Capítulo 2

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A caminhonete de Kara saltou na estrada acidentada que levava à cidade, uma superfície já mal pavimentada, agravada pelos destroços que a tempestade continuava a arrastar para o caminho. Ela nunca tinha visto uma tempestade como esta, mais chuva em poucas horas do que normalmente choveria em um mês, sem nenhum sinal de que iria diminuir tão cedo.

Antes de ir para a cidade, Kara ligou para a sua família para garantir que eles ficassem em casa. Todos estavam sãos e salvos, o que tirava pelo menos um peso da mente de Kara. Considerando o que o rio normalmente plácido tinha feito ao carro da sua nova companheira, ela não pôde deixar de se perguntar o que mais esta tempestade poderia trazer.

"Me responda uma coisa," Kara espiou as pernas expostas de Lena, notando os arrepios se formando na pele sedutoramente lisa da mulher. Apesar do traje formal sofisticado, a mulher parecia ser vários anos mais nova que Kara e, aparentemente, não tinha ideia de como se vestir para o mau tempo. "Você sempre tenta atravessar um rio com um vestido de festa?"

"Todo mundo não tenta atravessar assim? Embora, para ser justa, eu não tinha ideia de que era um rio quando tentei atravessá-lo. Com a visibilidade limitada, parecia igual a todas as outras estradas inundadas."

"Suponho que isso faça sentido", admitiu Kara. "Claramente, você não é daqui."

"Isso é outra crítica à minha escolha de guarda-roupa?" Lena riu, o som fazendo cócegas nos ouvidos de Kara. "Minha mãe sempre me disse para usar roupas íntimas limpas para o caso de sofrer um acidente, para não ficar envergonhada se uma ambulância chegasse. Mas sou uma pessoa que gosta de experimentar coisas novas e gostaria de ver como seria."

"Estou feliz que você não precisou dos paramédicos", respondeu Kara com um pequeno sorriso, seu olhar demorando-se nas pernas de Lena. O vestido estava encharcado e aderia a cada curva, deixando pouco para a imaginação.

"Eu também." Um arrepio pareceu passar pelo corpo de Lena, dada a forma como os arrepios se multiplicaram, como se ela estivesse pensando em como as coisas poderiam ter sido piores. "Chester é um daqueles cachorros com um barril de uísque no pescoço? Acho que eu posso beber um pouco agora."

Kara riu ao lado de Lena. Ela não podia negar que achava refrescante o senso de humor e a atitude despreocupada de Lena. Atraente, até, algo que Kara não experimentava há mais tempo do que conseguia se lembrar. A mulher devia estar infeliz com suas roupas molhadas e assustada, mas ainda assim conseguiu amenizar a situação. Kara achou essa coragem atraente.

"Infelizmente, Chester não está carregando nenhuma bebida consigo, mas posso ter algo em minha casa que possa aquecê-la", sugeriu Kara, sua voz assumindo um tom sensual que a pegou de surpresa.

Lena ergueu uma sobrancelha, um sorriso brincalhão aparecendo em seus lábios. "Oh sério? E o que poderia ser isso?" Ela olhou para Kara por baixo dos cílios grossos.

O rosto de Kara esquentou como um forno de tijolos quando ela percebeu as muitas maneiras inadequadas como seu comentário poderia ter sido interpretado.

Ela limpou a garganta e tentou manter a voz leve e indiferente. "Você sabe, como cobertores e uma muda de roupa." Seu coração bateu forte com a insinuação não intencional que havia envolvido sua declaração anterior.

Lena riu, com um brilho malicioso nos olhos. "Não sei, cobertores e roupas parecem muito chatos. Mas acho que é melhor do que pegar hipotermia." Ela colocou uma mecha de cabelo molhado atrás da orelha. "Talvez possamos adicionar um pouco de uísque também?"

"Verei o que posso fazer." Kara agarrou o volante com força enquanto contornava um galho na estrada, tentando não deixar transparecer o quanto a provocação de Lena a estava afetando. "O que te trouxe em um dia como este?"

KARLENA - Tudo, queijo!Onde histórias criam vida. Descubra agora