Capítulo 15

146 27 9
                                    




"Você realmente não precisava me levar até Boston." Lena se mexeu no banco do passageiro da caminhonete vermelha de Kara enquanto ela percorria um trecho relativamente vazio da Rota 2, a oeste de Boston. Era um dia depois do Dia de Ação de Graças e as estradas estavam surpreendentemente silenciosas.

"Eu sei que não precisava, mas eu queria." Kara olhou para Lena e lançou-lhe um sorriso malicioso. "Além disso, nos deu mais tempo juntas. Parecia bobagem mandar você de Uber quando eu mesmo poderia trazê-la e finalmente ver onde você mora. É justo."

"Eu aprecio isso, sério. E estou feliz por podermos passar o fim de semana juntas." Lena fez uma rápida comparação mental entre a cabana aconchegante de Kara e seu apartamento apertado, sentindo vontade de se encolher. "Contanto que você mantenha a mente aberta."

"Normalmente mantenho a mente aberta, mas admito que estou mais do que um pouco intrigada." Kara olhou brevemente para Lena antes de retornar aqueles olhos misteriosos para a estrada. "Esse será um daqueles casos em que você mora secretamente em uma mansão e tenta minimizar isso?"

Lena riu do quão longe isso estava da verdade. "Difícilmente, não."

Kara arqueou uma sobrancelha. "Para que devo me preparar? Uma barraca em um parque?"

Lena riu novamente. "Nada disso, mas também não é uma cabana linda na floresta. Basta lembrar que Boston é ridiculamente cara."

Kara pegou a mão de Lena. "Entendo. A única coisa de que me lembro sobre Boston são os preços altíssimos. Quem cobra sete dólares pela Bud Light?"

"Quem bebe Bud Light?" Lena questionou em troca. "Certamente não você. Não esqueci nossa noite na cervejaria, você sabe."

Ela também não havia esquecido o que se seguiu, a noite apaixonada que passaram juntas naquele hotel em Brattleboro. Dizer adeus na manhã seguinte só foi possível porque Lena sabia que o Dia de Ação de Graças estava chegando.

"Minha ex bebia Bud Light."

Lena queria pressionar, mas elas haviam chegado aos limites do tráfego de Boston e Kara já estava com os nós dos dedos no volante.

"Filho da puta!" Kara gritou com o BMW que a interrompeu quando ela entrou na rotatória. "Também me lembro disso sobre Boston. Os motoristas são os piores."

"Dirigir nesta cidade é um esporte de contato total." As entranhas de Lena se apertaram. "É a parte que menos gosto de viver na cidade."

"Você não tem carro."

"Verdade. Embora com meus pais sempre viajando", observou Lena, "eu podia usar o carro da minha mãe, desde que estivesse disposta a ir até o depósito e buscá-lo".

"Ainda não consigo acreditar que seus pais se aposentaram, venderam a casa e fizeram uma viagem ao redor do mundo", comentou Kara enquanto desviava para evitar um ciclista que decidiu atravessar a rua sem avisar. "Duzentas e setenta e quatro noites de férias é uma loucura."

"Ainda não consigo acreditar que joguei o carro da minha mãe em um rio", disse Lena com uma risada seca. "Isso foi uma loucura. Não foi meu melhor momento, com certeza."

"Não tenho certeza sobre isso. Isso me deu uma chance de resgatar você."

"Qual foi definitivamente um dos melhores momentos da minha vida", disse Lena com um sorriso, estendendo a mão para apertar a mão de Kara. "Ainda não consigo acreditar na sorte que tenho de estar aqui com você agora."

Kara sorriu de volta, seus olhos brilhando. "Você está certa, você tem sorte. Eu sou incrível."

Lena riu e se inclinou para dar um beijo suave no ombro de Kara. "Sua modéstia é de longe a sua melhor qualidade."

KARLENA - Tudo, queijo!Onde histórias criam vida. Descubra agora