um hotel", Lena ofereceu enquanto pegava novamente suas malas.

Como antes, Kara acenou para ela. "Mesmo se você conseguisse encontrar um lugar neste último minuto, como você se locomoveria a semana toda sem carro? Ainda não consigo acreditar que você pegou um táxi de Boston até aqui."

"Era um Uber. E eu não tenho carro próprio", disse Lena em sua defesa. Ela podia perceber como suas ações, tão normais na cidade, não deveriam ser aceitas por alguém como Kara. Mas foi uma escolha razoável. "A tarifa não era muito maior do que um aluguel e, depois da semana passada, eu não estava muito interessado em dirigir. Sua mãe se ofereceu para me levar aonde eu precisasse quando eu chegasse."

"E agora, eu irei."

Lena engoliu em seco, incapaz de responder. Se ela estava preocupada com a possibilidade de Kara querer continuar de onde pararam na semana anterior, Lena agora sabia. A mulher claramente a considerava um fardo.

KARLENA - Tudo, queijo!Onde histórias criam vida. Descubra agora